*por FERNANDO RIZZOLO
WWW.BLOGDORIZZOLO.COM.BR
Talvez uma das características mais revolucionárias do instinto humano seja a capacidade de nos indignarmos. Na história do mundo, inúmeras foram as pessoas que pela força motriz da indignação e do não conformismo se lançaram a uma nova proposta, a uma nova postura, diante de situações que ao olhar de um conformista nada restaria a não ser a resignação.
Tenho me aprofundado muito na questão do que chamamos no judaísmo de Tikún Olam, que significa reparar, transformar e melhorar nosso mundo. Como seres humanos, somos, na essência, parceiros de Deus, e um bom parceiro não pode fazer vistas grossas aos problemas que envolvem a sociedade, como o combate às injustiças sociais, a luta contra a miséria e a disposição para a ética no esforço do aprimoramento profissional, seja de que área for.
No Brasil, ainda não transformamos a política num instrumento hábil e capaz de servir aos interesses da maioria da população pobre do nosso País, salvo algumas propostas ou a atuação de alguns políticos idealistas. Na verdade, este instrumento social tem sido desvirtuado de sua originária proposta social. Vivemos no Brasil uma crise de ética política, haja vista o passado dos representantes do povo brasileiro, salvo algumas dignas exceções. Com efeito, a indignação e política são irmãs por natureza, a primeiro advinda do espírito, do senso de justiça, do inconformismo, a segunda resultante da viabilidade social de se fazer concretizar o ideal da mudança.
Muito se fala em relação aos fatores que levam ao Tikum Olam. Na própria história do presidente Lula, existe um componente forte de indignação que nos faz perguntar: "Até que ponto a indignação de Luiz Inácio Lula da Silva não o moveu a iniciar um caminho de líder sindical que culminou à Presidência da República?
Quando partimos de uma análise política - espiritual, atemo-nos apenas ao lado emocional. Com certeza, em determinando momento de vida, o presidente, ainda operário, viu-se parceiro de um projeto maior, mesmo sem ter total conhecimento da essência deste projeto, assim como tantos outros líderes, no Brasil e no mundo, dos mais variados segmentos sociais ou profissionais, mas o fez com brilhantismo.
A indignação é algo que devemos praticar. Alguns já nascem com ela, outros a desenvolve, e infelizmente outra parcela a perde. A vigilância e os questionamentos sobre o que é justo e ético do ponto de vista humano são matéria-prima do senso de indignação, que por sua vez, é o instrumento eficaz de participação do projeto divino de parceria do homem com Deus, muito embora o valor do exercício dessa parceria material transcenda aspectos religiosos.
Muitos daqueles que repararam, transformaram e melhoraram o mundo com seus atos, gestos e idéias, mesmo sem saber, foram de uma religiosidade infinita; até porque, aos olhos do Grande Arquiteto do Universo, o que importa é a ação, a parceria, e isso vale mais do que mil orações.
Ainda me lembro certa vez, quando caminhava no centro de São Paulo em direção ao fórum; em dado momento, na calçada movimentada, me dei conta de que as pessoas, inclusive eu, por falta de espaço físico, passavam por cima dos pés de uma criança que dormia enrolada num cobertor sujo, provavelmente drogada.
Num gesto rápido, ao passar por ela, olhei o relógio para verificar se estava atrasado ao meu compromisso. Foi quando me surpreendi com o fato de que eu e tantas outras pessoas, havíamos passado por cima de ser humano, uma criança abandonada, doente, sem nem sequer nos termos indignado. Aquela imagem e a minha insensibilidade me perturbaram o dia inteiro. Eu dizia para mim mesmo: " Você jamais deve se acostumar a ver crianças jogadas na rua".
Era época de Yom Kippur, o Dia do Perdão, quando fazemos um balanço do ano que passou e nos arrependemos dos erros cometidos. Então tentei responder perante Deus à seguinte pergunta, como costumo fazer todos os anos faço: " Que tipo de pessoa eu me tornei ?" A resposta sempre me serviu para me redirecionar, e me fazer indignar com as coisas erradas desse mundo. Afinal a indignação é um instrumento de Deus e perdê-la significa não ser mais um bom parceiro, e isso não é bom nem para Ele, tampouco para nós.
Fernando Rizzolo é Advogado e editor do Blog do Rizzolo - www.blogdorizzolo.com.br
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Talvez uma das características mais revolucionárias do instinto humano seja a capacidade de nos indignarmos. Na história do mundo, inúmeras foram as pessoas que pela força motriz da indignação e do não conformismo se lançaram a uma nova proposta, a uma nova postura, diante de situações que ao olhar de um conformista nada restaria a não ser a resignação.
