Vinícius da Silva
As eleições estaduais de São Paulo deste ano ocorrem em situação muito similar às da Bahia em 2006, quando derrotamos o carlismo e sepultamos um dos mais reacionários pólos da política nacional. Compreendendo as semelhanças e diferenças destes dois momentos, o PT pode elaborar uma estratégia vitoriosa para o Palácio dos Bandeirantes.
Naquele ano, o DEM governava a Bahia havia dezesseis anos, os mesmos quatro mandatos que o PSDB governa o maior estado da federação. Jaques Wagner parecia ser a única pessoa a acreditar em nossa vitória; o próprio presidente Lula o aconselhara a não sair do ministério, pois cria em mais uma derrota para Paulo Souto. Mas as condições da disputa davam (e deram) razão a Wagner.
Desalojado do governo federal desde 2002, as forças ligadas ao senador de triste memória tinham perdido também a prefeitura da capital, ainda que detivesse a maior parte das prefeituras no interior. O desgaste de quatro administrações privatistas que só aumentavam a concentração de renda e proliferavam a pobreza e desemprego permitiu o deslocamento de forças que apoiavam os sucessivos governos do antigo PFL.
Wagner montou a maior coligação com a qual disputamos as eleições baianas. Isso serviu de alento para a militância petista e dos demais partidos de esquerda ou centro que nos apoiaram. Pela primeira vez, tivemos mais tempo de propaganda do que nossos adversários, que não contavam com a máquina federal a seu favor.
Aqui em São Paulo, o PT tem a possibilidade de construir um amplo arco de alianças que pode determinar a nossa vitória. Nas negociações para a construção de Ciro Gomes ao governo, agregamos oito partidos, sendo que alguns foram deslocados da esfera de influência tucana, inclusive o PSB.
O PSDB parece estar perdendo aliados para a batalha eleitoral que se avizinha. Alguns partidos estão optando por uma construção conosco nessa disputa; outros, ensaiam uma candidatura própria. O PSB é o caso mais notável disso.
Os socialistas estão se organizando em torno do presidente da FIESP, Paulo Skaf, ao governo e o vereador mais votado de São Paulo, Gabriel Chalita, para o senado. Considerando que Skaf foi um dos mais aguerridos defensores do fim da CPMF e Chalita foi secretário de educação e vereador eleito pelo PSDB, podemos considerá-los como baixas significativas no campo tucano. Nossos inimigos estão perdendo aliados que, se não compuserem conosco num primeiro momento, assumirão uma neutralidade na disputa, o que nos favorece.
Lançando Aloísio Mercadante ao governo e Marta Suplicy ao senado, apresentamos uma chapa fortíssima para o embate. Mercadante recebeu 32% dos votos na última eleição, onde o episódio do dossiê às vésperas da eleição nos prejudicou e muito; poderíamos ter tido uma votação ainda maior. E Marta tem uma prefeitura muito bem avaliada na capital, o que a torna uma das favoritas a uma cadeira ao senado.
Além disso, José Serra, que nos derrotou em 2004 e 2006, está fora da disputa estadual. Serra é a última liderança nacional do governo FHC, o nome mais forte do PSDB de São Paulo, comprovado pelas últimas eleições. Qualquer candidato que o PSDB apresente – Geraldo Alckmin ou Aloísio Nunes Ferreira – é um candidato mais fraco a ser batido.
O PT está fechando os apoios do PDT e PCdoB, dois partidos importantes da esquerda brasileira e paulista. Podemos fechar ainda o apoio dos outros quatro partidos menores que estavam conosco no projeto Ciro. E temos a chance de coligar também com o PP e o PR. Mesmo que o PSB saia só, teremos que vários partidos importantes estarão no campo de oposição, o que nos coloca em condição de vitória.
Pesam contra o PSDB o caos no trânsito, os absurdos alagamentos que resultaram em mais de 70 mortes, os péssimos índices da educação, os mais de 200 postos de pedágio, a privataria que teve na venda da Nossa Caixa seu último ato, o surto de diarréia do Guarujá e outras tantas demonstrações do potencial nefasto da tese do Estado mínimo, sempre maquiado pelo PIG, o Partido da Imprensa Golpista.
Por óbvio, há muitas dessemelhanças também entre a situação baiana e paulista. A Bahia é um estado economicamente atrasado, com os maiores índices de analfabetismo, desemprego e desigualdade do país; São Paulo é o estado mais rico, mais desenvolvido, com a classe média mais forte. As contradições de classe assumem contornos diferentes aqui e lá.
Mas, assim como na Bahia em 2006, parece haver um cansaço com o projeto dominante em São Paulo que, há dezesseis anos, não consegue dar conta dos problemas mais graves do estado. Isso explica a ruptura de vários partidos que foram base desse projeto e o fato do ex-governador Alckmin ser novamente candidato contra a vontade de Serra, que teme a derrota com o seu secretário da casa civil. Somando-se a isso a forte candidatura de Mercadante capitaneando a oposição, teremos a nossa maior chance de vitória no estado.
São Paulo está nos dando uma grande oportunidade de um desfecho democrático e popular em outubro. Cabe ao PT e às demais forças de oposição montar uma estratégia eleitoral que demonstre a possibilidade de superar o neoliberalismo no governo paulista, fortalecendo os canais democráticos e estabelecendo um novo papel do estado como indutor do desenvolvimento.
