Era de se prever, o presidente do CRBE (Conselho de emigrantes), Carlos Shinoda, que pelos votos obtidos representa cerca de 0,01% da população emigrante, depois do silêncio diante do expurgo instaurado dentro do Conselho, vai além e exige retratação, contrição e penitência do condenado, antes do sacrifício na fogueira da intolerância. A medida tem cheiro dos Inquéritos Policiais Militares da época da ditadura e mostra, parodiando-se Sheakespeare, que existe realmente algo de podre no reino do CRBE.
Só que agora o caso CRBE, esse apêndice criado pelo Itamaraty - que já mereceu reportagem desabonadora da revista Época e uma análise destruidora do jornalista Eliakim Araújo, editor do Direto da Redação, emigrante em Miami – se notabiliza não só como pretenso representante dos emigrantes brasileiros, mas por querer impor uma política digna de órgãos da época da ditadura. E para isso quer utilizar métodos abomináveis como retratação, penitência e quer obrigar a autocrítica para quem não reza pela sua cartilha.
Será que o ministro Antonio Patriota do Ministério das Relações Exteriores, ao qual entreguei pessoalmente minha crítica à atual política brasileira da emigração, vibrante panfleto em favor de um órgão institucional emigrante separado do Itamaraty, permitirá que viceje sob o teto do seu Ministério a ideologia da intolerância, do pensamento único e da mordaça, inspirada em processos inquisidores de regimes ditatoriais ?
São graves, Senhor Ministro, as absurdas exigências às quais se quer sujeitar um simples suplente do Conselho de emigrantes (CRBE) pelo crime de pensar diferente e em alta voz, nos jornais e sites para os quais escreve. Num primeiro ato, armaram sua expulsão que deveria ocorrer em surdina. Diante da péssima repercussão da expulsão junto aos emigrantes, Carlos Shinoda, o presidente de voz macia, propôs rever o ato indecente, do qual também participara com sua assinatura, num clima de pacificação.
Porém, alarmado com a transformação do mártir em herói e percebendo que sua recuperação lhe daria ainda mais prestígio e respeito, deu marcha à ré na pacificação e criou uma camisa de força vexatória para ser vestida pelo transgressor. Ou ele rejeita e renuncia, o que será melhor que uma expulsão, ou ele aceita e se desmoraliza, deve ter pensado.
É assim leitores do Brasil continental, é assim Senhor Ministro do MRE, que se age dentro desse grupúsculo eleito, entre fraudes e votos de cabresto, por 18,5 mil votos, que representam 0,5% da população emigrante. Seria para se rir, mas é para chorar, porque se o MRE deixar passar em brancas nuvens esse processo inquisitorial instaurado sob seu teto, estará aberto o precedente para outros abusos e outras torturas morais.
Existe um suplente subversivo (vamos usar a linguagem da época) dentro do CRBE, ele é apenas 1 entre 32 e nem ocupa o posto de titular, mas está minando o grupo com sua repetitiva afirmação em favor da autodeterminação dos emigrantes, contra a colonização do movimento emigrante pelos diplomatas do Itamaraty.
Ele não disse que a Terra não é o centro do universo e nem que a Terra gira em torno do Sol e nem disse que as indulgências vendidas por Tetzel são uma farsa. Nada disse de tão importante, que valeram fogueira para Giordano Bruno, retratação para Galileu e ameaça de retratação para Lutero diante da Dieta de Worms.
O tal suplente disse apenas que diplomata é diplomata e emigrante é emigrante, acentuando as diferenças, e que nada justifica a direção e o controle do movimento emigrante por diplomatas do Itamaraty. Disse também, durante sua campanha para chegar ao CRBE, depois de ter sido titular no Conselho provisório, que, sem independência e sem autodeterminação, os membros de qualquer conselho sujeito ao Itamaraty seriam, como são, vaquinhas de presépio, aqueles pequenos animais de Natal com um único movimento possível, o da cabeça no sentido vertical do sim-sim.
Felizmente estamos no séculos XXI, pois fosse nos séculos XII a XV e sua condenação à retratação e à penitência por tantas heresias proferidas, se concluiria com a fogueira ou o empalamento.
O edital de execução assinado pelo presidente Carlos Shinoda (reproduzido no final deste texto) diz no primeiro quesito, que o condenado deverá fazer uma declaração pública dizendo ter havido exagero nas críticas ao CRBE. Batendo no peito e se flagelando com um chicote, o condenado deverá dizer – não são vaquinhas de presépio, os emigrantes devem se submeter aos diplomatas, o CRBE é nossa salvação e outras litanias, em alta voz, para que todos possam ouvir na praça pública, usando-se se possível um megafone.