Tenho me aprofundado muito na questão do que chamamos no judaísmo de Tikún Olam, que significa reparar, transformar e melhorar nosso mundo. Como seres humanos, somos, na essência, parceiros de Deus, e um bom parceiro não pode fazer vistas grossas aos problemas que envolvem a sociedade, como o combate às injustiças sociais, a luta contra a miséria e a disposição para a ética no esforço do aprimoramento profissional, seja de que área for.
No Brasil, ainda não transformamos a política num instrumento hábil e capaz de servir aos interesses da maioria da população pobre do nosso País, salvo algumas propostas ou a atuação de alguns políticos idealistas. Na verdade, este instrumento social tem sido desvirtuado de sua originária proposta social. Vivemos no Brasil uma crise de ética política, haja vista o passado dos representantes do povo brasileiro, salvo algumas dignas exceções. Com efeito, a indignação e política são irmãs por natureza, a primeiro advinda do espírito, do senso de justiça, do inconformismo, a segunda resultante da viabilidade social de se fazer concretizar o ideal da mudança.
Muito se fala em relação aos fatores que levam ao Tikum Olam. Na própria história do presidente Lula, existe um componente forte de indignação que nos faz perguntar: "Até que ponto a indignação de Luiz Inácio Lula da Silva não o moveu a iniciar um caminho de líder sindical que culminou à Presidência da República?
Quando partimos de uma análise política - espiritual, atemo-nos apenas ao lado emocional. Com certeza, em determinando momento de vida, o presidente, ainda operário, viu-se parceiro de um projeto maior, mesmo sem ter total conhecimento da essência deste projeto, assim como tantos outros líderes, no Brasil e no mundo, dos mais variados segmentos sociais ou profissionais, mas o fez com brilhantismo.
A indignação é algo que devemos praticar. Alguns já nascem com ela, outros a desenvolve, e infelizmente outra parcela a perde. A vigilância e os questionamentos sobre o que é justo e ético do ponto de vista humano são matéria-prima do senso de indignação, que por sua vez, é o instrumento eficaz de participação do projeto divino de parceria do homem com Deus, muito embora o valor do exercício dessa parceria material transcenda aspectos religiosos.
Muitos daqueles que repararam, transformaram e melhoraram o mundo com seus atos, gestos e idéias, mesmo sem saber, foram de uma religiosidade infinita; até porque, aos olhos do Grande Arquiteto do Universo, o que importa é a ação, a parceria, e isso vale mais do que mil orações.
Ainda me lembro certa vez, quando caminhava no centro de São Paulo em direção ao fórum; em dado momento, na calçada movimentada, me dei conta de que as pessoas, inclusive eu, por falta de espaço físico, passavam por cima dos pés de uma criança que dormia enrolada num cobertor sujo, provavelmente drogada.
Num gesto rápido, ao passar por ela, olhei o relógio para verificar se estava atrasado ao meu compromisso. Foi quando me surpreendi com o fato de que eu e tantas outras pessoas, havíamos passado por cima de ser humano, uma criança abandonada, doente, sem nem sequer nos termos indignado. Aquela imagem e a minha insensibilidade me perturbaram o dia inteiro. Eu dizia para mim mesmo: " Você jamais deve se acostumar a ver crianças jogadas na rua".
Era época de Yom Kippur, o Dia do Perdão, quando fazemos um balanço do ano que passou e nos arrependemos dos erros cometidos. Então tentei responder perante Deus à seguinte pergunta, como costumo fazer todos os anos faço: " Que tipo de pessoa eu me tornei ?" A resposta sempre me serviu para me redirecionar, e me fazer indignar com as coisas erradas desse mundo. Afinal a indignação é um instrumento de Deus e perdê-la significa não ser mais um bom parceiro, e isso não é bom nem para Ele, tampouco para nós.
Fernando Rizzolo é Advogado e editor do Blog do Rizzolo - www.blogdorizzolo.com.br
9 comentários:
MENSAGEM DE UM CAMPONÊS AFLITO
DESAPROPRIAÇÃO DA CHAPADA DE APODI/RN
Nasci nessa terra que me criou, que me alimentou, que me deu alegrias e me fez feliz. Amo esse chão como amei ao meu pai, hoje falecido, pois sinto nessa terra sua presença viva e constante como um defensor oculto que nos protege, no limite de sua intervenção.
Assisti ao meu pai ajudando-o lado a lado, desde quando me entendo, fosse no prepara do solo, fosse no plantio, no zelo absoluto de um bom trato ou nas colheitas fartas e prósperas de uma terra-mãe com muitas histórias, herdada de filhos a netos ao longo de um percurso que se perde nos tempos mais remotos.
