Por José Dirceu
Estamos a alguns meses ainda do primeiro turno das eleições para a Presidência da República, mas já é possível começar a reunir elementos para a definição de quem deve ser o próximo a conduzir o Brasil nos próximos quatro anos.
Os critérios de comparação já são conhecidos. Primeiramente, qual o projeto de país que propõe. Mas deve ser levado em conta também: as condições que o candidato reúne para dar continuidade ao bom Governo Lula; que experiências de gestão anteriores temos como parâmetro; que alianças têm; e, enfim, que preparo o candidato apresenta.
Já é possível fazer uma comparação inicial entre os dois principais pré-candidatos, Dilma Rousseff e José Serra. E o resultado até aqui é amplamente favorável a Dilma.
Do ponto de vista do conjunto de alianças que está sendo formado, o arco de apoio a Dilma é muito maior do que o reunido por Serra até o momento. Sob o prisma dos Governos Lula versus Fernando Henrique Cardoso, inegável a superioridade de Lula, evidenciada na alta aprovação popular.
Nas entrevistas concedidas à Rádio CBN nas duas últimas semanas, Dilma foi muito melhor que Serra. A entrevista do pré-candidato da oposição cristalizou a certeza de que não existe segurança sobre o que será um Governo tucano caso Serra ganhe. Porque ele não conseguiu dizer o que uma gestão tucana faria de diferente e além do que está sendo feito no Governo Lula.
E não conseguiu porque o projeto de Brasil que os tucanos têm privilegia poucos e não muda as antigas estruturas que fizeram do nosso país um dos mais desiguais do mundo. Serra tenta, mas não consegue esconder que foi ministro de FHC, logo, já teve chances de mostrar um governo que o Brasil desaprova.
A entrevista não teve repercussão maior pelo apoio da grande mídia a Serra. Mas quem ouviu, identificou um Serra que recheou seu discurso com promessas populistas, sem conteúdo estratégico para o país. E cometeu uma série de gafes e indelicadezas com os entrevistadores. Serra foi um entrevistado descortês, indelicado, grosseiro e autoritário com os jornalistas e, por conseguinte, com os ouvintes. Ao ponto de dizer a uma entrevistadora que ela falava uma grande “besteira”, ordenando em seguida: “vamos em frente”. Será que esse é o temperamento que queremos de um presidente?
Não é novidade esse comportamento de Serra, bastante conhecido, inclusive. Ao longo do tempo, ele fez sua justa fama de autoritário, de falar quando quer e só dizer o que quer. De ligar para as chefias na redação para reclamar dos profissionais que perguntem o que lhe desagrada. A razão da irritação tem uma explicação mais imediata: as pesquisas de intenção de voto, nas quais ele mantém a queda contínua registrada no último um ano e meio em todos os Estados.
Sobre as propostas, a defesa que Serra fez de obras —aeroportos, refinarias etc— foi aleatória e vazia. Mas se estendeu também ao que disse sobre a política econômica, juros, câmbio... na prática, o tucano pregou o fim da autonomia operacional do Banco Central e uma mudança na política cambial e de juros, sem dizer qual e como. Esqueceu que a política de juros praticada no governo FHC? Taxas no patamar de 27,5%? A assessoria de Serra tentou depois justificar, dizendo que ele estava “indormido”. O fato é: Serra não é pessoa de trato fácil.
Dilma, por sua vez, foi o tempo todo serena, clara, gentil. Mostrou a pré-candidata que sabe que o cargo vai exigir muito do próximo ocupante e que muitos momentos as perguntas e os assuntos serão difíceis, mas que manter a calma é condição essencial. Reafirmou seu compromisso com a estabilidade econômica, sem deixar de lado o importante diferencial que o Governo Lula trouxe: o investimento.
A pré-candidata mostrou conhecimento técnico e compreensão dos diversos temas, além de enfatizar o mais importante fato da semana: o acordo negociado por Brasil e Turquia junto ao Irã, que inseriu o Brasil como protagonista na agenda crucial da questão nuclear. Mostrou ainda clareza na compreensão de que o mais importante é que os serviços públicos sejam oferecidos com qualidade à população brasileira, especialmente aos mais carentes.
Está ficando cada dia mais claro que a oposição não sabe o que vai apresentar ao país, o que já ficou evidente durante a gestão FHC, e que tem um pré-candidato muito temperamental. A entrevista à CBN, uma primeira comparação, mostrou que, na comparação entre as personalidades de Dilma e Serra —a partir do projeto de país que defendem, da forma de governar e da visão que têm sobre o futuro—, a pré-candidata que representa a continuidade do Governo Lula está em vantagem.
