quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Suplicy lê carta em que Battisti se defende

Fonte: Jovem Pan: Texto do ex-ativista foi lido pelo senador petista no Plenário; italiano nega autoria de 4 crimes
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) causou polêmica, nesta quinta-feira, no Plenário do Senado Federal, ao ler uma carta escrita pelo ex-ativista italiano Cesare Battisti. No texto, ele nega os quatro crimes de que é acusado na Itália e disse querer construir uma “sociedade justa” no Brasil. Battisti também afirma que nas ações realizadas dentro do grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) no país, nunca provocou "ferimentos ou a morte de qualquer ser Publicidade humano" e reclamou que nenhuma autoridade o convocou para saber a sua versão dos fatos.
Suplicy, que é defensor da permanência de Battisti no Brasil, visitou o ex-ativista no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, nesta manhã. O senador diz estar convencido da inocência do italiano.
Cesare Battisti, de 56 anos, está preso no Brasil e condenado à revelia pelo governo da Itália por terrorismo. Ele cumpre prisão preventiva em Brasília desde 2007.
No final da década de 1970, Battisti foi membro do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), organização de esquerda que se envolveu em quatro mortes. O italiano nega os crimes.
Leia na íntegra a carta do ex-ativista:
"Aos senhores e às senhoras senadoras e senadores, deputados e deputadas federais e ao povo brasileiro,
De forma humilde, desejo transmitir aos representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional um apelo para que possam me compreender à luz dos fatos que aconteceram na Itália desde os anos 70, nos quais eu estive envolvido.
É fato que nos anos 70 eu, como milhares de italianos, diante de tantas injustiças que caracterizavam a vida em nosso país, também participei de inúmeras ações de protesto e, como tal, participei dos Proletórios Armados pelo Comunismo. Nestas ações, quero lhes assegurar que nunca provoquei ferimentos ou a morte de qualquer ser humano. Até agora, nunca qualquer autoridade policial ou qualquer juiz me perguntou se eu cometi um assassinato. Durante a instrução do processo e o julgamento onde fui condenado à prisão perpétua, eu me encontrava exilado no México e não tive a oportunidade de me defender.
Durante os últimos 30 anos, no México, na França e no Brasil, dediquei-me a escrever livros e as atividades de solidariedade às comunidades carentes com quais convivi.
Os quase 20 livros e documentários que produzi são todos relacionados a como melhorar a vida das pessoas carentes, e como realizar justiça social, sempre enfatizando que, o uso da violência compromete os propósitos maiores que precisamos atingir. Desejo muito colaborar com estes objetivos de construção de uma sociedade justa, no Brasil, por meios pacíficos, durante o resto de minha vida.
Cesare Battisti - Papuda, 03/02/11".

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