Brizola Neto: Da minha companheira, fundadora do PDT, Tania Fayal, sobre o coronel Freddie Perdigão, um dos integrantes da rede terrorista da qual participava o sargento Guilherme do Rosário, morto no atentado do Riocentro, revelada na matéria de O Globo de hoje. Se a Câmara dos deputados e o Senado aprovarem, com urgência, a Comissão da Verdade, o seu depoimento será, pela primeira vez, tomado oficialmente para estabelecer quem eram um dos personagens envolvido no caso.
“O Perdigão me torturou no primeiro e também no último dia de minha prisão, na véspera de minha partida pelo exílio, no grupo de 40 presos políticos trocados pelo embaixador alemão Ehrenfried von Holleben. Ele participou da minha prisão, no elevador do prédio onde eu alugava um apartamento, na esquina da República do Peru com N. S. de Copacabana. Me levaram para dentro do apartamento, me agrediram, me penduraram na janela do prédio, me amarraram numa poltrona e começaram as torturas. Ficaram esperando chegarem outras pessoas, e prenderam meu pai e minha mãe, que foram me visitar. Isso foi no dia de 19 de dezembro. No dia seguinte de manhã, me picharam com tinta spray, preta, e me levaram ao Batalhão de Guarda, em São Cristovão. Nos dias em que estive lá e no Doi-Codi- antes de ser levada para o o presídio Talavera Bruce, em Bangu – Perdigão participava sistematicamente das ações de tortura. Meus companheiros de prisão, Domingos Fernandes e Carlos Fayal podem testemunhar, porque foram igualmente torturados por ele. Na véspera de minha libertação, eu o ouvia gritar: “Cabo da guarda, traz essa filha da puta dessa mulher. Você me paga…” Não queria mais informação nenhuma, era só ódio animalesco. Ele não apenas mandava torturar, torturava pessoalmente, aplicando “telefones” (tapas simultâneos nas duas orelhas), choques elétricos, pendurando no pau de arara e aplicando sevícias de todos os mais bárbaros gêneros.Eu me lembro de um detalhe:
“O Perdigão me torturou no primeiro e também no último dia de minha prisão, na véspera de minha partida pelo exílio, no grupo de 40 presos políticos trocados pelo embaixador alemão Ehrenfried von Holleben. Ele participou da minha prisão, no elevador do prédio onde eu alugava um apartamento, na esquina da República do Peru com N. S. de Copacabana. Me levaram para dentro do apartamento, me agrediram, me penduraram na janela do prédio, me amarraram numa poltrona e começaram as torturas. Ficaram esperando chegarem outras pessoas, e prenderam meu pai e minha mãe, que foram me visitar. Isso foi no dia de 19 de dezembro. No dia seguinte de manhã, me picharam com tinta spray, preta, e me levaram ao Batalhão de Guarda, em São Cristovão. Nos dias em que estive lá e no Doi-Codi- antes de ser levada para o o presídio Talavera Bruce, em Bangu – Perdigão participava sistematicamente das ações de tortura. Meus companheiros de prisão, Domingos Fernandes e Carlos Fayal podem testemunhar, porque foram igualmente torturados por ele. Na véspera de minha libertação, eu o ouvia gritar: “Cabo da guarda, traz essa filha da puta dessa mulher. Você me paga…” Não queria mais informação nenhuma, era só ódio animalesco. Ele não apenas mandava torturar, torturava pessoalmente, aplicando “telefones” (tapas simultâneos nas duas orelhas), choques elétricos, pendurando no pau de arara e aplicando sevícias de todos os mais bárbaros gêneros.Eu me lembro de um detalhe:
Perdigão me obrigou a assinar um depoimento confessando ser ladra de automóveis.
“Um dia, Perdigão foi buscar, ainda no Batalhão de Guardas, Domingos e Linda Tayá, que voltaram dois ou três dias depois, arrebentados pela tortura. Eles me contaram que haviam sido levados para uma casa, por uma estrada sinuosa, que desconfiaram ser em Petrópolis, pelo tipo de caminho. Depois, soube que foi lá que assassinaram Rubens Paiva: era a “Casa da Morte”, um dos “aparelhos” mais terríveis da repressão.
“Eu o encontrei na rua, nos anos 80, levando meus filhos à escola, na frente da Galeria Menescal, Ele me olhou, balançou a cabeça como quem diz: esta aí, né?”
Perdigão morreu em 1996, numa prosaica operação de apêndice. Era esse o tipo de gente com quem Guilherme do Rosário se relacionava. E teria sido para ele, Perdigão, que o capitão Wilson Machado, cúmplice de Rosário, teria pedido para ligarem, a caminho do hospital. Wilson Machado está vivo e impune, e pode ser ouvido.
Alguma dúvida de que os antecedentes de Perdigão eram suficientes para ter participado dos atentados pós-anistia, como a carta-bomba que matou D. Lyda Monteiro, secretária da OAB, um ano depois de assinada a lei?
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