Durante muitos anos, a Rádio Jornal do Brasil – AM, do Rio, ficou conhecida pelo slogan “música e informação” , que consistia em, para cada sequência musical de três canções, um intervalo com as duas ou três notícias mais importantes do momento. De hora em hora um boletim de notícias de 5 minutos atualizava as últimas informações. E o carro-chefe da emissora, O Jornal do Brasil Informa, um noticiário completo com 15 minutos de duração, entrava em quatro edições diárias, 7:30, 12:30, 18:30 e 00:30.
Uma programação simples, onde entretenimento e informação conviviam harmoniosamente e em doses certas.
Para que a máquina funcionasse a contento, a JB-AM, como era conhecida, primou sempre pela escolha dos melhores profissionais do mercado, como aliás era a política do Grupo JB em seus tempos áureos. No jornalismo, uma redação exclusiva – que não se confundia com a do JB – contava com uns 40 profissionais qualificados. Na Discoteca, verdadeiros “experts” escolhiam, em cada suplemento que chegava das gravadoras, quais as canções que mereciam figurar no listing, sem o famoso “jabá”, que em linguagem direta significa o recebimento de dinheiro para executar a música, coisa que já havia naquela época discretamente e hoje virou rotina nas rádios e TVs. E no microfone as vozes mais conhecidas do Rio. Era corrente dizer-se que os ouvintes encontravam a JB-AM no dial pela música ou pela voz do locutor. .
Só não se pode dizer que esse modelo de programação foi perfeito, porque o jornalismo foi muito prejudicado pela rigorosa censura da ditadura militar, sobretudo no período de 1964 a 1980, os chamados anos de chumbo. O Comando do I Exército e o DOPS eram os principais fornecedores de proibições. Havia na redação um livro de capa preta, desses de folhas soltas, onde eram arquivadas as ordens que chegavam com uma frequência quase diária. Eram geralmente proibições de noticiar um ou outro evento popular ou tocar determinada música que os militares considerassem “subversiva”.
Eventualmente, sabia-se que algum “aparelho subversivo” havia sido “estourado” e militantes tinham sido mortos porque, por ingenuidade ou não, da proibição constava algo como “é proibido noticiar a morte do terrorista fulano de tal depois de uma troca de tiros com as forças de segurança”. E aí era fácil deduzir que alguém fora executado. .
Em 1968, no Rio, um modesto estudante secundário de 16 anos, Edison Lima Souto, foi morto com um tiro no peito durante manifestação no Restaurante do Calabouço, que já não existe. A morte do Edison provocou uma onda de protestos que começou em abril e só foi terminar no dia 12 de dezembro daquele ano com a divulgação do famoso AI-5. A JB-AM cobriu as manifestações com os recursos disponíveis na época. Não havia celular e os repórteres usavam um gravador para registrar entrevistas e, eventualmente, o som ambiente do que estava acontecendo.
Pois foi o tal som ambiente que colocou a rádio no gancho. A fita chegou da rua com a matéria do repórter e na edição o técnico encerrou com um “sobe som” do ambiente exatamente quando os manifestantes gritavam “assassinos, assassinos”. Este simples rabicho de 2 a 3 segundos no final reportagem que chamamos de “sobe som” custou à JB-AM três dias fora do ar, por ordem do governo militar.
Como o tempo vai passando e as gerações se sucedendo, achei importante deixar mais esse registro histórico que vivenciei junto com os demais colegas da JB-AM. Jovens jornalistas e executivos da mídia conservadora e mentirosa, baseada no eixo do mal do jornalismo pátrio, Globo, Veja e Folha, tentam hoje reescrever a história recente do Brasil de um jeito que livre a cara de seus patrões, na esperança de apagar a subserviência com que apoiaram e serviram ao regime.
Tão subservientes que um deles foi capaz de chamar a noite escura que se abateu sobre o Brasil durante 21 anos de “ditabranda”.
Uma programação simples, onde entretenimento e informação conviviam harmoniosamente e em doses certas.
