quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pesquisa Ibope: contradições sem respostas

Por Alexandre Porto

Uma nova pesquisa Ibope encomendada pelo jornal Diário do Comércio aponta variação positiva de dois pontos porcentuais à favor do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, em relação à sua principal adversária, a petista Dilma Rousseff. O levantamento, feito entre os dias 13 e 18 de abril, mostra o tucano, no questionário estimulado, com 36% das intenções de voto, sete à frente da petista, que seria a escolhida por 29% do eleitorado. No ultimo levantamento, a diferença era de 5 pontos, o que significa que o movimento foi dentro da margem de erro. Mas o ponto desse post é outro.
No dia em que foi divulgado a última pesquisa Datafolha, o diretor do instituto Mauro Paulino, disse ao portal UOL que é importante prestar atenção na pergunta espontânea. Disse ainda que esta polarização cria um efeito de segundo turno já no primeiro turno. "A qualquer momento, um candidato pode tirar voto do outro. O quadro pode mudar com a campanha eleitoral", reiterou.
Apenas repetindo o blogueiro Marcos Doniseti, "qualquer pessoa que realmente entende de pesquisas eleitorais sabe que voto consolidado, mesmo, é o voto espontâneo, que é aquele que o eleitor declara sem que se apresente nenhum nome a ele previamente. A pesquisa estimulada serve mais para dizer qual é o candidato mais conhecido do eleitor e de quem este tem um nível de lembrança maior. Nada além disso."
Eu não entendo tanto assim, mas essa é mais ou menos a minha opinião. Completando, a tendência é que os resultados das duas perguntas se aproximem ao longo da campanha.
Pois bem, na pesquisa espontânea do Ibope divulgado hoje, na pergunta "Se a eleição fosse hoje, em que candidato você votaria?", aparece em primeiro lugar o atual presidente, Lula, com 16% das intenções, seguido de perto por Dilma, com 15%, e Serra, com 14%. Ciro, Marina Silva e Aécio Neves aparecem com 1%.
Pode parecer uma coisa óbvia, mas se somarmos as intenções de votos de Lula e da ex-ministra Dilma Rousseff, teremos 31%, contra apenas 14% do adversário José Serra. Como dificilmente será divulgada a relação precisa entre as escolhas espontâneas e estimuladas, fica difícil entender como ela pode aparecer com apenas 29% na pesquisa estimulada. Dilma não só não herdou todas as intenções de votos do não-candidato Lula, quanto não agregou um voto a mais sequer. Enquanto isso, Serra saltou de 14% para 36%. Não dá para crer nessa equação assim tão passivamente.
Como eu não espero que a imprensa faça esse questionamento a algum cientista político, especialista em eleições, vamos torcer para que o PT tenha essa iniciativa. Na pior das hipóteses, vai criar um fato político positivo quando tudo aparentemente é negativo na pesquisa.
Chega dessa inútil batalha de tentar desmoralizar pesquisas quando elas aparentemente não nos favorecem, até porque ajuda a legitimar os adversários quando estes questionam pesquisas que eventualmente estão nos favorecendo. Precisamos, nesse caso, apontar as inconsistências metodológicas que permitem essas aparentes contradições. Ou eu acredito que o governo Lula não vai ter mais capacidade de transferir votos e que eleitores satisfeitos com a gestão atual podem votar na oposição ou chego à conclusão de que as eleições mal começaram.
Com a palavra os especialistas em pesquisa. Eu apenas sou um leitor não passivo.

3 comentários:

Geraldo Mendes disse...

O artigo é muito bem escrito, e de uma lógica bem construída. Discordo de dois pontos, porém. O primeiro é quanto a pararmos de questionar pesquisas que não nos favoreçam. Não se trata de favorecer ou não, mas de apresentar resultados muito deiferentes das demais (como a do Datafolha de março)e inexplicáveis ascenções de um candidato na região sul (no Datafolha Serra 40X20 Dilma; na Sensus Dilma 40X20 Serra), bem como amostragens desproporcionais em São Paulo, a pretexto de avaliar imagens do ex-governador e atual prefeito, bem no estado onde Serra tem mais intenção de votos. Nada é prova de fraude, mas o conjunto da obra é muito suspeito.
Segundo, as "incoerências" entre voto espontâneo e induzido. Podem ser "incoerências" de eleitores espontâneos de Lula e Dilma que, quando induzidos dizem votar em Serra? Uns 2% pode ser. Faltam outros 20% que espontaneamente não votam sem Serra, só induzidos. Para mim mais um sinal de que a induzida está contaminada por algum fator metodológico, e não de "recall". Esse fator metodológico é bem menor nas pesquisas Vox Populi e Sensus. Isso só aumenta a suspeita do Datafolha e Ibope.
Mas se o PT e a coordenação de campanha da Dilma não querem comprar brigas, e acham que Lula resolve tudo no horário eleitoral da TV, tomara que vocês estejam certos. Enquanto isso a militância sofre.

Unknown disse...

Lembrar que mais de 40% dos 36% da intenção de voto de Serra na estimulada, não sabe que Dilma é a candidata de Lula.

Xyx disse...

Dilma precisa parar de concordar com tudo que pode dar voto, ela concorda com tudo e qualquer coisa se isso lhe for conveniente a ganhar votos ou creditos.
Para cada publico fala o que o publico quer ouvir, mesmo que contradiga o que disse ao publico anterior.

Se o aborto, o casamento gay, e devastacao da floresta der voto, ela concorda.


Dilma nao carrega posicao em si, ou esconde sua verdadeira posição.

Esta dificil confiar ate pra um PTtista

Prova disso é que esta sendo formada, criada, definida, treinada, ensinada, produzida. Se antes votavamos pelo caráter, pelas propostas, hoje tem sido pela performance gerada em laboratorios.

Politico sempre foi criticado pela atitude de prometer o que nao pode cumprir; Dilma, segue caminho semelhante, se nao prometendo, dizendo o que de fato nao pensa no coração.

Assim nao da pra votar nela, ate hoje nao sei quem ela é.