De acordo com a embaixadora, com o voto contra, "estamos honrando os propósitos que nos inspiraram nos esforços que resultaram na declaração de Teerã de 17 de maio". Ainda segundo Maria Luiza Viotti, o acordo Brasil-Turquia-Irã provou que "o diálogo pode conseguir mais que ações punitivas".
Leia abaixo a íntegra do voto brasileiro emitido na reunião, em tradução do Opera Mundi
“Senhor Presidente,
O Brasil votou contra a proposta de resolução.
Agindo assim, estamos honrando os propósitos que nos inspiraram a promover os esforços que resultaram na Declaração de Teerã em 17 de maio. Não vemos nestas sanções um instrumento efetivo neste caso. As sanções vão, provavelmente, levar sofrimento ao povo do Irã e farão o jogo daqueles que, em todos os lados, não querem que o diálogo prevaleça. Experiências anteriores da ONU, notavelmente no caso do Iraque, mostram que a espiral de sanções, ameaças e isolamento podem resultar em trágicas conseqüências.
Nós votamos contra também porque a adoção de sanções, na atual situação, correm no sentido contrário aos esforços bem sucedidos de Brasil e Turquia para engajar o Irã em uma solução negociada para o seu programa nuclear. Como o Brasil repetidamente defendeu, a Declaração de Teerã adotada no dia 17 de Maio é uma oportunidade única, que não pode ser perdida. Ela foi aprovada pelo nível mais alto das lideranças iranianas e foi endossada pelo Parlamento. A Declaração de Teerã promoveu uma solução que pode garantir o pleno exercício do direito do Irã a um programa de uso pacífico de energia nuclear, enquanto promovia garantias verificáveis e completas de que o programa nuclear do Irã tem propósitos exclusivamente pacíficos.
Estamos firmemente convencidos de que o único caminho para alcançar este objetivo coletivo é garantir ao Irã cooperação através um diálogo e negociações efetivas e orientadas para a ação.
A Declaração de Teerã mostra que o diálogo e a persuasão podem muito mais que ações punitivas. Seus propósito e resultados foram orientados no sentido de construir a confiança necessária e lidar com vários aspectos do programa nuclear do Irã. Como afirmamos ontem, a Declaração Conjunta removeu obstáculos políticos para a materialização das propostas da Agência Internacional de Energia Atômica feitas em outubro de 2009. Muitos governos e respeitadas instituições internacionais reconheceram seu valor como um importante passo para uma discussão mais ampla do programa nuclear iraniano.
O governo brasileiro lamenta profundamente, portanto, que a Declaração Conjunta não tenha recebido nem o reconhecimento político que merece nem tenha tido tempo que necessita para dar frutos. O Brasil não considera natural recorrer a sanções antes que as partes envolvidas possam sentar e conversar sobre a execução da declaração. As reações do Grupo de Viena à carta iraniana de 24 de maio, que confirmou o compromisso do Irã com o conteúdo da declaração, foram recebidas há apenas algumas horas. Não se deu tempo ao Irã para reagir às opiniões do Grupo de Viena, inclusive a proposta de uma reunião técnica para analisar os detalhes.
A adoção de sanções em tais circunstâncias envia um sinal errado àquilo que poderia ser o início de um compromisso construtivo em Viena. Também foi questão de grave preocupação o modo como os membros permanentes, junto com um país que não é membro do Conselho de Segurança, negociaram entre si durante meses, a portas fechadas.
Sr. Presidente,
O Brasil confere a maior importância ao desarmamento e à não-proliferação e nosso histórico neste domínio é impecável.
Também já afirmamos - e agora reafirmamos - o imperativo de que toda atividade nuclear seja conduzida sob as devidas salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atômica. As atividades nucleares do Irã não são uma exceção.
Continuamos a acreditar que a declaração de Teerã é uma política relevante e deve ser perseguida. Esperamos que todas as partes envolvidas enxerguem a sabedoria de longo prazo em fazê-lo. Em nosso ponto de vista, a adoção de novas sanções pelo Conselho de Segurança irá atrasar, em lugar de acelerar ou assegurar o progresso na abordagem da questão. Não devemos perder a oportunidade de iniciar um processo que possa levar a uma solução pacífica e negociada para esta questão. As preocupações relativas ao programa nuclear do Irã, levantadas hoje, não serão resolvidas até que se comece o diálogo. Ao adotar sanções, este Conselho está na verdade optando por uma das duas vias que deveriam ter sido percorridas em paralelo - em nossa opinião, a via errada. Obrigada”.
