quinta-feira, 15 de julho de 2010

Os Verdes e as Crianças Pálidas

*por Fernando Rizzolo
WWW.BLOGDORIZZOLO.COM.BR
Certa vez, ao participar de uma explanação sobre o universo que engloba as questões sobre direitos humanos, observei que o tema é realmente amplo. Prova disso são as questões abrangidas pelo PNDH (Plano Nacional de Direitos Humanos) e pelo explanador, que discorreu de forma brilhante sobre os demais problemas do Brasil nessa esfera. A abrangência que o tema comporta abre um leque de discussões que vai desde os direitos fundamentais ao comportamento dos meios de comunicação em relação aos direitos humanos.
O uso de temas cuja capacidade de exposição aflui para outras áreas é uma característica da modernidade, na condensação de variados assuntos sobre determinada bandeira. A preocupação com o verde, a sustentabilidade, os direitos humanos são essenciais, de fato; contudo, vale uma reflexão no que diz respeito à utilização partidária da sustentabilidade e do verde como postulação de uma política mais restritiva à questão social propriamente dita. Aliás, por exemplo, a falta de saneamento básico seria um assunto relacionado aos direitos humanos, ao verde, à ecologia, à saúde pública ou à inclusão social?
Na realidade, os partidos verdes ao redor do mundo acabaram por diluir seu discurso, capitalizando os demais entraves sociais ao mesmo tempo que tentando restringi-los, de forma que fizessem uma apologia nas propostas de redução de crescimento econômico, quando, na verdade, o que precisamos é crescer muito, mas com responsabilidade social, o que envolve não só questões sustentáveis, mas acima de tudo urgência no que diz respeito à alimentação e às condições de saúde de nossos milhares de crianças carentes de verde e completamente lânguidas de fome.
Ao adentrar na seara das questões sociais, alguns partidos verdes fazem o jogo do conservadorismo, tentando seduzir mentes jovens numa verdadeira manobra diversionista ideológica, retrocedente. Temos a obrigação de defender os meios de sustentabilidade, o verde, mas jamais de propor que o ser humano, em países pobres como o Brasil, onde a desnutrição ainda impera, seja privado de crescimento econômico com base num discurso que apenas confunde as interpretações abrangentes de expressões de impacto, como a pura bandeira de cor verde se sobrepondo ao pobre rosto pálido de nossas crianças, de saúde precária e insustentável.
Fernando Rizzolo é Advogado e editor do Blog do Rizzolo www.blogdorizzolo.com.br, e Dilmista de coração.

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