Entrevista exclusiva concedida por escrito pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao jornal Correio do Estado, do Mato Grosso do Sul
Publicada em 03 de maio de 2010 Jornalista: Em sua visita em 8 de maio de 2009 para a inauguração do Trem do Pantanal, o senhor prometeu que o trecho entre Miranda e Corumbá seria concluído até o final de seu mandato e que o senhor viria ao Estado inaugurar a viagem. O compromisso será cumprido, considerando que, até agora, nada foi investido desde então?
Presidente: Naquela ocasião, nós estávamos convencidos de que era perfeitamente possível concluir o trecho Miranda-Corumbá ainda este ano, beneficiando o turismo e todo o Estado. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) havia feito um acordo com a concessionária, a ALL. Mas nós verificamos que seus termos não asseguravam a modernização efetiva do trecho da ferrovia do Trem do Pantanal, de modo a possibilitar o transporte de passageiros com conforto e segurança. O próprio trecho que inauguramos no ano passado, de Campo Grande a Miranda, permite que a velocidade chegue só a 30 km/h, que é muito baixa. Por essas razões, a ANTT vai refazer o acordo com a concessionária com o objetivo de assegurar que o trem circule com velocidade mínima de 50 km/h. Para isso, a empresa terá de investir R$ 226 milhões em toda a extensão da ferrovia, de Campo Grande a Corumbá. O novo acordo deve ser assinado nos próximos dois meses e só então terão início as obras, como trocas de dormentes e de trilhos e a recuperação da estrutura de pontes metálicas. Se a concessionária não aceitar os novos termos ou não cumprir o que ficar acertado, a ANTT iniciará o processo para retomar a concessão para a União, que será transferida a outros grupos que se comprometam a concluir o projeto.
Jornalista: Qual o montante investido com recursos federais em Mato Grosso do Sul em seu segundo mandato? Quanto foi investido em Campo Grande, em Corumbá, em Dourados e em Três Lagoas?
Presidente: Os investimentos, transferências e outras despesas da União direcionados para o Estado do Mato Grosso do Sul, no meu segundo mandato, totalizam R$ 3,17 bilhões. Os valores gastos pela União com todos os municípios do Estado, somam R$ 4,97 bilhões. Isso significa que a União gastou com o governo e as prefeituras do Mato Grosso do Sul, o total de R$ 8,14 bilhões. Em relação aos municípios citados, temos os seguintes números: para Campo Grande, a transferência de recursos, a partir de 2007, somou R$ 1,39 bilhão; Dourados, R$ 484,81 milhões; Corumbá, R$ 210,25 milhões; e Três Lagoas, R$ 146,81 milhões. Nunca o governo federal investiu e repassou tantos recursos para o Mato Grosso do Sul como nesse período.
Jornalista: A fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai é marcada pelo tráfico de drogas e de armas, devido, entre outros fatores, à pobreza que assola a região. Um possível aumento no repasse de verbas do Brasil ao Paraguai, por meio da Hidrelétrica de Itaipu, pode amenizar essa situação? Além disso, que outras medidas o governo federal pretende tomar para acabar com o caos que impera na fronteira?
Presidente: Hoje em dia, do ponto de vista econômico, nenhum país é uma ilha. Por isso, é importante que nossos vizinhos estejam trilhando o caminho do progresso, o que estimula o desenvolvimento das nossas relações comerciais e fortalece os blocos regionais, beneficiando a todos. Nós temos empreendido esforços para combater o desequilíbrio entre os países e para atenuar as desigualdades regionais. No caso do Paraguai, um de nossos principais parceiros e membro do Mercosul, temos negociado o pagamento de preços mais vantajosos, e justos, pela cessão da energia de Itaipu não usada pelo país e também a construção de uma linha de transmissão que permitirá transportar energia elétrica até Assunção, acabando com as interrupções do fornecimento na capital e estimulando a industrialização do país. Creio que essas iniciativas concretas vão contribuir para irradiar a riqueza e fomentar o progresso do Paraguai, mesmo nas regiões mais pobres e isoladas de seu território, como a fronteira com o Mato Grosso do Sul. Quanto ao tráfico, este será um dos temas do meu encontro com o presidente Fernando Lugo. Nós defendemos uma política de corresponsabilidade entre países produtores, de trânsito e consumidores de drogas ilegais. Há dez dias, a nossa Polícia Federal renovou os termos de cooperação policial com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) por mais dois anos. O Brasil tem prestado apoio logístico à Senad na erradicação de plantações de maconha. No ano passado, foram destruídos 1 mil hectares de plantações em território paraguaio e com isso foram evitados que cerca de 2 mil toneladas da droga chegassem ao Brasil. No ano passado, demos início à Operação Sentinela, mobilizando a Receita e polícias federais e estaduais para intensificar a fiscalização de pessoas, veículos, embarcações e mercadorias que circulam nas fronteiras dos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e Amazonas. Por fim, o governo tem investido na aquisição de aviões não tripulados e com equipamentos de alta tecnologia, como câmeras de alta definição com visão noturna, para a vigilância de fronteiras. Os dados vão permitir que as forças de segurança brasileiras possam identificar movimentações suspeitas de pessoas, veículos, barcos e aviões e fazer a abordagem instantaneamente .
