Amigos e leitores
Prestem atenção na matéria abaixo. Ela é 25/09/2006, e foi publicada na revista Época. Acreditem: A revista Veja cinicamente requentou a matéria, e publicou neste fim semana como uma grande novidade, idêntica a matéria de 2006
SAIBA QUEM É ESSE SUJEITINHO
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Wagner Cinchetto reponde processo no STF: O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a quebra do sigilo bancário de dois ex-assessores de Medeiros, Marcos Cará e Wagner Cinchetto. O STF também vai enviar à Justiça americana um pedido de informação sobre supostas contas que Medeiros teria no Commercial Bank, em Nova York. Um processo contra Medeiros, por causa das denúncias, corre em sigilo no STF. (©O Globo)
Leiam aqui o que a própria Veja publicou sobre esse sujeitinho em 2001.
Depoimentos colhidos pela Polícia Federal, aos quais VEJA teve acesso, mostram que tudo começou em 1990, quando Medeiros levou ao então presidente Fernando Collor a idéia de criar uma central sindical, azeitada por doações empresariais. Entusiasmado, Collor escalou seu tesoureiro, PC Farias, para tomar conta do negócio. Um dos empresários dispostos a ajudar, Aldo Lorenzetti, dono da fabricante de chuveiros, vinha sendo achacado por PC e refugou a presença do tesoureiro. Collor escalou então um empresário ainda pouco conhecido, Luiz Estevão de Oliveira. Luiz Estevão reuniu empresários graúdos, que passaram a contribuir, em média, com 300.000 dólares, pagos em parcelas de 50.000. As doações eram legais, feitas com contrato e recibo. Entre as empresas, estavam Souza Cruz, Alcoa, Rhodia, White Martins, Brasinca, Cataguases, Iochpe e Ticket – além do Grupo OK, de Luiz Estevão.
Com dinheiro garantido para criar a central, Medeiros precisava batizá-la. A idéia veio em terras distantes. Financiados pela Ticket, Medeiros, Cinchetto e outro sindicalista, Marcos Cará, embarcaram para a Europa, acompanhados das esposas, para o réveillon de 1990. Foram vinte dias de viagem. Em Portugal, visitaram castelos de Sintra, o santuário de Fátima e comemoraram a virada do ano num cassino no Estoril, onde só entraram depois que um alfaiate lhes conseguiu às pressas os necessários trajes de gala. "Ainda saímos com alguns escudos no bolso", conta Cinchetto, que teve sorte na roleta. Na França, o grupo hospedou-se no hotel Mercure, com três limusines brancas à disposição, com motoristas e guia. Os casais não se separavam, mas cada um saía em sua limusine. Os funcionários do hotel confundiram Medeiros, pela aparência, com um xeque árabe. Nos passeios, usavam o telefone do carro para ligar para o Brasil, narrando os locais por onde passavam. "Estou vendo a Torre Eiffel, uma maravilha", dizia Medeiros, que então presidia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Também utilizavam o telefone para falar entre si, de limusine para limusine
Depoimentos colhidos pela Polícia Federal, aos quais VEJA teve acesso, mostram que tudo começou em 1990, quando Medeiros levou ao então presidente Fernando Collor a idéia de criar uma central sindical, azeitada por doações empresariais. Entusiasmado, Collor escalou seu tesoureiro, PC Farias, para tomar conta do negócio. Um dos empresários dispostos a ajudar, Aldo Lorenzetti, dono da fabricante de chuveiros, vinha sendo achacado por PC e refugou a presença do tesoureiro. Collor escalou então um empresário ainda pouco conhecido, Luiz Estevão de Oliveira. Luiz Estevão reuniu empresários graúdos, que passaram a contribuir, em média, com 300.000 dólares, pagos em parcelas de 50.000. As doações eram legais, feitas com contrato e recibo. Entre as empresas, estavam Souza Cruz, Alcoa, Rhodia, White Martins, Brasinca, Cataguases, Iochpe e Ticket – além do Grupo OK, de Luiz Estevão.