Dessa terra, tão conhecida como Capada de Apodi, meu querido pai tirou todo o seu sustento (família), sempre aumentando seu rebanho caprino e bovino.
Hoje, repetimos o que nossos pais faziam, sempre ampliando nossas áreas de trabalho, no limite de nossas forças e condições.
Temos vivido sempre à margem do esquecimento dos órgãos credenciados, no abandono total dos governantes, sem a menor assistência, no clamor das secas ou na agonia das enchentes. E quando uma luz se acende no final do túnel com a chegada da energia e a possível chegada da água, recebemos a triste e dolorosa notícia de que vamos ser despejados de nossas terras. Querem tirá-las do nosso domínio para entregá-las aos grandes empresários, expulsando-nos do nosso chão onde fizemos histórias.
A alegria que antes habitava em nossos corações, agora é a tristeza que impera e fere fundo nossas almas. A paz e a tranqüilidade que se fazia presente em nossa humilde morada, nos abandonou, deixando-nos à mercê de um grupo mesquinho e ambicioso, assaltando nossa tranqüilidade com os horrendos FANTASMAS da desapropriação injusta e desonesta ao longo da chapada de Apodi.
Olho nos olhos dos meus filhos, nos olhos de minha companheira e vejo quanta amargura, quanto medo, quanta desilusão, quanta incerteza, quanto pavor e guardo em mim a soma de tudo isso que já me rouba o apetite, bloqueia-me o sono, apavora-me os pesadelos, porquanto tenho sonhos horríveis e acordo em pânico! Tenho medo de dormir...
Por tudo isso e muito mais, rogo a Deus não permiti que nos expulsem tomando nossas terras, nosso chão, nossa vida,nossa história. Clamamos por J U S T I Ç A.
Estamos sendo ameaçados por tecnicos do DNOCS, aue vamos ser despejados das nossas terras, e se não aceitarmos o despejo termos que contratar advogados para nos defenderem, que governo é este, Agricultores da chpada dizem não ao PT E AO PMDB.
Prezado Fernando,
Confesso, que fiquei emocionado ao ler seu texto,INDIGNAÇÃO, e, sobretudo, quando você cita Yom Kippur, O Dia do Perdão, pois este dia, é sobremaneira, muito importante. Levamos muito a sério. Quanto ao cotidiano das grandes metrópoles citado por você, sobre uma criança deitada e enrolada, possivelmente UMA MULTIDÃO DEVE TER PISADO NELA. Este é o preço das grandes cidades. A perca da sensibilidade, o coração dos homens das metrópoles são feitos de concreto, não que ELES queiram, mas são as circunstâncias, o dia-a-dia, os horários a serem cumpridos, e etc.Nas calçadas aquele montoado de seres humanos, que caminham e caminham sempre olhando o relógio.Tenho que chegar logo... Onde foi parar a essência do chamado HOMEM??? Explodiu no cotidiano de uma vida sem rumo, na busca de um consumismo desenfreado e instigado pelo marketing. Um simples bom dia na metrópole pode significar uma tragédia. Um olhar carinhoso pode resultar em morte ou assassinato. O estender de uma mão simbolizando um gesto de amor, na metrópole, é visto como alguém que quer assaltar. E o vai-e-vém prossegue interminavelmente nas calçadas, ruas e avenidas. Ninguém olha do lado num processo normal, e se olhar, deve estar assustado com algo. Se você dá um vacilo, o carro te atropela. Se você socorre alguém, vem àquelas séries de interrogatórios onde se pergunta: Porquê você socorreu a vítima? No final, sua conta torna-se alta, por ter ajudado, é lamentável.
Estamos virando ou nos transformando em quê? Que tipo de espécie humana estamos nos revelando? A Metrópole oferece tudo que se precisa, diversão, hospitais, cinemas, festas, locais onde se passa um dia vendo vitrines como Shopings. Porém, tem uma ' coisa" que ela não oferece: A tranquilidade, aquele sorriso maroto e despreocupado. A Metrópole não proporciona você poder andar descalço e deixar a marca dos seus pés na poeira. A Metrópole escarnece de suas atitudes humanitárias. Seria uma visão simplista de minha parte? Pode até ser...
Prezado
Fernando Rizzolo,
* * *
"'P'A'R'A'B'E'N'S'" - com todas as
letras!!!
* * *
O PRESIDENTE LUIZ INACIO LULA DA SILVA, ABASTECIDO DE INDIGNAÇAO, COM O BRASIL SOFREDOR, A SEGUIR DA
DITADURA, SE MUNIU DE UMA DETERMINAÇAO INABALAVEL DE MUDAR OS
RUMOS DA NOSSA HISTORIA, SEM PERDER
A "TERNURA", COMO DIZIA "CHE".
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