quinta-feira, 2 de junho de 2011

Fortaleza - Cabos Submarinos e Ogivas Nucleares

Ivonisio Mosca foi um dos palestrantes do I Encontro de Blogueiros e Mídias Sociais do Ceará - Acesse o Blog do Ivonisio 2.0
A grande maioria das pessoas não sabe, que mais de 80% da comunicação mundial é feita por cabos submarinos. Isso porque, enquanto um satélite transmite no máximo 2,5 gigabits (bilhões de bits) por segundo, um cabo consegue transmitir até 1,2 terabits, ou seja, 500 vezes mais informação. Daí vem a vantagem em se utilizar essa “comunicação submarina”.O cabo submarino tem algo em torno de 7 cm de diâmetro, e é revestido por varias camadas de proteção, começando por uma camada plástica, depois náilon, aço, outra camada plástica, cobre, e finalmente, as fibras ópticas, responsáveis pela transmissão da comunicação. Apesar dessa reforçada proteção, esse cabos são vulneráveis. Os problemas são causados por navios, terremotos, mordidas de tubarão, e até mesmo roubo (devido ao valor do cobre). Por serem caros, em março de 2007, os cabos chamaram a atenção de piratas que roubaram um trecho de 11 kilômetros de cabos submarinos T-V-H que conectavam Tailandia, Vietnã e Hong Kong. Os ladrões tentaram vender as 100 toneladas de cabos como sucata.
Enquanto você conversa com seus amigos em sua rede social e ver um vídeo no YouTube, não imagina que pode perder a conexão a qualquer momento. Sim, pois as informações que trafegam pela internet viajam por milhões de quilômetro de cabos ao redor do planeta. E quando um destes cabos são rompidos, um país ou um continente inteiro pode ficar desconectado do resto do mundo. Foi o que aconteceu na manhã de 30 de janeiro de 2008, quando uma ancora de um navio rompeu um cabo que ligava as cidades de Palermo (Itália) a Alexandria (Egito) através do Mar Mediterrâneo, sendo parte de uma das maiores ramificações de cabos submarinos do mundo, que vai até Austrália e Japão.
O tempo de transmissão de um sinal, que nos primórdios da telegrafia ainda era medido em minutos, caiu para milissegundos com o emprego da fibra ótica. Atualmente o maior cabo óptico submarino do mundo em extensão é o SEA-ME-WE 3, que mede 38 mil quilômetros e interliga 32 países do Sudeste Asiático, do Oriente Médio e da Europa.
A cidade de Fortaleza, capital do de Estado do Ceará é a cidade da America Latina com o maior backbone óptico, pois no município de Euzébio na região metropolitana de Fortaleza é ponto de concentração de cinco grande operadoras de cabos ópticos:
O cabo submarino Américas II entrou em operação em setembro de 2000, interligando o Brasil (Fortaleza) aos Estados Unidos. Resultado de um consórcio formado por diversas operadoras internacionais (Embratel, WorldCom, Sprint, CANTV, entre outras), opera com a tecnologia SDH (hierarquia digital síncrona), que permite que o sinal seja transmitido e recebido com sincronização.
O Americas I segue o mesmo caminho do Americas II (Brasil, Trinidad & Tobago, Porto Rico e Estados Unidos). Foi inaugurado em setembro de 1994 e sai de Fortaleza rumo à Flórida.
O Atlantis II pertence a um consórcio internacional formado por 25 grandes empresas de telecomunicações e que representam as maiores operadoras de telecomunicações do mundo. Exigiu recursos da ordem de US$ 370 milhões. Setenta por cento do empreendimento foi feito pelas operadoras Embratel, Deutsche Telecom, Telecom Itália, STET-France Telecom, e Telefonica de Espanha.
O cabo submarino SAM 1 da Emergia é um sistema construído pela Telefónica S.A., que investiu US$ 1,6 bilhão na sua realização. Ele interliga as três Américas por meio de cabos que somam 25 mil quilômetros de extensão. Possui quatro pares de fibras óticas, 48 lambdas em cada par de fibras, com uma velocidade de 10 Gbps por lambda o que lhe garante uma capacidade de transmissão final igual a 1,92 Tbps.
GLOBAL CROSSING em operação comercial desde o início de 2001 o SAC da Global Crossing teve um custo estimado da ordem de US$ 2 bilhões. O cabo submarino tem 15 mil quilômetros e interliga os principais países da América do Sul, Central e Norte (Brasil, Argentina, Chile, Peru, Panamá e USA).
Recentemente adquirida pela Brasil Telecom, o cabo da Globenet entrou em operação comercial no início de 2001. Diferente dos cabos da Emergia e da Global Crossing o da Globenet não circunda as Américas. Seu anel se fecha pelo próprio Atlântico interligando os Estados Unidos, as Ilhas Bermudas, a Venezuela e o Brasil.
Fortaleza foi eleita a cidade com a melhor internet no Brasil e podemos imaginar por que. Porém, desde que os cabos foram instalados em Fortaleza o Departamento de Defesa Norte Americano - DoD e o Pentágono elevaram o status da cidade para a segunda maior pontuação de risco em caso de um conflito global. Fortaleza é hoje a cidade mais importante da America Latina dentro da nova geopolítica da sociedade da informação e como premio tem sua latitude gravada em uma serie de ogivas nucleares soviéticas e chinesas.

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