Naquele ano, o DEM governava a Bahia havia dezesseis anos, os mesmos quatro mandatos que o PSDB governa o maior estado da federação. Jaques Wagner parecia ser a única pessoa a acreditar em nossa vitória; o próprio presidente Lula o aconselhara a não sair do ministério, pois cria em mais uma derrota para Paulo Souto. Mas as condições da disputa davam (e deram) razão a Wagner.
Desalojado do governo federal desde 2002, as forças ligadas ao senador de triste memória tinham perdido também a prefeitura da capital, ainda que detivesse a maior parte das prefeituras no interior. O desgaste de quatro administrações privatistas que só aumentavam a concentração de renda e proliferavam a pobreza e desemprego permitiu o deslocamento de forças que apoiavam os sucessivos governos do antigo PFL.
Wagner montou a maior coligação com a qual disputamos as eleições baianas. Isso serviu de alento para a militância petista e dos demais partidos de esquerda ou centro que nos apoiaram. Pela primeira vez, tivemos mais tempo de propaganda do que nossos adversários, que não contavam com a máquina federal a seu favor.
Aqui em São Paulo, o PT tem a possibilidade de construir um amplo arco de alianças que pode determinar a nossa vitória. Nas negociações para a construção de Ciro Gomes ao governo, agregamos oito partidos, sendo que alguns foram deslocados da esfera de influência tucana, inclusive o PSB.
O PSDB parece estar perdendo aliados para a batalha eleitoral que se avizinha. Alguns partidos estão optando por uma construção conosco nessa disputa; outros, ensaiam uma candidatura própria. O PSB é o caso mais notável disso.
Os socialistas estão se organizando em torno do presidente da FIESP, Paulo Skaf, ao governo e o vereador mais votado de São Paulo, Gabriel Chalita, para o senado. Considerando que Skaf foi um dos mais aguerridos defensores do fim da CPMF e Chalita foi secretário de educação e vereador eleito pelo PSDB, podemos considerá-los como baixas significativas no campo tucano. Nossos inimigos estão perdendo aliados que, se não compuserem conosco num primeiro momento, assumirão uma neutralidade na disputa, o que nos favorece.
Lançando Aloísio Mercadante ao governo e Marta Suplicy ao senado, apresentamos uma chapa fortíssima para o embate. Mercadante recebeu 32% dos votos na última eleição, onde o episódio do dossiê às vésperas da eleição nos prejudicou e muito; poderíamos ter tido uma votação ainda maior. E Marta tem uma prefeitura muito bem avaliada na capital, o que a torna uma das favoritas a uma cadeira ao senado.
Além disso, José Serra, que nos derrotou em 2004 e 2006, está fora da disputa estadual. Serra é a última liderança nacional do governo FHC, o nome mais forte do PSDB de São Paulo, comprovado pelas últimas eleições. Qualquer candidato que o PSDB apresente – Geraldo Alckmin ou Aloísio Nunes Ferreira – é um candidato mais fraco a ser batido.
O PT está fechando os apoios do PDT e PCdoB, dois partidos importantes da esquerda brasileira e paulista. Podemos fechar ainda o apoio dos outros quatro partidos menores que estavam conosco no projeto Ciro. E temos a chance de coligar também com o PP e o PR. Mesmo que o PSB saia só, teremos que vários partidos importantes estarão no campo de oposição, o que nos coloca em condição de vitória.
Pesam contra o PSDB o caos no trânsito, os absurdos alagamentos que resultaram em mais de 70 mortes, os péssimos índices da educação, os mais de 200 postos de pedágio, a privataria que teve na venda da Nossa Caixa seu último ato, o surto de diarréia do Guarujá e outras tantas demonstrações do potencial nefasto da tese do Estado mínimo, sempre maquiado pelo PIG, o Partido da Imprensa Golpista.
Por óbvio, há muitas dessemelhanças também entre a situação baiana e paulista. A Bahia é um estado economicamente atrasado, com os maiores índices de analfabetismo, desemprego e desigualdade do país; São Paulo é o estado mais rico, mais desenvolvido, com a classe média mais forte. As contradições de classe assumem contornos diferentes aqui e lá.
Mas, assim como na Bahia em 2006, parece haver um cansaço com o projeto dominante em São Paulo que, há dezesseis anos, não consegue dar conta dos problemas mais graves do estado. Isso explica a ruptura de vários partidos que foram base desse projeto e o fato do ex-governador Alckmin ser novamente candidato contra a vontade de Serra, que teme a derrota com o seu secretário da casa civil. Somando-se a isso a forte candidatura de Mercadante capitaneando a oposição, teremos a nossa maior chance de vitória no estado.
São Paulo está nos dando uma grande oportunidade de um desfecho democrático e popular em outubro. Cabe ao PT e às demais forças de oposição montar uma estratégia eleitoral que demonstre a possibilidade de superar o neoliberalismo no governo paulista, fortalecendo os canais democráticos e estabelecendo um novo papel do estado como indutor do desenvolvimento.
Até para que novos baianos te possam curtir numa boa...
Vinicius da Silva é advogado, mestrando em direito pela USP e baiano.
Vinicius da Silva é advogado, mestrando em direito pela USP e baiano.
Fonte:PT Org.
Um comentário:
Concordo plenamente com esta matéria, acho que o PT tem que aproveitar esta oportunidade que se apresenta, deve até trazer pessoas de outros estados para trabalhar em São Paulo na campanha do Mercadante, pois se ele for bem votado irá também trazer votos para a Dilma.
Como a Dilma tem grandes chances de ganhar a presidência isto pode ajudar a angariar votos para o Mercadante e com bastante trabalho poderá garantir a sua eleição.
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