terça-feira, 6 de julho de 2010

GOVERNO LULA: Petrobras deve liderar em investimentos

Estatal prevê investir US$ 44 bilhões neste ano, ante US$ 28 bilhões cada de Exxon e Shell, segundo o CBIE

Se esse quadro se concretizar, será o 3º ano consecutivo de liderança; precondição é a capitalização

SAMANTHA LIMA
PEDRO SOARES
DO RIO

O projeto de exploração do pré-sal e a construção de três refinarias levarão a Petrobras, pelo terceiro ano consecutivo, à liderança em investimentos entre as maiores petroleiras do mundo -isso se a capitalização for adiante e a estatal não perder o grau de investimento, hoje sob risco.
Com US$ 44 bilhões em investimentos previstos para este ano, a estatal supera em 57% o que a Exxon e a Shell, duas das maiores empresas de petróleo em valor de mercado do mundo, preveem -US$ 28 bilhões cada.
O levantamento foi feito pelo CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a pedido da Folha.
A Petrobras já havia superado a Exxon em investimentos em 2008 e 2009. A norte-americana aplicou US$ 26 bilhões e US$ 27 bilhões, respectivamente, ante US$ 29,1 bilhões e US$ 34,7 bilhões da brasileira.
A Petrobras é a 15ª maior empresa do mundo em termos de produção, reservas e resultados financeiros, segundo a edição 2010 do ranking da consultoria Petroleum Intelligence Weekly. Em primeiro e segundo lugares estão a saudita Saudi Aramco e a Exxon.
As estrangeiras têm desacelerado e até reduzido investimentos devido à crise. A descoberta de novas reservas e a construção de refinarias no Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro levaram a empresa brasileira à mão oposta.
"É esperado que a Petrobras tenha um plano de investimentos maior porque tem mais desafios. Mas é possível que não se mantenha esse volume nos próximos anos. O número de projetos vai superar a capacidade da empresa de geri-los, o que é um risco", diz Adriano Pires, presidente do CBIE.
A empresa depende da capitalização para sustentar seus projetos, já que a maior parte dos recursos ficará no caixa da empresa -outra parte será usada para pagar a União pela cessão onerosa de 5 bilhões de barris. Estima-se que a operação levante US$ 50 bilhões.
Para Victor de Figueiredo, da corretora Planner, "agora não é o melhor momento para a Petrobras ir a mercado", sob o risco de ter de reduzir o tamanho da operação e o preço de venda das ações.
O cenário de incerteza já fez cair o preço dos títulos de dívida da Petrobras no mercado, segundo Max Bueno, da Spinelli.
É imperativo para a Petrobras fechar até setembro a capitalização para não perder o grau de investimento, já que sua alavancagem (dívida sobre patrimônio) vai superar o teto de 35% estabelecido por agências de risco.
Mônica Araújo, da corretora Ativa, diz que a petrolífera pode reduzir investimentos, dependendo do resultado da capitalização. "O mau humor do mercado pode comprometer a operação; e o ritmo dos investimentos e a manutenção do grau de investimento dependem dela."
A capitalização já recebeu sanção presidencial e depende, agora, da avaliação do preço dos barris a ser pago pela Petrobras.

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