Com dinheiro garantido para criar a central, Medeiros precisava batizá-la. A idéia veio em terras distantes. Financiados pela Ticket, Medeiros, Cinchetto e outro sindicalista, Marcos Cará, embarcaram para a Europa, acompanhados das esposas, para o réveillon de 1990. Foram vinte dias de viagem. Em Portugal, visitaram castelos de Sintra, o santuário de Fátima e comemoraram a virada do ano num cassino no Estoril, onde só entraram depois que um alfaiate lhes conseguiu às pressas os necessários trajes de gala. "Ainda saímos com alguns escudos no bolso", conta Cinchetto, que teve sorte na roleta. Na França, o grupo hospedou-se no hotel Mercure, com três limusines brancas à disposição, com motoristas e guia. Os casais não se separavam, mas cada um saía em sua limusine. Os funcionários do hotel confundiram Medeiros, pela aparência, com um xeque árabe. Nos passeios, usavam o telefone do carro para ligar para o Brasil, narrando os locais por onde passavam. "Estou vendo a Torre Eiffel, uma maravilha", dizia Medeiros, que então presidia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Também utilizavam o telefone para falar entre si, de limusine para limusine
Entrevista - Wagner Cinchetto - Revista Época - 25/09/2006
O destruidor de imagens-Leandro Loyola
O ex-sindicalista Wagner Cinchetto diz ser um profissional do mundo clandestino das campanhas eleitorais. Diz ter participado, em 2002, de um grupo secreto cuja missão era difamar adversários do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Entre seus companheiros estariam o atual presidente do PT, Ricardo Berzoini, o secretário licenciado do Ministério do Trabalho Osvaldo Bargas e Carlos Alberto Grana, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, ligada à CUT. Ele afirma ter bisbilhotado gente ligada a Ciro Gomes e José Serra, candidatos que mais ameaçaram a eleição de Lula. Quando está à vontade, Cinchetto fala de si mesmo como “destruidor de imagens” e diz\ saber bem como fazer um dossiê. Rompido com o PT desde 2003, ele relata como teria agido para prejudicar os adversários políticos.
Época – Você diz ter participado em 2002 de um grupo clandestino da campanha do então candidato Lula. Qual era sua função?
Wagner Cinchetto – Primeiro, ninguém constrói dossiê. Ele só existe porque tem alguma coisa, grave ou não, feita por determinada pessoa. Nas campanhas, você obtém informações contra os adversários. É produto de conversas com outras pessoas, de investigação, de pesquisa de documentos em cartórios. Dá para obter sem extrapolar os limites da lei.
Época – Como se divulga uma denúncia?
Cinchetto – Uma das coisas que dão mais credibilidade é (o denunciante) não estar envolvido no comitê de campanha. Quando a informação vem do comitê, o jornalista já vê que é briga política. Por isso, é importante que esse tipo de informação seja repassado à imprensa por setores e fontes de fora do partido. Agora, tentaram divulgar comprando gente, pagando, envolvendo investigados. Onde já se viu se envolver na compra de um dossiê com uma pessoa que está sob vigilância da Polícia Federal (Luiz Antonio Vedoin, apontado como chefe da quadrilha das sanguessugas).
Época – Como funciona um grupo encarregado desse trabalho numa campanha eleitoral?
Cinchetto – Tem de ter número reduzido de reuniões e não partilhar muito as informações, porque é perigoso. Tem de ser formado por pessoas de confiança. Não pode participar só porque é amigo, porque faz parte de circulo íntimo de amizade. Tem de ser quem entende, gosta e sabe atuar nessa área com responsabilidade. Tem de ter sigilo. Se você está numa operação, não pode compartilhar com todo mundo. Eu compartilhava no máximo com duas pessoas, o necessário para analisar se era importante ou não. Tem de saber se está sendo monitorado.
Época – Fazer dossiê é prática generalizada?
Cinchetto – A maioria dos partidos faz disso um instrumento para ganhar eleições, mas não reconhece porque acha eticamente condenável. Quem entra numa eleição e sabe, que precisa disputar e ter a vida como livro aberto tem de saber que esse tipo de ataque pode acontecer. E, vamos falar a verdade: quem tem passado limpo, dossiê nenhum destrói. No caso do Paulinho (Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, contra quem Cinchetto diz ter espalhado denúncias que tiraram pontos de Ciro na campanha de 2002), em 2002, quem o escolheu para vice foi o Ciro Gomes. Ele sabia que havia informações de irregularidades na gestão do Paulinho sobre o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) na Força Sindical.