O segundo quesito exige que o ato de contrição e penitência deverá ser publicado no Direto da Redação, Facebook e outros, isso inclui o Correio do Brasil, a Rede Castor e blogs de toda mídia alternativa. O condenado, de joelhos, com um garrote no pescoço, deverá renegar tudo quanto escreveu e pedir a benção aos seus algozes. Deverá negar ter havido fraude nas eleições ou consulta, deverá mastigar e comer seu artigo – Padres, pastores e despachantes viva o Conselho de emigrantes, e desmentir haver incompatibilidade no caso do conselheiro titular que é também empregado de Consulado.
A seguir, o condenado deverá destacar a seriedade e o equilíbrio do CRBE no encaminhamento dos pedidos dos emigrantes e jurar em nome do Plano de Ação, sem rir, sem fazer qualquer movimento que possa ser interpretado como ironia ou descrença.
Embora cansado, suado e sangrando, o condenado deverá repetir alto e bom tom que merece toda tortura a que está sendo submetido e que seus torturadores são pessoas responsáveis e conscientes de que assim estão evitando que se propague a erva daninha da ideologia da autodeterminação e independência dos emigrantes.
Quando a fogueira começar a crepitar, o condenado deverá dizer que ninguém foi enrolado na farinha, que foi torturado e será queimado por decisão consciente de todos os membros do CRBE, para que nunca se saiba quem lançou a idéia de se punir o herege e subversivo.
Enfim, antes de ser atado na pilha de lenha sobre a fogueira, o condenado genuflexo deverá informar que, depois de cumpridos os cinco quesitos punitivos, suas infames cinzas deverão ser enviadas ao MRE.
Seria para se rir, não fosse para chorar.
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Leia aqui o vergonhoso ato de condenação promulgado por um Conselho que reune vários religiosos, que pelo visto pregam o ódio em vez do perdão.
Prezado Conselheiro Suplente Rui Martins,
venho através desta manifestar a decisão da maioria dos Conselheiros Titulares do CRBE em acatar a vossa solicitação com as seguintes ponderações da vossa parte:
1) Comunicação pública reconhecendo que houve excesso nas criticas ao CRBE;
2) Manifestação sobre reconsideração do CRBE na coluna ¨Direto da redação¨, facebook e outros canais de comunicação;
3) Destacar a ¨seriedade e equilibrio¨ do CRBE no encaminhamento das demandas dos brasileiros residentes no exterior, um fato concreto é o Plano de Ação elaborado na reunião de trabalho em Brasilia;
4) Reafirmar que o encaminhamento da abertura do processo administrativo junto ao MRE fora feito de forma consciente e responsável por todos os Conselheiros Titulares;
5) Ter a clareza de que o aceite do pedido manifestado através do e-mail intitulado ¨Compromisso pela Pacificação¨ não se trata de declaração do CRBE ter agido de forma irresponsavel em relação a solicitação de abertura do processo administrativo encaminhado ao MRE.
6) Os itens citados acima deverão constar no comunicado oficial a ser encaminhado pelo Conselheiro Rui Martins para o MRE (resposta da notificação recebida).
Apesar do e-mail ter sido direcionado para a Presidencia do CRBE, a consulta dirigido a todos os integrantes titulares foi necessário para a tomada de decisão seja coletivo.
Atenciosamente,
Carlos Shinoda, Presidente do CRBE
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A VOZ DO CRBE
Nota do Editor - Recebemos de Flávio Carvalho, um dos membros titulares do Conselho de Representantes dos Brasileiros no Exterior, a carta resposta abaixo. Publicâmo-la rigorosamente do jeito que a recebemos, respeitando palavras em letras capitais e sem nenhum parágrafo. Sobre o vergonhoso processo de expulsão ou rendição do conselheiro-suplente Rui Martins, objeto do artigo acima, nenhuma palavra. Leia e julgue você mesmo como pensa um representante dos emigrantes brasileiros.
