ESTADÃO: A despedida de Dilma Rousseff no comando da Casa Civil, no fim deste mês, indicará o tom que o governo quer imprimir à temporada inicial da campanha de sua candidata ao Palácio do Planalto. A equipe do PT tentará a todo custo popularizar a imagem da ministra - ainda desconhecida de metade do eleitorado - e, ao mesmo tempo, carimbá-la como a mulher com capacidade de resolver problemas e apontar soluções.
O roteiro que Dilma cumprirá, nos últimos dez dias de governo, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reflete com todas as letras a estratégia traçada pelo comando petista. A maratona de viagens inclui visita à favela de Paraisópolis - a segunda maior de São Paulo -, no próximo dia 25, para uma cerimônia de licenciamento de rádios comunitárias e inauguração de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Encravada no Morumbi, Paraisópolis tem cerca de 80 mil moradores e só perde em tamanho para a favela de Heliópolis, também na zona sul. A urbanização, ali, é obra do PAC, carro-chefe da campanha de Dilma, e teve parceria entre governo federal, Prefeitura e Estado, comandado por José Serra - pré-candidato do PSDB à sucessão de Lula.
Do palanque popular na maior cidade do País, Dilma irá para o sul da Bahia, onde vestirá novamente o figurino da mulher capaz de cuidar de temas intrincados, como energia elétrica. Vinte e quatro horas após receber na favela "a mesma força do povo" conferida a Lula - como diz um de seus jingles, copiando refrão da música que embalou a reeleição do presidente, em 2006 -, a ministra participará da cerimônia de inauguração de um gasoduto em Itabuna (BA).
O lançamento da segunda edição do PAC, previsto para o dia 29, embalará o discurso de Dilma até a eleição de outubro. Ao encarnar o pós-Lula, a chefe da Casa Civil vai pregar um novo projeto nacional de desenvolvimento, com Estado forte, e bater na tecla de que é necessário transformar crescimento em prosperidade. Em conversas reservadas, auxiliares do presidente dizem, porém, que o Brasil não pode crescer mais do que 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para não haver repique inflacionário.Grandes Cidades - "As políticas sociais serão temas essenciais nesta campanha", afirma o ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha. "Vamos dar prioridade à qualidade da educação, à saúde e aos problemas das grandes cidades." Para Marco Aurélio Garcia, assessor de Assuntos Internacionais da Presidência e coordenador da plataforma de Dilma, quem está sofrendo não quer saber se o sofrimento é da alçada "municipal, estadual ou federal".
Feito sob medida para ser anunciado como último ato sob a coordenação de Dilma no governo, o PAC 2 terá investimentos na casa de R$ 600 bilhões e forte ingrediente eleitoral. Na tentativa de conquistar o voto feminino, a ministra incluiu no programa a construção de 6 mil creches - 1,5 mil por ano - no período de 2011 a 2014.
"Se nós quisermos, de fato, enfrentar a desigualdade na raiz, temos de tratar da questão da creche no primeiro ano de vida das nossas crianças", insiste ela, de olho no apoio das mulheres.
Sempre acompanhada por Lula, Dilma encerrará o périplo na condição de chefe da Casa Civil no dia 31, quando visitará Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG). As cidades não foram escolhidas por acaso: a ministra, que nasceu na capital de Minas, construiu carreira no Rio Grande do Sul após cumprir pena de três anos como presa política.A origem mineira da candidata será destacada na campanha. Após passar o bastão da Casa Civil para Erenice Guerra, atual secretária executiva, Dilma fará roteiro afetivo pela região das Alterosas, reencontrando a família e locais onde viveu e estudou, como o Estadual Central, de grande efervescência política nos anos 60. Ela já capricha no sotaque. "Eu, hein, Rosa?", brincou há três dias, na abertura da Conferência de Cultura, usando expressão comum em Minas.
Do palanque popular na maior cidade do País, Dilma irá para o sul da Bahia, onde vestirá novamente o figurino da mulher capaz de cuidar de temas intrincados, como energia elétrica. Vinte e quatro horas após receber na favela "a mesma força do povo" conferida a Lula - como diz um de seus jingles, copiando refrão da música que embalou a reeleição do presidente, em 2006 -, a ministra participará da cerimônia de inauguração de um gasoduto em Itabuna (BA).
O lançamento da segunda edição do PAC, previsto para o dia 29, embalará o discurso de Dilma até a eleição de outubro. Ao encarnar o pós-Lula, a chefe da Casa Civil vai pregar um novo projeto nacional de desenvolvimento, com Estado forte, e bater na tecla de que é necessário transformar crescimento em prosperidade. Em conversas reservadas, auxiliares do presidente dizem, porém, que o Brasil não pode crescer mais do que 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para não haver repique inflacionário.Grandes Cidades - "As políticas sociais serão temas essenciais nesta campanha", afirma o ministro das Relações Institucionais Alexandre Padilha. "Vamos dar prioridade à qualidade da educação, à saúde e aos problemas das grandes cidades." Para Marco Aurélio Garcia, assessor de Assuntos Internacionais da Presidência e coordenador da plataforma de Dilma, quem está sofrendo não quer saber se o sofrimento é da alçada "municipal, estadual ou federal".
Feito sob medida para ser anunciado como último ato sob a coordenação de Dilma no governo, o PAC 2 terá investimentos na casa de R$ 600 bilhões e forte ingrediente eleitoral. Na tentativa de conquistar o voto feminino, a ministra incluiu no programa a construção de 6 mil creches - 1,5 mil por ano - no período de 2011 a 2014.
"Se nós quisermos, de fato, enfrentar a desigualdade na raiz, temos de tratar da questão da creche no primeiro ano de vida das nossas crianças", insiste ela, de olho no apoio das mulheres.
Sempre acompanhada por Lula, Dilma encerrará o périplo na condição de chefe da Casa Civil no dia 31, quando visitará Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG). As cidades não foram escolhidas por acaso: a ministra, que nasceu na capital de Minas, construiu carreira no Rio Grande do Sul após cumprir pena de três anos como presa política.A origem mineira da candidata será destacada na campanha. Após passar o bastão da Casa Civil para Erenice Guerra, atual secretária executiva, Dilma fará roteiro afetivo pela região das Alterosas, reencontrando a família e locais onde viveu e estudou, como o Estadual Central, de grande efervescência política nos anos 60. Ela já capricha no sotaque. "Eu, hein, Rosa?", brincou há três dias, na abertura da Conferência de Cultura, usando expressão comum em Minas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário