domingo, 21 de novembro de 2010

Essa matéria não foi publicada no PT de Fortaleza. Por que?

O blog da Dilma queria saber porque esse artigo foi censurado pelo Conselho do Diretorio Municipal do Partido dos Trabalhadores de Fortaleza. Se alguem conseguir explicar nossos editores agradecem.

Por Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Jr - Editor do Blog da Dilma em Fortaleza - cartaxoarrudajr@gmail.com
Sem dúvida, podem pensar ser prepotência, arrogância, audácia. Só um povo que se acha o dono e umbigo do mundo para vaiar o Sol.
Aconteceu aqui em 30.01.1942. Não é por aí, na verdade é molecagem, fuleiragem cearense, traquinagem e presepada dessa gente serelepe, o gosto de fazer pouco de tudo. Era o auge da 2ª Guerra Mundial. Depois de um toró d'água de mais de três dias encarrilhados e sem uma gota de Sol, pela manhã, quando o Sol deu as caras, levou vaia na praça do Ferreira.
Agravantes: A sociedade fortalezense se desnuda na presença militar norte-americana. Surgem as garotas coca-colas (o que a Coca-Cola não sabe?). Aqui na Guerra, chamar uma mulher de garota coca-cola era pior que rotulá-la de rameira, devassa, ninfomaníaca etc. Para não irritar as politicamente corretas: moça fácil, atirada e mal-falada. Havia blecautes na cidade, brigadas de apagões para extinguir fontes de luz que pudessem identificar a cidade no espaço aéreo à noite. Afinal, aqui é a esquina do mundo, logo região estratégica. Com esse clima, o povo vaiou o Sol.
Na óptica sociológica nativa: o povo viu chegar uma inexplicável alegria no rosto desanimado daqueles que lucravam com a indústria da seca, depois do aguaceiro, ao ver brotar o Sol como uma esperança negra para seu sórdido negócio vingar. Então, o povo vaia o Sol como protesto.
Já poetas, boêmios e notívagos embriagados de estrelas, lua e mel vaiaram o Sol para ele voltar e, assim, encompridasse a escuridão. Sem acabar o encantamento da nudez da noite ao pudor do Sol. É demais vaiar o astro-rei, o maior ícone do Estado cujo epíteto é "Terra da Luz".
Essa história é revivida. Manchete de 1ª página no "O Povo", rende crônicas e ensaios, o dramaturgo Gilmar de Carvalho fez uma peça de teatro genial. Pode escrever aí vai virar cinema. O grande Cláudio Pereira, comandando a Funcet, com parcos recursos e muita coragem, tentou repetir o feito algumas vezes. Em todas, o Sol nos passou a perna e não deu as caras, envergonhado ou com medo. Mas nada tão inusitado como o que aconteceu comigo. Em 2005, com esse propósito, procurei assessores do gabinete da prefeita Luizianne Lins. Explanava a idéia e fui interrompido: "Isso é mentira. O povo cearense não vaiou o Sol. Nunca ouvi falar disso. É impossível... Afinal o que o Sol fez de mal a você? O que você tem contra o Sol? Coitadinho do Sol..." Aí a ficha caiu. Pensavam que eu queria vaiar não o Sol, mas o partido político deles! Sinceramente, a grandeza do astro não merece isso, tampouco a magnitude do gesto. O povo brasileiro vaia até minuto de silencio como disse o Nelson Rodrigues, quem pagou o pato, naquele ano, foi o presidente Lula em Porto Alegre vaiado pelo Sol no Fórum Social Mundial. Que como diz a poesia do Drummond. "Não tinha nada a ver com a história".

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