“Senhor Presidente,
O Brasil votou contra a proposta de resolução.
Agindo assim, estamos honrando os propósitos que nos inspiraram a promover os esforços que resultaram na Declaração de Teerã em 17 de maio. Não vemos nestas sanções um instrumento efetivo neste caso. As sanções vão, provavelmente, levar sofrimento ao povo do Irã e farão o jogo daqueles que, em todos os lados, não querem que o diálogo prevaleça. Experiências anteriores da ONU, notavelmente no caso do Iraque, mostram que a espiral de sanções, ameaças e isolamento podem resultar em trágicas conseqüências.
Nós votamos contra também porque a adoção de sanções, na atual situação, correm no sentido contrário aos esforços bem sucedidos de Brasil e Turquia para engajar o Irã em uma solução negociada para o seu programa nuclear. Como o Brasil repetidamente defendeu, a Declaração de Teerã adotada no dia 17 de Maio é uma oportunidade única, que não pode ser perdida. Ela foi aprovada pelo nível mais alto das lideranças iranianas e foi endossada pelo Parlamento. A Declaração de Teerã promoveu uma solução que pode garantir o pleno exercício do direito do Irã a um programa de uso pacífico de energia nuclear, enquanto promovia garantias verificáveis e completas de que o programa nuclear do Irã tem propósitos exclusivamente pacíficos.
Estamos firmemente convencidos de que o único caminho para alcançar este objetivo coletivo é garantir ao Irã cooperação através um diálogo e negociações efetivas e orientadas para a ação.
A Declaração de Teerã mostra que o diálogo e a persuasão podem muito mais que ações punitivas. Seus propósito e resultados foram orientados no sentido de construir a confiança necessária e lidar com vários aspectos do programa nuclear do Irã. Como afirmamos ontem, a Declaração Conjunta removeu obstáculos políticos para a materialização das propostas da Agência Internacional de Energia Atômica feitas em outubro de 2009. Muitos governos e respeitadas instituições internacionais reconheceram seu valor como um importante passo para uma discussão mais ampla do programa nuclear iraniano.
O governo brasileiro lamenta profundamente, portanto, que a Declaração Conjunta não tenha recebido nem o reconhecimento político que merece nem tenha tido tempo que necessita para dar frutos. O Brasil não considera natural recorrer a sanções antes que as partes envolvidas possam sentar e conversar sobre a execução da declaração. As reações do Grupo de Viena à carta iraniana de 24 de maio, que confirmou o compromisso do Irã com o conteúdo da declaração, foram recebidas há apenas algumas horas. Não se deu tempo ao Irã para reagir às opiniões do Grupo de Viena, inclusive a proposta de uma reunião técnica para analisar os detalhes.
A adoção de sanções em tais circunstâncias envia um sinal errado àquilo que poderia ser o início de um compromisso construtivo em Viena. Também foi questão de grave preocupação o modo como os membros permanentes, junto com um país que não é membro do Conselho de Segurança, negociaram entre si durante meses, a portas fechadas.
Sr. Presidente,
O Brasil confere a maior importância ao desarmamento e à não-proliferação e nosso histórico neste domínio é impecável.
Também já afirmamos - e agora reafirmamos - o imperativo de que toda atividade nuclear seja conduzida sob as devidas salvaguardas da Agência Internacional de Energia Atômica. As atividades nucleares do Irã não são uma exceção.
Continuamos a acreditar que a declaração de Teerã é uma política relevante e deve ser perseguida. Esperamos que todas as partes envolvidas enxerguem a sabedoria de longo prazo em fazê-lo. Em nosso ponto de vista, a adoção de novas sanções pelo Conselho de Segurança irá atrasar, em lugar de acelerar ou assegurar o progresso na abordagem da questão. Não devemos perder a oportunidade de iniciar um processo que possa levar a uma solução pacífica e negociada para esta questão. As preocupações relativas ao programa nuclear do Irã, levantadas hoje, não serão resolvidas até que se comece o diálogo. Ao adotar sanções, este Conselho está na verdade optando por uma das duas vias que deveriam ter sido percorridas em paralelo - em nossa opinião, a via errada. Obrigada”.
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