Época – Desde quando o PT tem um grupo desse tipo para produzir dossiês?
Cinchetto – Em 2002, nós montamos o grupo para defender o então candidato Lula de possíveis ataques. O grupo foi montado com a autorização de Lula e trabalhou fora da estrutura partidária. Era composto do então, secretário-geral da CUT, Carlos Alberto Grana, de Osvaldo Bargas (ex-integrante da campanha de Lula envolvido na divulgação de denúncias contra Serra), do deputado Ricardo Berzoini (presidente do PT, afastado do comando da campanha de Lula) e de uma série de outras pessoas. O grupo passou a se reunir para fazer uma blindagem ao candidato Lula e, ao mesmo tempo, para fazer ataques a adversários, porque o Lula tinha sofrido isso nas campanhas anteriores.
Época – É o mesmo grupo que atua hoje?
Cinchetto – Fora algumas pessoas – como eu, que não -, estou8 nesse grupo de hoje -, sim. Eles acrescentaram o churrasqueiro, o (Jorge) Lorenzetti, como pessoa responsável pela inteligência, e o (Assessor especial da Secretaria Particular as Presidência) Freud Godoy. É uma adaptação feita pelo Bargas, pelo Berzoini e pelo (ministro do trabalho, Luiz) Marinho. Na realidade, o ministro está quieto, mas o Bargas é homem forte dele, é ex-secretário dele no ministério. Eles tentaram remontar o grupo agora de maneira confusa. Deu no que deu.
Época – Por que deu errado?
Cinchetto – Eles não foram profissionais. Usaram dinheiro. Acho que eles se acostumaram com aquela vida estabelecida pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, de colocar dinheiro em tudo. Eles colocaram alta soma de dinheiro para adquirir um dossiê que, se tivessem realmente um serviço de informação. Foi um trabalho de amador. Eles acharam que informação tem de ser partilhada com gente da cozinha do presidente da República, os mais íntimos, os que fazem churrasco, jogam bola, freqüentam a casa. É a maneira sindicalista de pensar. São pessoas com esse perfil que criaram o mensalão, negociaram milhões no valerioduto, a compra do dossiê... As pessoas que parecem intimas do presidente são as que mais fazem trapalhadas. Enquanto o presidente Lula mantiver esse tipo de coisa vai acontecer sempre.
Época – Por quê?
Cinchetto – É o modus operandi dos sindicalistas. Trabalho há quase 20 anos no sindicalismo. Nos sindicatos, os dirigentes administram fortunas e ninguém fiscaliza nada. Eles não participam de eleições, que são montadas, contratam capangas, eliminam fisicamente os adversários. Todo tipo de irregularidade que você pode imaginar existe no sindicalismo. A República dos Sindicalistas levou esse know-how para dentro do Palácio do Planalto. É por isso que o Delúbio Soares, originário do sindicalismo, fez o que fez na tesouraria do PT. O Bargas está fazendo o que porque tem origem sindical. O Grana, origem sindical. O Berzoini, origem sindical. Lorenzetti, origem sindical. Eles administram o país como um sindicato.
Época – Como vocês trabalhavam em 2002?
Cinchetto – Em 2002, os principais assessores do Lula sabiam de nossas ações. Fazíamos poucas reuniões para evitar misturar com o PT. O grupo se reuniu pouco, analisava o que tinha de fazer rapidamente. O que tinha de fazer era feito rápido. Então era feito contato com a imprensa e as noticias iam saindo. No caso do Serra, tínhamos a informação de que um parente dele havia contraído um empréstimo (no Banco do Brasil) e Serra não dava transparência a esse fato. Obtivemos os papéis que comprovavam o empréstimo, com uma combinação de informações e com fontes que tínhamos dentro do banco.
Época – Por que o PT montou seu núcleo de dossiês em 2002?
