sexta-feira, 22 de abril de 2011

Escolha de lado

Valdemar Menezes - Jornalista, analista político - Adital
A recomendação de FHC (no artigo "O papel da oposição”) para que o PSDB abandone a busca do apoio do "povão” e se fixe na classe média e em segmentos da elite empresarial e intelectual foi considerada uma definição de campos. FHC cobra a escolha de lado. É um direito seu. Se bem que seus críticos garantam que há muito tempo já não existem dúvidas quanto ao lado escolhido por FHC. Nem todos os tucanos concordam com ele. Luis Bresser Pereira, por exemplo, não engole o que ele chama de "direitização” e rompeu com FHC, como explicou em artigo no Valor Econômico.
"AMOR E REVOLUÇÃO”
A novela "Amor e Revolução”, levada diariamente à telinha, às 22h20min, pelo SBT, está fazendo desabar sobre a empresa a ira dos segmentos envolvidos nas arbitrariedades contra opositores da ditadura de 64, retratadas na novela. Fizeram até manifesto pedindo a censura das cenas. Pode? O desespero maior desse pessoal é perceber que as novas gerações militares não caem mais no engodo de que revelar os atos abomináveis dos torturadores é desmoralizar as Forças Armadas. Uma coisa são os indivíduos, outra coisa a instituição (claro, esta também tem uma certa responsabilidade perante a Nação. Assim como a Igreja reconheceu seus erros e pediu perdão, as FFAA um dia pedirão desculpas por terem encoberto horrores praticados por alguns de seus integrantes).

SEM MONOLITISMO
A novela serve também para por a nu outro engodo: as Forças Armadas, do ponto de vista político, nunca foram monolíticas. No âmbito interno, sempre se refletiu a pluralidade de correntes existentes na sociedade. Sempre existiram militares de esquerda e de direita. Quem não se lembra do nacionalista marechal Teixeira Lott, ou do udenista brigadeiro Eduardo Gomes? E não podia ser de outra forma, pois fazem parte da sociedade. Isso não quer dizer que as Forças Armadas devam ser partidárias, enquanto instituição.
NERVOSISMO
Os "órfãos de 1964” estão mais nervosos porque receberam uma série de más notícias num curto espaço de tempo: proibição das comemorações do golpe de 1964, nos quartéis; a inevitabilidade da instalação da Comissão da Verdade; a condenação à prisão perpétua de mais quatro generais argentinos: Reynaldo Bignone, último ditador do país, condenado por violação de direitos humanos; general Eduardo Cabanillas, condenado por dirigir um centro de detenção e tortura, e mais dois outros (além deles foram punidos dois agentes e um ex-oficial de inteligência militar, condenado a 20 anos). Para completar, o Senado uruguaio aprovou a revisão da lei da anistia para possibilitar a punição de torturadores.

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