Jornalista: O PT e PMDB são rivais em Mato Grosso do Sul. O governador André Puccinelli declarou, mais de uma vez, que não vai montar palanque para Dilma Rousseff, se Zeca do PT insistir em concorrer às eleições. E Zeca já reafirmou sua determinação de disputar o Governo do Estado. Diante deste cenário, o senhor virá a Mato Grosso do Sul fazer campanha para Zeca do PT?
Presidente: Vocês sabem que eu nunca fui de desistir diante da primeira dificuldade e que tenho trabalhado para termos candidaturas únicas da nossa base aliada nos Estados. Não sei se as coisas já estão sacramentadas. Eu sei muito bem que circunstâncias locais podem dificultar essa unidade. Em 2006, tive de lidar com palanques duplos. Fiz comícios, participei de encontros e gravei programas de tevê para os aliados que disputavam os governos estaduais, mas me apoiavam nacionalmente. Em 2010, vou priorizar os lugares onde a base já chegou a um acordo pela unidade. Quando as duas candidaturas forem inevitáveis, isso não me impedirá de fazer campanha pela Dilma no Estado e de me empenhar para que os candidatos da base aliada estejam unidos pela candidata escolhida para disputar a minha sucessão.
Jornalista: Por que o senhor acha a ex-ministra Dilma Rousseff a melhor pessoa para presidir o Brasil? No primeiro turno das eleições de 2006, o senhor obteve 35% dos votos no Estado. A última pesquisa publicada no Correio do Estado (em 19/04/2010) mostra que, hoje, 74% dos sul-mato-grossenses aprovam seu governo. O senhor acredita que pode transferir essa popularidade a Dilma?
Presidente: Como você mostrou muito bem, o índice de aprovação do nosso governo vem crescendo consideravelmente. O que precisa ficar claro é que eu não sou o responsável único por essa popularidade. Há uma equipe excelente trabalhando comigo para implementar as políticas que, pela primeira vez nos últimos cinqüenta anos, estão combinando crescimento econômico com distribuição de renda e democracia política. E a pessoa que mais contribuiu para a implementação das nossas políticas, foi exatamente a ex-ministra Dilma Rousseff. O seu desempenho foi uma coisa excepcional. Ela foi meu braço direito no governo. Portanto, não é uma questão de transferência de popularidade, já que ela ajudou, e muito, a construir essa popularidade, pela sua dedicação, pelo seu trabalho e pelo seu compromisso com esse projeto que está transformando o Brasil. Trata-se, isto sim, de fazer chegar essa informação a todos os eleitores, uma vez ela sempre procurou agir e fazer a máquina andar e nunca se preocupou com os holofotes, em mostrar o quanto era importante o seu trabalho.
Presidente: Naquela ocasião, nós estávamos convencidos de que era perfeitamente possível concluir o trecho Miranda-Corumbá ainda este ano, beneficiando o turismo e todo o Estado. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) havia feito um acordo com a concessionária, a ALL. Mas nós verificamos que seus termos não asseguravam a modernização efetiva do trecho da ferrovia do Trem do Pantanal, de modo a possibilitar o transporte de passageiros com conforto e segurança. O próprio trecho que inauguramos no ano passado, de Campo Grande a Miranda, permite que a velocidade chegue só a 30 km/h, que é muito baixa. Por essas razões, a ANTT vai refazer o acordo com a concessionária com o objetivo de assegurar que o trem circule com velocidade mínima de 50 km/h. Para isso, a empresa terá de investir R$ 226 milhões em toda a extensão da ferrovia, de Campo Grande a Corumbá. O novo acordo deve ser assinado nos próximos dois meses e só então terão início as obras, como trocas de dormentes e de trilhos e a recuperação da estrutura de pontes metálicas. Se a concessionária não aceitar os novos termos ou não cumprir o que ficar acertado, a ANTT iniciará o processo para retomar a concessão para a União, que será transferida a outros grupos que se comprometam a concluir o projeto.
Jornalista: Qual o montante investido com recursos federais em Mato Grosso do Sul em seu segundo mandato? Quanto foi investido em Campo Grande, em Corumbá, em Dourados e em Três Lagoas?
Presidente: Os investimentos, transferências e outras despesas da União direcionados para o Estado do Mato Grosso do Sul, no meu segundo mandato, totalizam R$ 3,17 bilhões. Os valores gastos pela União com todos os municípios do Estado, somam R$ 4,97 bilhões. Isso significa que a União gastou com o governo e as prefeituras do Mato Grosso do Sul, o total de R$ 8,14 bilhões. Em relação aos municípios citados, temos os seguintes números: para Campo Grande, a transferência de recursos, a partir de 2007, somou R$ 1,39 bilhão; Dourados, R$ 484,81 milhões; Corumbá, R$ 210,25 milhões; e Três Lagoas, R$ 146,81 milhões. Nunca o governo federal investiu e repassou tantos recursos para o Mato Grosso do Sul como nesse período.