Cinchetto – Eles foram muito atacados nas eleições anteriores. Em 1989, eu era assessor do hoje deputado Luiz Antonio de Medeiros e participei ativamente da campanha do Fernando Collor. Uma das informações que mas abalaram o Lula é que ele teria comprado um sofisticado aparelho de som nas Casas Bahia. O Leopoldo (irmão de Collor) acionou um esquema para ir atrás da nota fiscal. Que importância tinha aquilo? Sabia que o Collor ia apresentar isso no debate, com a questão da Lurian (Collor vazou para a imprensa que Lula tinha uma filha de um relacionamento antes do casamento). Em 2002, quando se preocupou em defender a retaguarda de ataques desse tipo e partiu para bater, Lula conseguiu ser eleito. Ele não foi eleito só pelo “Lulinha paz e amor”. Se não tivesse sido feito o que foi feito em 2002, teria sofrido muito mais.
O destruidor de imagens-Leandro Loyola
O ex-sindicalista Wagner Cinchetto diz ser um profissional do mundo clandestino das campanhas eleitorais. Diz ter participado, em 2002, de um grupo secreto cuja missão era difamar adversários do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Entre seus companheiros estariam o atual presidente do PT, Ricardo Berzoini, o secretário licenciado do Ministério do Trabalho Osvaldo Bargas e Carlos Alberto Grana, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, ligada à CUT. Ele afirma ter bisbilhotado gente ligada a Ciro Gomes e José Serra, candidatos que mais ameaçaram a eleição de Lula. Quando está à vontade, Cinchetto fala de si mesmo como “destruidor de imagens” e diz\ saber bem como fazer um dossiê. Rompido com o PT desde 2003, ele relata como teria agido para prejudicar os adversários políticos.
Época – Você diz ter participado em 2002 de um grupo clandestino da campanha do então candidato Lula. Qual era sua função?
Wagner Cinchetto – Primeiro, ninguém constrói dossiê. Ele só existe porque tem alguma coisa, grave ou não, feita por determinada pessoa. Nas campanhas, você obtém informações contra os adversários. É produto de conversas com outras pessoas, de investigação, de pesquisa de documentos em cartórios. Dá para obter sem extrapolar os limites da lei.
Época – Como se divulga uma denúncia?
Cinchetto – Uma das coisas que dão mais credibilidade é (o denunciante) não estar envolvido no comitê de campanha. Quando a informação vem do comitê, o jornalista já vê que é briga política. Por isso, é importante que esse tipo de informação seja repassado à imprensa por setores e fontes de fora do partido. Agora, tentaram divulgar comprando gente, pagando, envolvendo investigados. Onde já se viu se envolver na compra de um dossiê com uma pessoa que está sob vigilância da Polícia Federal (Luiz Antonio Vedoin, apontado como chefe da quadrilha das sanguessugas).
Época – Como funciona um grupo encarregado desse trabalho numa campanha eleitoral?
Cinchetto – Tem de ter número reduzido de reuniões e não partilhar muito as informações, porque é perigoso. Tem de ser formado por pessoas de confiança. Não pode participar só porque é amigo, porque faz parte de circulo íntimo de amizade. Tem de ser quem entende, gosta e sabe atuar nessa área com responsabilidade. Tem de ter sigilo. Se você está numa operação, não pode compartilhar com todo mundo. Eu compartilhava no máximo com duas pessoas, o necessário para analisar se era importante ou não. Tem de saber se está sendo monitorado.
Época – Fazer dossiê é prática generalizada?
Cinchetto – A maioria dos partidos faz disso um instrumento para ganhar eleições, mas não reconhece porque acha eticamente condenável. Quem entra numa eleição e sabe, que precisa disputar e ter a vida como livro aberto tem de saber que esse tipo de ataque pode acontecer. E, vamos falar a verdade: quem tem passado limpo, dossiê nenhum destrói. No caso do Paulinho (Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, contra quem Cinchetto diz ter espalhado denúncias que tiraram pontos de Ciro na campanha de 2002), em 2002, quem o escolheu para vice foi o Ciro Gomes. Ele sabia que havia informações de irregularidades na gestão do Paulinho sobre o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) na Força Sindical.
Época – Desde quando o PT tem um grupo desse tipo para produzir dossiês?
Cinchetto – Em 2002, nós montamos o grupo para defender o então candidato Lula de possíveis ataques. O grupo foi montado com a autorização de Lula e trabalhou fora da estrutura partidária. Era composto do então, secretário-geral da CUT, Carlos Alberto Grana, de Osvaldo Bargas (ex-integrante da campanha de Lula envolvido na divulgação de denúncias contra Serra), do deputado Ricardo Berzoini (presidente do PT, afastado do comando da campanha de Lula) e de uma série de outras pessoas. O grupo passou a se reunir para fazer uma blindagem ao candidato Lula e, ao mesmo tempo, para fazer ataques a adversários, porque o Lula tinha sofrido isso nas campanhas anteriores.
