Luis Nassif: O modelo de atuação é idêntico ao famoso Relatório do Ministério Público italiano, permanentemente levantado pelo lobby jornalístico de Daniel Dantas – especialmente a revista Veja – para atingir seus inimigos.
Esquematicamente, funciona assim:
1. Começa o inquérito. Apresenta-se, então, uma testemunha dentro do instituto da «delação premiada». Na condição de testemunha, fala o que quer.
2. No momento seguinte, cabe aos titulares do inquérito (procuradores federais) analisar tudo o que foi dito e considerar o que for consistente, jogando fora o que parecer inverossímil. Os elementos consistentes entram na denúncia; os inverossímeis fazem parte do copião.
3. A prova do pudim é simples: se deu o depoimento e ele não gerou um inquérito, é porque a autoridade ou concluiu que era falso ou não encontrou nenhuma prova que confirmasse o teor das acusações.
4. Quem banca o esquema, esconde essa informação do leitor e passa a divulgar o depoimento como se fosse oficial e aceito pelas autoridades. Dentro desse modelo, consegue-se qualquer coisa. Basta um fulano qualquer ir ao MP, declarar o que quiser, fazer a jogada que pretender. O MP não acata, mas divulga-se como sendo parte integrante do inquérito.
O relatório italiano
Vamos relembrar, primeiro, o tal Relatório Italiano:
Um agente do serviço de segurança da Telecom Italia, Marco Bernardini, se apresentou espontaneamente ao MP italiano e passou a distribuir acusações a vários inimigos de Dantas.
Cabe aos condutores do inquérito avaliar se as acusações têm consistência ou se são manobras de uma das partes.
O MP italiano jamais levou a sério suas versões, tanto que nada foi incluído no inquérito final.
Mas o relatório servia para montar escândalos no Brasil e ser utilizado como fator de constrangimento dos adversários de Dantas. Como se recorda, o principal instrumento de Dantas nesse episódio – Diogo Mainardi –, mostrou-se tão empenhado na missão de dar vida ao depoimento, que chegou a levar o relatório para um juiz.
Aqui o capítulo de «O Caso de Veja» referente ao tema: «O lobista de Dantas». Narra-se com detalhes o papel de Bernardini e da tal secretária-tradutora que teria incluído até o nome de Lula no seu depoimento.
Confira trecho da entrevista com Angelo Jannone, ex-chefe de Segurança da Telecom Italia, sobre como o esquema operava:
Trecho 1 – Jannone diz que o inquérito começou com declarações mentirosas de fontes. No começo não conseguiu entender. Depois, ficou mais claro. No início de sua “colaboração” com a justiça italiana, Bernardini ficou falando do Brasil. Ele não conhece o Brasil, nem tem cabeça refinada para falar o que falou. Imediatamente ele colocou nas suas declarações a idéia de uma Polícia Federal brasileira corrupta, de políticos corruptos, com Jannone como responsável. A coisa mais estranha é que no primeiro dia de interrogatório dele, entregou aos promotores, sem nada comentar, a famosa reportagem da Veja que falava de contas bancárias do presidente Lula, do chefe da Polícia Federal, Lacerda. Mas de forma estranha, sem comentar, como se outra pessoa tivesse dito a ele: se você vai lá, entrega isso. Continue lendo
1. Começa o inquérito. Apresenta-se, então, uma testemunha dentro do instituto da «delação premiada». Na condição de testemunha, fala o que quer.
2. No momento seguinte, cabe aos titulares do inquérito (procuradores federais) analisar tudo o que foi dito e considerar o que for consistente, jogando fora o que parecer inverossímil. Os elementos consistentes entram na denúncia; os inverossímeis fazem parte do copião.
3. A prova do pudim é simples: se deu o depoimento e ele não gerou um inquérito, é porque a autoridade ou concluiu que era falso ou não encontrou nenhuma prova que confirmasse o teor das acusações.
4. Quem banca o esquema, esconde essa informação do leitor e passa a divulgar o depoimento como se fosse oficial e aceito pelas autoridades. Dentro desse modelo, consegue-se qualquer coisa. Basta um fulano qualquer ir ao MP, declarar o que quiser, fazer a jogada que pretender. O MP não acata, mas divulga-se como sendo parte integrante do inquérito.
O relatório italiano
Vamos relembrar, primeiro, o tal Relatório Italiano:
Um agente do serviço de segurança da Telecom Italia, Marco Bernardini, se apresentou espontaneamente ao MP italiano e passou a distribuir acusações a vários inimigos de Dantas.
Cabe aos condutores do inquérito avaliar se as acusações têm consistência ou se são manobras de uma das partes.
O MP italiano jamais levou a sério suas versões, tanto que nada foi incluído no inquérito final.
Mas o relatório servia para montar escândalos no Brasil e ser utilizado como fator de constrangimento dos adversários de Dantas. Como se recorda, o principal instrumento de Dantas nesse episódio – Diogo Mainardi –, mostrou-se tão empenhado na missão de dar vida ao depoimento, que chegou a levar o relatório para um juiz.
Aqui o capítulo de «O Caso de Veja» referente ao tema: «O lobista de Dantas». Narra-se com detalhes o papel de Bernardini e da tal secretária-tradutora que teria incluído até o nome de Lula no seu depoimento.
Confira trecho da entrevista com Angelo Jannone, ex-chefe de Segurança da Telecom Italia, sobre como o esquema operava:
Trecho 1 – Jannone diz que o inquérito começou com declarações mentirosas de fontes. No começo não conseguiu entender. Depois, ficou mais claro. No início de sua “colaboração” com a justiça italiana, Bernardini ficou falando do Brasil. Ele não conhece o Brasil, nem tem cabeça refinada para falar o que falou. Imediatamente ele colocou nas suas declarações a idéia de uma Polícia Federal brasileira corrupta, de políticos corruptos, com Jannone como responsável. A coisa mais estranha é que no primeiro dia de interrogatório dele, entregou aos promotores, sem nada comentar, a famosa reportagem da Veja que falava de contas bancárias do presidente Lula, do chefe da Polícia Federal, Lacerda. Mas de forma estranha, sem comentar, como se outra pessoa tivesse dito a ele: se você vai lá, entrega isso. Continue lendo
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