Jornalista: A fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai é marcada pelo tráfico de drogas e de armas, devido, entre outros fatores, à pobreza que assola a região. Um possível aumento no repasse de verbas do Brasil ao Paraguai, por meio da Hidrelétrica de Itaipu, pode amenizar essa situação? Além disso, que outras medidas o governo federal pretende tomar para acabar com o caos que impera na fronteira?
Presidente: Hoje em dia, do ponto de vista econômico, nenhum país é uma ilha. Por isso, é importante que nossos vizinhos estejam trilhando o caminho do progresso, o que estimula o desenvolvimento das nossas relações comerciais e fortalece os blocos regionais, beneficiando a todos. Nós temos empreendido esforços para combater o desequilíbrio entre os países e para atenuar as desigualdades regionais. No caso do Paraguai, um de nossos principais parceiros e membro do Mercosul, temos negociado o pagamento de preços mais vantajosos, e justos, pela cessão da energia de Itaipu não usada pelo país e também a construção de uma linha de transmissão que permitirá transportar energia elétrica até Assunção, acabando com as interrupções do fornecimento na capital e estimulando a industrialização do país. Creio que essas iniciativas concretas vão contribuir para irradiar a riqueza e fomentar o progresso do Paraguai, mesmo nas regiões mais pobres e isoladas de seu território, como a fronteira com o Mato Grosso do Sul. Quanto ao tráfico, este será um dos temas do meu encontro com o presidente Fernando Lugo. Nós defendemos uma política de corresponsabilidade entre países produtores, de trânsito e consumidores de drogas ilegais. Há dez dias, a nossa Polícia Federal renovou os termos de cooperação policial com a Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) por mais dois anos. O Brasil tem prestado apoio logístico à Senad na erradicação de plantações de maconha. No ano passado, foram destruídos 1 mil hectares de plantações em território paraguaio e com isso foram evitados que cerca de 2 mil toneladas da droga chegassem ao Brasil. No ano passado, demos início à Operação Sentinela, mobilizando a Receita e polícias federais e estaduais para intensificar a fiscalização de pessoas, veículos, embarcações e mercadorias que circulam nas fronteiras dos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e Amazonas. Por fim, o governo tem investido na aquisição de aviões não tripulados e com equipamentos de alta tecnologia, como câmeras de alta definição com visão noturna, para a vigilância de fronteiras. Os dados vão permitir que as forças de segurança brasileiras possam identificar movimentações suspeitas de pessoas, veículos, barcos e aviões e fazer a abordagem instantaneamente .
Jornalista: O PT e PMDB são rivais em Mato Grosso do Sul. O governador André Puccinelli declarou, mais de uma vez, que não vai montar palanque para Dilma Rousseff, se Zeca do PT insistir em concorrer às eleições. E Zeca já reafirmou sua determinação de disputar o Governo do Estado. Diante deste cenário, o senhor virá a Mato Grosso do Sul fazer campanha para Zeca do PT?
Presidente: Vocês sabem que eu nunca fui de desistir diante da primeira dificuldade e que tenho trabalhado para termos candidaturas únicas da nossa base aliada nos Estados. Não sei se as coisas já estão sacramentadas. Eu sei muito bem que circunstâncias locais podem dificultar essa unidade. Em 2006, tive de lidar com palanques duplos. Fiz comícios, participei de encontros e gravei programas de tevê para os aliados que disputavam os governos estaduais, mas me apoiavam nacionalmente. Em 2010, vou priorizar os lugares onde a base já chegou a um acordo pela unidade. Quando as duas candidaturas forem inevitáveis, isso não me impedirá de fazer campanha pela Dilma no Estado e de me empenhar para que os candidatos da base aliada estejam unidos pela candidata escolhida para disputar a minha sucessão.
Jornalista: Por que o senhor acha a ex-ministra Dilma Rousseff a melhor pessoa para presidir o Brasil? No primeiro turno das eleições de 2006, o senhor obteve 35% dos votos no Estado. A última pesquisa publicada no Correio do Estado (em 19/04/2010) mostra que, hoje, 74% dos sul-mato-grossenses aprovam seu governo. O senhor acredita que pode transferir essa popularidade a Dilma?
Presidente: Como você mostrou muito bem, o índice de aprovação do nosso governo vem crescendo consideravelmente. O que precisa ficar claro é que eu não sou o responsável único por essa popularidade. Há uma equipe excelente trabalhando comigo para implementar as políticas que, pela primeira vez nos últimos cinqüenta anos, estão combinando crescimento econômico com distribuição de renda e democracia política. E a pessoa que mais contribuiu para a implementação das nossas políticas, foi exatamente a ex-ministra Dilma Rousseff. O seu desempenho foi uma coisa excepcional. Ela foi meu braço direito no governo. Portanto, não é uma questão de transferência de popularidade, já que ela ajudou, e muito, a construir essa popularidade, pela sua dedicação, pelo seu trabalho e pelo seu compromisso com esse projeto que está transformando o Brasil. Trata-se, isto sim, de fazer chegar essa informação a todos os eleitores, uma vez ela sempre procurou agir e fazer a máquina andar e nunca se preocupou com os holofotes, em mostrar o quanto era importante o seu trabalho.
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