Correio Braziliense: O seu livro já vendeu 31 mil cópias, segundo a informação da Objetiva. O livro tem uma vendagem boa para o histórico brasileiro, muito melhor do que se considera a bilheteria do filme. A que você atribui essa diferença: o livro ser um sucesso e o filme um fracasso?
Denise Paraná: Minha pesquisa biográfica sobre o presidente Lula já era um sucesso antes da realização do filme. Já havia sido publicada em vários países, e bem recebida pela crítica nacional e estrangeira. Foi citada nos principais jornais do mundo ocidental como New York Times (EUA), Le Monde, L´Humanite, Le Figaro (França), La Reppublica (Itália), The Guardian (Inglaterra), El País (Espanha) e emissoras como BBC, NBC e Al Jaazira.
Mesmo aqui no Brasil, os órgãos de imprensa que fizeram as críticas mais duras ao filme, antes, haviam elogiado muito meu livro. ( A Folha de São Paulo, por exemplo, publicou: “O livro de Denise Paraná é um trabalho magnífico. Ninguém produziu um retrato de Lula tão revelador” “Um memorável depoimento.” A Revista Veja escreveu “Lula, o filho do Brasil, é um retrato magistral da trajetória política, pessoal e familiar do presidente”.“Um livro monumental”.)
É muito bom ver meu livro ser tão valorizado no mundo todo.
Em relação ao filme, houve uma estratégia equivocada de lançamento: exibi-lo junto com o maior recorde de bilheteria da história do cinema, o Avatar. Também não era um filme para estrear em janeiro, época propícia para comédias e filmes infantis.
Há muita gente na imprensa repetindo que o filme foi um fracasso, mas não foi. Não bateu recordes de bilheteria, como alguns anteviram, mas isso, de modo algum, significa fracasso. No Brasil, a média de espectadores para filmes nacionais de qualidade é de 220 mil. “Lula, o filho do Brasil”, já bateu 800 mil e ainda está em cartaz. Deve chagar a um milhão de espectadores, ou seja, quatro vezes mais do que a média. Só para se ter uma idéia, o último filme do Daniel Filho, com Tony Ramos no elenco, produzido pela Globo Filmes, teve 90 mil espectadores. E era um filme muito bom. Então, onde há fracasso?
É possível transferir o apelo popular do presidente Lula para as páginas de um livro?
Denise Paraná: Não, carisma é uma coisa intransferível.
Você que conhece o presidente acha que ele é uma figura facilmente vendável?
Denise Paraná: Não sei o que você quer dizer com “vendável”. Posso dizer que o presidente é muito carismático, que mobiliza muito as pessoas, dificilmente é ignorado por onde passa. Mas isso não significa que sua imagem possa ser transformada num produto que seja rentável do ponto de vista financeiro.
Hoje existem mais livros na praça do presidente Lula do que edições sobre times de futebol como o Flamengo e o Corinthians. Os escritores e os editores estão tentando surfar na onda da popularidade do Lula para alavancar vendagens?
Denise Paraná: Há publicações bastante oportunistas, sim. É uma pena. Várias são compilações de pesquisas realizadas por outras pessoas, de material que saiu na imprensa reeditado em tom sensacionalista. Algumas podem até vender bastante, mas terão vida curta, porque não se sustentam como bons livros.
Há um apelo sentimental na história de Lula, no brasileiro retirante pobre que chegou a presidente da República?
Denise Paraná: Há algo muito maior do que um apelo sentimental. Sua história de vida é simplesmente fantástica, uma trajetória de superação inigualável. E, mais do que isso, é o retrato vivo de todo o povo brasileiro, com suas limitações e possibilidades.
A principal crítica ao filme é que ele criou um personagem irreal, com Lula quase como um santo. Pessoas que conviveram com ele na época do sindicato dizem que Lula era uma figura bem mais bruta do que o personagem que aparece no filme do Fábio Barreto. Há um descompasso nas histórias do livro e do filme? Houve uma tentativa de "beatificar" o presidente?
Denise Paraná: O filme é uma leitura que o diretor Fábio Barreto fez da biografia “Lula, o filho do Brasil”, escrita por mim. Ou seja, é o olhar do Fábio a respeito de uma história de vida. E esta leitura se prendeu muito à vida real, portanto, ao livro, às entrevistas que Lula e sua família me concederam. Por isso acredito que o Fábio foi muito feliz.
Há uma série de fatos “heróicos” na vida do Lula, que foram reais, que não entraram no filme. Fábio não beatificou Lula, pelo contrário, expôs uma série de fragilidades suas.
O filme foi criticado por setores politicamente conservadores por ter beatificado Lula e foi, ao mesmo tempo, criticado por setores progressistas por ter apresentado um Lula fraco, menor do que realmente é. Quase toda a crítica feita ao filme tem um viés político, quase ninguém conseguiu analisar o filme como aquilo que ele verdadeiramente é, uma obra cinematográfica. Sem julgar o presidente Lula que está agora no poder. Este filme só vai ser “visto” de verdade no futuro, quando as paixões políticas em torno do Lula esfriarem um pouco.
É possível apontar os erros do filme?