Época – É o mesmo grupo que atua hoje?
Cinchetto – Fora algumas pessoas – como eu, que não -, estou8 nesse grupo de hoje -, sim. Eles acrescentaram o churrasqueiro, o (Jorge) Lorenzetti, como pessoa responsável pela inteligência, e o (Assessor especial da Secretaria Particular as Presidência) Freud Godoy. É uma adaptação feita pelo Bargas, pelo Berzoini e pelo (ministro do trabalho, Luiz) Marinho. Na realidade, o ministro está quieto, mas o Bargas é homem forte dele, é ex-secretário dele no ministério. Eles tentaram remontar o grupo agora de maneira confusa. Deu no que deu.
Época – Por que deu errado?
Cinchetto – Eles não foram profissionais. Usaram dinheiro. Acho que eles se acostumaram com aquela vida estabelecida pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, de colocar dinheiro em tudo. Eles colocaram alta soma de dinheiro para adquirir um dossiê que, se tivessem realmente um serviço de informação. Foi um trabalho de amador. Eles acharam que informação tem de ser partilhada com gente da cozinha do presidente da República, os mais íntimos, os que fazem churrasco, jogam bola, freqüentam a casa. É a maneira sindicalista de pensar. São pessoas com esse perfil que criaram o mensalão, negociaram milhões no valerioduto, a compra do dossiê... As pessoas que parecem intimas do presidente são as que mais fazem trapalhadas. Enquanto o presidente Lula mantiver esse tipo de coisa vai acontecer sempre.
Época – Por quê?
Cinchetto – É o modus operandi dos sindicalistas. Trabalho há quase 20 anos no sindicalismo. Nos sindicatos, os dirigentes administram fortunas e ninguém fiscaliza nada. Eles não participam de eleições, que são montadas, contratam capangas, eliminam fisicamente os adversários. Todo tipo de irregularidade que você pode imaginar existe no sindicalismo. A República dos Sindicalistas levou esse know-how para dentro do Palácio do Planalto. É por isso que o Delúbio Soares, originário do sindicalismo, fez o que fez na tesouraria do PT. O Bargas está fazendo o que porque tem origem sindical. O Grana, origem sindical. O Berzoini, origem sindical. Lorenzetti, origem sindical. Eles administram o país como um sindicato.
Época – Como vocês trabalhavam em 2002?
Cinchetto – Em 2002, os principais assessores do Lula sabiam de nossas ações. Fazíamos poucas reuniões para evitar misturar com o PT. O grupo se reuniu pouco, analisava o que tinha de fazer rapidamente. O que tinha de fazer era feito rápido. Então era feito contato com a imprensa e as noticias iam saindo. No caso do Serra, tínhamos a informação de que um parente dele havia contraído um empréstimo (no Banco do Brasil) e Serra não dava transparência a esse fato. Obtivemos os papéis que comprovavam o empréstimo, com uma combinação de informações e com fontes que tínhamos dentro do banco.
Época – Por que o PT montou seu núcleo de dossiês em 2002?
Cinchetto – Eles foram muito atacados nas eleições anteriores. Em 1989, eu era assessor do hoje deputado Luiz Antonio de Medeiros e participei ativamente da campanha do Fernando Collor. Uma das informações que mas abalaram o Lula é que ele teria comprado um sofisticado aparelho de som nas Casas Bahia. O Leopoldo (irmão de Collor) acionou um esquema para ir atrás da nota fiscal. Que importância tinha aquilo? Sabia que o Collor ia apresentar isso no debate, com a questão da Lurian (Collor vazou para a imprensa que Lula tinha uma filha de um relacionamento antes do casamento). Em 2002, quando se preocupou em defender a retaguarda de ataques desse tipo e partiu para bater, Lula conseguiu ser eleito. Ele não foi eleito só pelo “Lulinha paz e amor”. Se não tivesse sido feito o que foi feito em 2002, teria sofrido muito mais.
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