Para que a máquina funcionasse a contento, a JB-AM, como era conhecida, primou sempre pela escolha dos melhores profissionais do mercado, como aliás era a política do Grupo JB em seus tempos áureos. No jornalismo, uma redação exclusiva – que não se confundia com a do JB – contava com uns 40 profissionais qualificados. Na Discoteca, verdadeiros “experts” escolhiam, em cada suplemento que chegava das gravadoras, quais as canções que mereciam figurar no listing, sem o famoso “jabá”, que em linguagem direta significa o recebimento de dinheiro para executar a música, coisa que já havia naquela época discretamente e hoje virou rotina nas rádios e TVs. E no microfone as vozes mais conhecidas do Rio. Era corrente dizer-se que os ouvintes encontravam a JB-AM no dial pela música ou pela voz do locutor. .
Só não se pode dizer que esse modelo de programação foi perfeito, porque o jornalismo foi muito prejudicado pela rigorosa censura da ditadura militar, sobretudo no período de 1964 a 1980, os chamados anos de chumbo. O Comando do I Exército e o DOPS eram os principais fornecedores de proibições. Havia na redação um livro de capa preta, desses de folhas soltas, onde eram arquivadas as ordens que chegavam com uma frequência quase diária. Eram geralmente proibições de noticiar um ou outro evento popular ou tocar determinada música que os militares considerassem “subversiva”.
Eventualmente, sabia-se que algum “aparelho subversivo” havia sido “estourado” e militantes tinham sido mortos porque, por ingenuidade ou não, da proibição constava algo como “é proibido noticiar a morte do terrorista fulano de tal depois de uma troca de tiros com as forças de segurança”. E aí era fácil deduzir que alguém fora executado. .
Em 1968, no Rio, um modesto estudante secundário de 16 anos, Edison Lima Souto, foi morto com um tiro no peito durante manifestação no Restaurante do Calabouço, que já não existe. A morte do Edison provocou uma onda de protestos que começou em abril e só foi terminar no dia 12 de dezembro daquele ano com a divulgação do famoso AI-5. A JB-AM cobriu as manifestações com os recursos disponíveis na época. Não havia celular e os repórteres usavam um gravador para registrar entrevistas e, eventualmente, o som ambiente do que estava acontecendo.
Pois foi o tal som ambiente que colocou a rádio no gancho. A fita chegou da rua com a matéria do repórter e na edição o técnico encerrou com um “sobe som” do ambiente exatamente quando os manifestantes gritavam “assassinos, assassinos”. Este simples rabicho de 2 a 3 segundos no final reportagem que chamamos de “sobe som” custou à JB-AM três dias fora do ar, por ordem do governo militar.
Como o tempo vai passando e as gerações se sucedendo, achei importante deixar mais esse registro histórico que vivenciei junto com os demais colegas da JB-AM. Jovens jornalistas e executivos da mídia conservadora e mentirosa, baseada no eixo do mal do jornalismo pátrio, Globo, Veja e Folha, tentam hoje reescrever a história recente do Brasil de um jeito que livre a cara de seus patrões, na esperança de apagar a subserviência com que apoiaram e serviram ao regime.
Tão subservientes que um deles foi capaz de chamar a noite escura que se abateu sobre o Brasil durante 21 anos de “ditabranda”.
Eliakim Araújo, Direto da Redação
2 comentários:
Finalmente provaram que a pesquisa do Data-da-Folha foi forjada!!!
http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/04/18/denuncia-data-da-folha-pesquisa-em-sp-e-elege-serra/
Se existir lei e juízes eleitorais no Brasil, a Globo, concessão pública que ME pertence e a mais 190 milhões de brasileiros, será suspensa do ar por alguns dias. A empresa dos Marinho comete gravíssimo e explícito crime eleitoral, em favor do candidato da elite predadora, disfarçado de vinheta.
Ou isso é crime eleitoral punível com rigor, ou nada mais será no Brasil.
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