Os adeptos de José Serra ganharam um presente no início de julho: o seu desempenho nas pesquisas. Especialmente depois das trapalhadas na escolha do vice, quando Serra teve que engolir a indicação do DEM. O que fez a diferença para a súbita melhora do seu desempenho? Olhando as duas pesquisas, duas coisas saltam aos olhos. A primeira é o desempenho de Serra no Sul do país: em um mês, pulou de 38% para 50% pelo Datafolha. A outra,é a sua exposição na televisão nos programas partidários do PSDB, PPS e PTB. Será o ponto de desequilíbrio? Um fato que modificaria a história da eleição, claramente favorável a Dilma?
Certa vez, perguntei a uma eleitora típica da classe D em quem ela votaria. Respondeu que não sabia. Nomeei os candidatos e a reação foi nenhuma. Depois perguntei se ela votaria em alguém escolhido pelo Lula. A resposta foi exemplar: sim, desde que não fosse o Arruda. Como se sabe, Arruda foi trucidado pela mídia. Dia sim e o outro também, a televisão mostrava o vídeo de Arruda recebendo grana de Durval. Nunca se especificou, com clareza, que ele era candidato e não governador naquele momento. Assim, a maioria da população brasileira acha que Arruda foi cassado e preso por conta daquela grana do Durval. O que não é verdade. Não importa, Arruda foi pego recebendo dinheiro vivo e isso significa, para a imensa maioria da população, que é ladrão.
O fato é que a escolha do eleitor da classe D, aquele que não lê jornal, mal discute política e cujo horizonte de sua vida é a capacidade de fazer um crediário, é influenciada pela televisão. Sobretudo pela forma como a televisão trata o fato. Arruda teve uma exposição avassaladora. Já outras questões igualmente relevantes não foram tão expostas. Como Serra foi exposto, e bem exposto no horário partidário da televisão, teve uma boa alavancagem. No entanto, e sempre vai haver um “no entanto”, a questão para Serra é mais séria. Daqui a pouco, Dilma vai estar na televisão com quase 40% do tempo disponível. As coligações de Dilma são – na média – tão boas ou melhores do que as de Serra. Outro ponto é a economia bombando. Os fatores estruturais da campanha continuam a favor de Dilma e, de certa forma, independem dela.
Em breve, outros dois fatores vão entrar em campo: o voto feminino e a despedida de Lula. Dilma já leva vantagem no eleitorado feminino e pode se expandir quando a campanha for para a televisão. O voto feminino também será disputado por Marina. Mas aí entra o fator tempo: Dilma tem quase 10 vezes mais tempo de TV do que Marina. Outro fator é a saída de Lula. Quando ele começar a se despedir pelos palanques do Brasil afora, vai ser um imenso chororô. Vai estar se despedindo o presidente que foi, para a imensa maioria dos brasileiros, o cara que fez os programas Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos e aumentou – quase triplicou – o salário mínimo, entre outras proezas.
Evidente que a subida de Serra é, de verdade, um alento para o PSDB. Mas não elimina o imenso desafio que ele tem pela frente, de fazer o povo acreditar que ele pode ser melhor do que Dilma quando tudo conspira contra tal tese. A televisão, e sempre ela, vai fazer a diferença. Respondendo às duas perguntas do início do artigo. Não creio que o resultado das pesquisas da semana passada represente um ponto fora da curva ou o ponto de desequilíbrio que estaria mudando a história da eleição. Dilma continua favorita e Serra continua dependendo de: a) construir um discurso popular; b) ser verdadeiramente popular; c) acertar em todas as suas estratégias e na implantação delas; d) torcer para que Dilma erre muito; e e) torcer ainda mais para que Lula fique longe da disputa. *Murillo de Aragão é cientista político. Blog do Noblat
O fato é que a escolha do eleitor da classe D, aquele que não lê jornal, mal discute política e cujo horizonte de sua vida é a capacidade de fazer um crediário, é influenciada pela televisão. Sobretudo pela forma como a televisão trata o fato. Arruda teve uma exposição avassaladora. Já outras questões igualmente relevantes não foram tão expostas. Como Serra foi exposto, e bem exposto no horário partidário da televisão, teve uma boa alavancagem. No entanto, e sempre vai haver um “no entanto”, a questão para Serra é mais séria. Daqui a pouco, Dilma vai estar na televisão com quase 40% do tempo disponível. As coligações de Dilma são – na média – tão boas ou melhores do que as de Serra. Outro ponto é a economia bombando. Os fatores estruturais da campanha continuam a favor de Dilma e, de certa forma, independem dela.
Em breve, outros dois fatores vão entrar em campo: o voto feminino e a despedida de Lula. Dilma já leva vantagem no eleitorado feminino e pode se expandir quando a campanha for para a televisão. O voto feminino também será disputado por Marina. Mas aí entra o fator tempo: Dilma tem quase 10 vezes mais tempo de TV do que Marina. Outro fator é a saída de Lula. Quando ele começar a se despedir pelos palanques do Brasil afora, vai ser um imenso chororô. Vai estar se despedindo o presidente que foi, para a imensa maioria dos brasileiros, o cara que fez os programas Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, Luz para Todos e aumentou – quase triplicou – o salário mínimo, entre outras proezas.
Evidente que a subida de Serra é, de verdade, um alento para o PSDB. Mas não elimina o imenso desafio que ele tem pela frente, de fazer o povo acreditar que ele pode ser melhor do que Dilma quando tudo conspira contra tal tese. A televisão, e sempre ela, vai fazer a diferença. Respondendo às duas perguntas do início do artigo. Não creio que o resultado das pesquisas da semana passada represente um ponto fora da curva ou o ponto de desequilíbrio que estaria mudando a história da eleição. Dilma continua favorita e Serra continua dependendo de: a) construir um discurso popular; b) ser verdadeiramente popular; c) acertar em todas as suas estratégias e na implantação delas; d) torcer para que Dilma erre muito; e e) torcer ainda mais para que Lula fique longe da disputa. *Murillo de Aragão é cientista político. Blog do Noblat
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