Desolação. É a única palavra que me ocorre para definir o sentimento que tenho no acompanhamento diário do noticiário sobre o incêndio do mais que centenário complexo do Instituto Butantan. Entre outros danos, o fogo destruiu o maior conjunto de cobras e artrópodes do mundo para estudos, inclusive uma coleção de serpentes que tinha 85 mil exemplares.Mas a minha desolação, como a de todo mundo nesse caso, é permeada, também, por revolta pela irresponsabilidade dos que deixaram ocorrer uma tragédia dessas. Só agora descobre-se que o Butantan não tinha sistema anti-incêndio e que o prédio do instituto que pegou fogo no sábado pp. - dali alastrou-se a devastação - contava apenas com extintores, que deveriam ser acionados manualmente. E não havia plantões, ninguém na área naquela hora.
Pior, há seis meses (em dezembro) os curadores do Instituto Butantan enviaram à Fundação de Apoio a Pesquisas no Estado de São Paulo (FAPESP) projeto que pedia sistema de detecção de fumaça e combate automático a incêndio, necessário ao complexo cuja estrutura de prédios data de 1960. Até o dia do incêndio nenhuma palavra como resposta. Quer dizer, um conjunto de prédios que em 50 anos não havia passado por nenhum processo de atualização, não foi socorrido na hora em que solicitou apoio.
Tucanos há 28 anos no poder e deixam isso acontecer
E pensar que os tucanos governam o Estado há 16 anos ininterruptos - ou há 28 se contarmos desde o primeiro ano (1983) do governo Franco Montoro (1983-1986). E deixam se perder por completo um conjunto de estudos e pesquisas que se acumulava há mais de 100 anos!Esse é o modo tucano de governar. Eficiente e competente!Da tragédia, uma lição a ser tirada: muito boa, necessária e tem que ser examinada e adotada a sugestão de um dos curadores do Butantan, Francisco Luís Franco, de que a sociedade brasileira se sensibilize com tragédias como essas e as transforme em bandeiras para o estabelecimento de políticas de preservação de acervos públicos. Blog do Zé Dirceu
Nenhum comentário:
Postar um comentário