terça-feira, 4 de maio de 2010

A cobertura e as cabeçadas da campanha

Começo de campanha é um Deus nos acuda para qualquer um. As duas campanhas estão dando cabeçadas. Mas, à medida que se selecionam e se divulgam cabeçadas só de um lado (Dilma), passa-se a impressão que o outro lado (Serra) tem uma campanha impecável. Até meu amigo Ricardo Kotscho ficou com essa impressão.
O episódio é interessante para demonstrar o poder de influência da cobertura da mídia, quando seleciona os fatos para divulgar. O relatório encaminhado abaixo, pelo leitor, é prova cabal disso.
Suponha que o aparato da mídia tivesse dado ênfase aos fatos abaixo relacionados – e se calado ante os desajustes na campanha de Dilma. A impressão que ficaria é a campanha de Serra desarticulada e a de Dilma impecável. Quando ambas estão dando suas cabeçadas normais nas largadas.

De Leitor
Ele disse que ia criar a Defesa Civil Nacional e teve de esquecer o assunto, porque ela já existe.
Ele disse que ia acabar com o Mercosul e teve de dar uma entrevista à Folha, para dizer que não era bem assim, depois de ser criticado dentro e fora do país.
Ele disse que vai resolver o problema da segurança criando um Ministério, e uma semana depois explodiu o aumento recorde da criminalidade em São Paulo, obra dele.
Ele misturou religião com antitabagismo e ficou mal com ateus e fumantes.
O chefe da campanha dele foi apanhado registrando sites de baixaria na internet.
O deputado amigo dele foi apanhado falsificando um depoimento da Marília Gabriela.
Ele corre atrás de todas as agendas dela. Pediu pra ir à Fiemg, pediu pra ser convidado no aniversário da Conceição, pediu pra ir outra vez ao Datena.
Ela foi aplaudida de pé na festa da Conceição. Ele foi ignorado.
No Primeiro de Maio, ele teve de se refugiar em Camboriú, porque nenhuma central sindical queria tê-lo no palanque.
Ele posou ao lado de um governador investigado pela Polícia Federal. E disse que não está informado sobre o inquérito…
A turma dele acusa estatais de pagar palanques do Primeiro de Maio, mas o governador suspeito pagou a festa de Camboriú.
Ele ainda não apareceu no Rio à luz do dia (só de noite, na festa da Conceição), porque não tem palanque pra subir.
Nem ao Rio Grande do Sul, pra não aparecer com a governadora.
Não tem palanque em Pernambuco, terra do presidente do partido dele.
Não tem no Ceará, terra do mais importante senador do partido dele.
Ele espalha que tem o apoio do PTB e do PP, mas ninguém viu a cor desse apoio.
O único partido que se decidiu, de março pra cá, foi o PSB. Pela adversária dele.
Os dois partidos de sua aliança, DEM e PPS, naufragaram no escândalo de Brasília.
Ele não fez uma só agenda com mulheres, artistas, caminhoneiros, movimentos, gente comum. Só com empresários e aliados.
Os dois institutos que lhe dão vantagem nas pesquisas estão sob suspeita de manipulação de amostras.
Ele foge do Fernando Henrique como o diabo da cruz.
Mas foi o primeirão a dar os parabéns ao Lula pela lista da Time.
Realmente, uma das campanhas teve muitos problemas na largada…
Autor: luisnassif -
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2010/05/03/a-cobertura-e-as-cabecadas-da-campanha/

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