1. José Antonio Spinelli, cientista político, professor, pesquisador da UFRN, assim viu:
“É incrível, nos textos não há uma palavra sobre as ciências humanas: o que fica implícito é que ciência mesmo só as das áreas de exatas, tecnológicas e biomédicas (as chamadas ciências "duras"). Mas há outro preconceito praticamente explícito: contra o brasileiro; nenhum cientista brasileiro foi ouvido.
É verdade: em todos os depoimentos vislumbra-se um preconceito contra o brasileiro. Então, por que esses caras vieram pra cá? Engraçado que nos depoimentos eles ressaltam virtudes nossas, mas são duros quando avaliam explicitamente: casam-se com brasileiras (casar é uma decisão crucial na vida de qualquer pessoa, afeta tudo na vida, inclusive a carreira profissional, as escolhas, quase tudo; provavelmente é a decisão de vida que afeta todos os aspecto vitais de um ser humano), elogiam a disposição do brasileiro para fazer amizades (outra questão vital, que influi na qualidade de vida) e reconhecem que a ciência brasileira (ou o que eles consideram ciência) está avançando, já seria a melhor da América Latina etc. etc.
Não estou negando nossos defeitos (ou supostos defeitos?): o descaso com horários, a dificuldade para tomar decisões "duras". O que é uma decisão "dura": demitir uma pessoa, por exemplo. Não acredito que isso seja defeito; é um cuidado com a preservação das pessoas; talvez exageremos um pouco, mas acho que traços apontados como defeitos devem ser vistos por outro lado (toda moeda tem dois lados). Os caras dos depoimentos à FSP demonstram essa incapacidade de ver "dois lados", de perceber virtudes onde aparentemente só há defeitos ou de apreender o caráter multifacetado das coisas humanas..”.
2. Otaciel de Oliveira Melo, geólogo, Doutor em Petrologia, professor da UFC:
“Durante o governo FHC a Universidade Pública foi totalmente sucateada. Você enviava um projeto de Pesquisa para o CNPq e o comitê que escolhia os melhores respondia: ‘a sua proposta de trabalho é boa, mas não temos recursos para financiá-la’. Era assim, projeto após projeto. Isso para não falar nas informações privilegiadas, ou seja:
Os grupos emergentes de pesquisa, das universidades nordestinas, por exemplo, nunca eram beneficiados. Quando os editais chegavam à Universidade Federal do Ceará, os professores tinham 72 horas para elaborar todo o projeto, preencher uma quantidade enorme de formulários, essa coisa toda. Todos os anos a coisa se repetia dessa maneira. Ao longo desse tempo, muitos professores desistiram de ser pesquisadores e muitos dos que gostariam de ser, também. Agora, no segundo mandato do Lula, as coisas são muito mais transparentes. Não quero dizer que todos os projetos sejam aprovados. Mas todo o mundo tem acesso ao edital na hora em que ele é lançado no site de qualquer órgão de fomento à pesquisa. Portanto, a coisa esta muito mais transparente e com muito mais recursos financeiros.
As Universidades Públicas contam agora com muito, mas muito mais recursos.”
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