Denise Paraná: Sim, claro, tudo o que é humano é imperfeito. Mas neste filme, as qualidades superam as imperfeições. Como o filme já foi muito bombardeado com críticas superficiais e tendenciosas, prefiro deixar minha crítica para o futuro, quando, espero, o fogo das paixões já tenha diminuído e ele possa ser realmente “visto” com suas qualidades e defeitos reais.
Mesmo aqui no Brasil, os órgãos de imprensa que fizeram as críticas mais duras ao filme, antes, haviam elogiado muito meu livro. ( A Folha de São Paulo, por exemplo, publicou: “O livro de Denise Paraná é um trabalho magnífico. Ninguém produziu um retrato de Lula tão revelador” “Um memorável depoimento.” A Revista Veja escreveu “Lula, o filho do Brasil, é um retrato magistral da trajetória política, pessoal e familiar do presidente”.“Um livro monumental”.)
É muito bom ver meu livro ser tão valorizado no mundo todo.
Em relação ao filme, houve uma estratégia equivocada de lançamento: exibi-lo junto com o maior recorde de bilheteria da história do cinema, o Avatar. Também não era um filme para estrear em janeiro, época propícia para comédias e filmes infantis.
Há muita gente na imprensa repetindo que o filme foi um fracasso, mas não foi. Não bateu recordes de bilheteria, como alguns anteviram, mas isso, de modo algum, significa fracasso. No Brasil, a média de espectadores para filmes nacionais de qualidade é de 220 mil. “Lula, o filho do Brasil”, já bateu 800 mil e ainda está em cartaz. Deve chagar a um milhão de espectadores, ou seja, quatro vezes mais do que a média. Só para se ter uma idéia, o último filme do Daniel Filho, com Tony Ramos no elenco, produzido pela Globo Filmes, teve 90 mil espectadores. E era um filme muito bom. Então, onde há fracasso?
É possível transferir o apelo popular do presidente Lula para as páginas de um livro?
Denise Paraná: Não, carisma é uma coisa intransferível.
Você que conhece o presidente acha que ele é uma figura facilmente vendável?
Denise Paraná: Não sei o que você quer dizer com “vendável”. Posso dizer que o presidente é muito carismático, que mobiliza muito as pessoas, dificilmente é ignorado por onde passa. Mas isso não significa que sua imagem possa ser transformada num produto que seja rentável do ponto de vista financeiro.
Hoje existem mais livros na praça do presidente Lula do que edições sobre times de futebol como o Flamengo e o Corinthians. Os escritores e os editores estão tentando surfar na onda da popularidade do Lula para alavancar vendagens?
Denise Paraná: Há publicações bastante oportunistas, sim. É uma pena. Várias são compilações de pesquisas realizadas por outras pessoas, de material que saiu na imprensa reeditado em tom sensacionalista. Algumas podem até vender bastante, mas terão vida curta, porque não se sustentam como bons livros.
Há um apelo sentimental na história de Lula, no brasileiro retirante pobre que chegou a presidente da República?
Denise Paraná: Há algo muito maior do que um apelo sentimental. Sua história de vida é simplesmente fantástica, uma trajetória de superação inigualável. E, mais do que isso, é o retrato vivo de todo o povo brasileiro, com suas limitações e possibilidades.
A principal crítica ao filme é que ele criou um personagem irreal, com Lula quase como um santo. Pessoas que conviveram com ele na época do sindicato dizem que Lula era uma figura bem mais bruta do que o personagem que aparece no filme do Fábio Barreto. Há um descompasso nas histórias do livro e do filme? Houve uma tentativa de "beatificar" o presidente?
Denise Paraná: O filme é uma leitura que o diretor Fábio Barreto fez da biografia “Lula, o filho do Brasil”, escrita por mim. Ou seja, é o olhar do Fábio a respeito de uma história de vida. E esta leitura se prendeu muito à vida real, portanto, ao livro, às entrevistas que Lula e sua família me concederam. Por isso acredito que o Fábio foi muito feliz.
Há uma série de fatos “heróicos” na vida do Lula, que foram reais, que não entraram no filme. Fábio não beatificou Lula, pelo contrário, expôs uma série de fragilidades suas.
O filme foi criticado por setores politicamente conservadores por ter beatificado Lula e foi, ao mesmo tempo, criticado por setores progressistas por ter apresentado um Lula fraco, menor do que realmente é. Quase toda a crítica feita ao filme tem um viés político, quase ninguém conseguiu analisar o filme como aquilo que ele verdadeiramente é, uma obra cinematográfica. Sem julgar o presidente Lula que está agora no poder. Este filme só vai ser “visto” de verdade no futuro, quando as paixões políticas em torno do Lula esfriarem um pouco.
É possível apontar os erros do filme?
Denise Paraná: Sim, claro, tudo o que é humano é imperfeito. Mas neste filme, as qualidades superam as imperfeições. Como o filme já foi muito bombardeado com críticas superficiais e tendenciosas, prefiro deixar minha crítica para o futuro, quando, espero, o fogo das paixões já tenha diminuído e ele possa ser realmente “visto” com suas qualidades e defeitos reais.
Um comentário:
Sem menosprezar o filme sobre o presidente Lula nem compará-lo com Se eu fosse você, pois são duas categorias de filme completamente diferentes, ocorre que a entrevistada cometeu um erro quanto ao número de espectadores do "último filme do Daniel Filho, com Tony Ramos no elenco". Foram 5 milhões e não 90 mil.
Abraço
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