José Dirceu, 64, é advogado e ex-ministro da Casa Civil
Os critérios de comparação já são conhecidos. Primeiramente, qual o projeto de país que propõe. Mas deve ser levado em conta também: as condições que o candidato reúne para dar continuidade ao bom Governo Lula; que experiências de gestão anteriores temos como parâmetro; que alianças têm; e, enfim, que preparo o candidato apresenta.
Já é possível fazer uma comparação inicial entre os dois principais pré-candidatos, Dilma Rousseff e José Serra. E o resultado até aqui é amplamente favorável a Dilma.
Do ponto de vista do conjunto de alianças que está sendo formado, o arco de apoio a Dilma é muito maior do que o reunido por Serra até o momento. Sob o prisma dos Governos Lula versus Fernando Henrique Cardoso, inegável a superioridade de Lula, evidenciada na alta aprovação popular.
Nas entrevistas concedidas à Rádio CBN nas duas últimas semanas, Dilma foi muito melhor que Serra. A entrevista do pré-candidato da oposição cristalizou a certeza de que não existe segurança sobre o que será um Governo tucano caso Serra ganhe. Porque ele não conseguiu dizer o que uma gestão tucana faria de diferente e além do que está sendo feito no Governo Lula.
E não conseguiu porque o projeto de Brasil que os tucanos têm privilegia poucos e não muda as antigas estruturas que fizeram do nosso país um dos mais desiguais do mundo. Serra tenta, mas não consegue esconder que foi ministro de FHC, logo, já teve chances de mostrar um governo que o Brasil desaprova.
A entrevista não teve repercussão maior pelo apoio da grande mídia a Serra. Mas quem ouviu, identificou um Serra que recheou seu discurso com promessas populistas, sem conteúdo estratégico para o país. E cometeu uma série de gafes e indelicadezas com os entrevistadores. Serra foi um entrevistado descortês, indelicado, grosseiro e autoritário com os jornalistas e, por conseguinte, com os ouvintes. Ao ponto de dizer a uma entrevistadora que ela falava uma grande “besteira”, ordenando em seguida: “vamos em frente”. Será que esse é o temperamento que queremos de um presidente?
Não é novidade esse comportamento de Serra, bastante conhecido, inclusive. Ao longo do tempo, ele fez sua justa fama de autoritário, de falar quando quer e só dizer o que quer. De ligar para as chefias na redação para reclamar dos profissionais que perguntem o que lhe desagrada. A razão da irritação tem uma explicação mais imediata: as pesquisas de intenção de voto, nas quais ele mantém a queda contínua registrada no último um ano e meio em todos os Estados.
Sobre as propostas, a defesa que Serra fez de obras —aeroportos, refinarias etc— foi aleatória e vazia. Mas se estendeu também ao que disse sobre a política econômica, juros, câmbio... na prática, o tucano pregou o fim da autonomia operacional do Banco Central e uma mudança na política cambial e de juros, sem dizer qual e como. Esqueceu que a política de juros praticada no governo FHC? Taxas no patamar de 27,5%? A assessoria de Serra tentou depois justificar, dizendo que ele estava “indormido”. O fato é: Serra não é pessoa de trato fácil.
Dilma, por sua vez, foi o tempo todo serena, clara, gentil. Mostrou a pré-candidata que sabe que o cargo vai exigir muito do próximo ocupante e que muitos momentos as perguntas e os assuntos serão difíceis, mas que manter a calma é condição essencial. Reafirmou seu compromisso com a estabilidade econômica, sem deixar de lado o importante diferencial que o Governo Lula trouxe: o investimento.
A pré-candidata mostrou conhecimento técnico e compreensão dos diversos temas, além de enfatizar o mais importante fato da semana: o acordo negociado por Brasil e Turquia junto ao Irã, que inseriu o Brasil como protagonista na agenda crucial da questão nuclear. Mostrou ainda clareza na compreensão de que o mais importante é que os serviços públicos sejam oferecidos com qualidade à população brasileira, especialmente aos mais carentes.
Está ficando cada dia mais claro que a oposição não sabe o que vai apresentar ao país, o que já ficou evidente durante a gestão FHC, e que tem um pré-candidato muito temperamental. A entrevista à CBN, uma primeira comparação, mostrou que, na comparação entre as personalidades de Dilma e Serra —a partir do projeto de país que defendem, da forma de governar e da visão que têm sobre o futuro—, a pré-candidata que representa a continuidade do Governo Lula está em vantagem.
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