Quando se diz defensor da pluralidade de opiniões e liberdade de expressão (assim também posso me considerar ou é propriedade exclusiva de V.Sas.?), por favor, retifique, se for o caso. Liberdade de expressão significa VALE TUDO? Baixaria tem limites - ou é bom porque vende? Não é verdade que quando o senhor escreveu sobre o CRBE "ninguém lhe contestou". No dia 25 de maio, tenho cópia guardada, de haver enviado exatamente para sua FONTE, o Sr. Martins "Carta aberta ao jornalista Eliakim Araújo sobre o CRBE", mui respeitosamente, contra-argumentando, não nesse baixo nível. Baixaria que contradiz a seção de comentários do vosso site: MENSAGENS DE CUNHO OFENSIVO OU POLITICAMENTE INCORRETAS NAO SERAO PUBLICADAS. Talvez o desespero dessa única pessoa no mundo capaz de propor uma anti-campanha contra o voto dos brasileiros emigrantes na última campanha presidencial esteja se espalhando agressivamente por todo o DR (pergunte-lhe ao mesmo, se convém). Basta de absurdos e de baixarias. De Bolsonaros - que também se diz vítima, como o Sr. Martins – já há muitos. De Tiriricas (“sou contra isso, mas me candidato para não perder essa boquinha”), também. De Imperadores que tocam fogo na própria cidade, pra depois sair gritando “Incêndio” e os bobos, desinformados, trazerem água ao que cospe no prato onde come, também. Ave César! Como profissional da comunicação – há muitos anos lhe acompanho – deveria preocupar-se com a falácia da mentira repetida tantas vezes até que se torne verdade. Isso se realmente lhe preocupa ser um brasileiro no exterior que, como eu (e o senhor?!) e a maioria dos tantos milhares que neste momento cobram uma miséria (eu, faço questão de lhe comprovar, um salário mínimo, imagino que V.Sa., com todo seu mérito e direito, um pouco mais), por debaixo de nossas qualificações, sendo vítimas por um outro lado de uma discriminação (xenófoba, em muitos casos) cotidiana na Europa, nos Estados Unidos e no mundo todo. E ainda nos propomos a colaborar voluntariamente, hoje com meu filho de 2 anos e meio com muita febre num hospital público sem ter com quem deixá-lo e aqui voluntariamente tendo que lhe responder e DESMENTIR... Tentando fazer algo pelos que mais sofrem – uma única proposta do Sr. Martins em 4 Conferências Públicas que não seja defender um cargo público de “Ministro da Emigração” e será premiado aquele que apresentar - e nos deparamos com essa podridão de vaidades e interesses (principalmente políticos e econômicos, 7 bilhões de dólares, não esqueçam da empresa Estado dos Emigrantes apoiada pelo bilionário Donald Trump) escondidos, desunindo o que era para ser uma lição de união, desagregando o que era para ser coletivo. Desmotivando o que era pra ser união para defender que o Brasil atenda melhor aquele que se sente hoje mais brasileiro do que quando estava no Brasil. “É o Brasil”, no Brasil ou no Exterior. Enfim, e a bem da VERDADE, para ver a que ponto chegamos... “Amigo do Cônsul de Madri”: se nem o conheço pessoalmente!!! “E agora trabalha lá no Consulado e no CRBE”. Mantém seu interesse em esclarecer a verdade, como compromisso público e ético da comunicação social ou quer deixar a mentira para ver se cola? Trabalhar no CRBE? Como, se é voluntário?! Até hoje guardo meus comprovantes pra demonstrar o que significa gastar o que não se tem para ser voluntário... Trabalhar no Consulado de Madri, se nem mesmo em Madri eu nunca vivi, nem nunca dei expediente em consulado? Outro dia diziam que eu deixei de emitir passaporte... se até meu documento eu perdi o prazo de vencimento!!! Rir, pra não chorar... Daqui a pouco vao dizer que fui promovido a Embaixador; vou entrar pro livro Guiness dos Recordes como o Embaixador que menos salário recebe no mundo!!! Aliás, deixar uma afirmação mentirosa como eu ter migrado pra Madri, quando isso NUNCA aconteceu, foge dos limites. Só me resta apelar para minha declaração de residência, a quem interessar possa... Centrar-se em ataques pessoais, contra alguém que nem conhece? Se a Ordem do Rio Branco não foi pra mim, mas pra dezenas de pessoas que trabalham contra o que o Sr. Martins é contra, a união em rede dos brasileiros na Europa? A pergunta fica: COM QUAIS REAIS INTERESSES?! É verdade. Tem “alguma coisa podre”. Assim, prefiro nem ler mais o Direto da Redação – de tão bom que era... Contanto que depois não venham inventar mentira de que sou contra quem lê, por favor... Viva a VERDADEIRA liberdade de expressão. Abaixo a baixaria nos meios de comunicação.
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