terça-feira, 22 de março de 2011

DIA MUNDIAL DA ÁGUA E A PRIVATIZAÇÃO DA SANECAP

DIA MUNDIAL DA ÁGUA




Ecoavam nos corredores da Câmara Municipal de Vereadores inflamados discursos sobre o Dia Mundial da Água, curiosamente em um dia que ninguém em Cuiabá pode reclamar pela sua falta: choveu muito.
Mais eis então que essas vozes bradavam sobre a sua essencialidade para a vida, como parte intrínseca dos direitos humanos, justamente aqueles que estão aderindo a tese privativista do vice-prefeito no exercício da função.
Parece-me uma contradição.
Como se pode dizer que a água é algo inalienável, que é patrimônio de todos e depois a entrega para a exploração comercial de uma empresa?
Mas, vários desses vereadores poderiam acrescentar ao seu nome também “contradição”. Fazem nos bairros e na televisão poderosas defesas do direito do cidadão e depois se reúnem entre abraços e sorrisos com o alcaide nesse jogo de cena que o eleitor é apenas um espectador chamado ao final para pagar a conta.
Onde anda a capacidade de abastecimento da água que antes da famosa ETA Tijucal já servia boa parte da cidade e que com aquela por muitos anos não deveria faltar em nenhuma residência o precioso líquido?
Como é possível aprovar as contas do de cujus, que lega em seu espólio um município sem dinheiro, sem asfalto, sem sistema de coleta e tratamento do lixo, sem saneamento, sem tantas outras coisas que enganosamente prometeu nos palanques eleitorais?
Quais seriam as razões éticas e morais que alguns vereadores acham-se na obrigação de aprovar?
E o interesse público?
O sucateamento da Sanecap, a negligência deve ser proposital, vez que não acredito que sejam tão incompetentes que não conseguem resolver problemas de rompimento de rede de distribuição que, por vezes, demora uma eternidade para ser consertada, enquanto jorra uma quantidade inimaginável de litros de água tratada.
A situação é grave e neste dia da água, vejo que grande parte do esgoto ainda é lançado nos córregos que serpenteiam o perímetro urbano da Capital mato-grossense.
Mas, quem sabe um pouco dessa água que dadivosamente Deus manda sobre a cidade de Cuiabá possa descortinar a mente desses vereadores, pelo menos daqueles que não devem obediência ao alcaide e fazerem duas coisas que ninguém irá esquecer: rejeitar as contas do de cujus e não permitir a entrega do patrimônio público que é a Sanecap para o lucro fácil a custa de todos nós. Não há água que seja capaz de melhorar a imagem daquelas contas do ex-prefeito de triste memória, tampouco será capaz de clarificar a nodoa que será impingida em seus nomes ao votarem pela privatização da Sanecap.
Hilda Suzana Veiga Settineri

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