Até recentemente, a ideia de "economia verde" era tida como um devaneio de ambientalistas, sem base teórica. Com o acirramento da crise ambiental, a "economia verde" ganhou legitimidade, apesar de ainda não ser analisada (desconsiderada) pelos economistas tradicionais porque, ao buscar alternativas sustentáveis para o processo produtivo, ela desrespeita os fundamentos da teoria atual. A utilização de preços diferentes do mercado de curto prazo e a restrição ao uso de certos recursos naturais ainda incomodam economistas. Mas a economia do século XXI não pode continuar amarrada, como a do século XX, à ideia de que a estrutura de preços momentâneos é capaz de orientar o futuro. Sabemos que as chamadas externalidades, os impactos externos à economia e ao imediato, precisam ser consideradas.
Keynes dizia que no longo prazo todos estaremos mortos, por isso, o futuro distante não importava. Mas no seu tempo o problema ambiental não existia e a economia não tinha poder de influir no longo prazo. Daqui para a frente, a sustentabilidade ambiental é condição necessária a ser considerada em qualquer economia sólida. A crise ecológica se acirrou de tal forma, e tão rapidamente, que a simples mudança nos preços, justificando a preferência por recursos renováveis, já não é suficiente para enfrentar os problemas adiante. Mesmo assim, antes de ser aceita, a economia verde já nasceu velha: porque não basta o equilíbrio ecológico.
A substituição de combustíveis fósseis por renováveis pode gerar um efeito bumerangue: o acomodamento diante da crise; e não basta a "economia verde" em cada carro, se no nível macro o número de carros cresce tanto que as florestas darão lugar a plantações de cana para alimentar toda a frota.
Também não basta a economia substituir o combustível fóssil por renovável se o perfil da demanda continuar voltado para a minoria de renda superior. A economia que dinamiza seu crescimento produzindo bens caros para a minoria, concentrando a renda, pode ser verde, mas não é a economia que o futuro precisa. Não vale a pena a "economia verde" salvar o planeta, se salvá-lo apenas para poucos. A economia do futuro precisa ser verde - no uso dos recursos naturais - e vermelha no destino de seus produtos. Precisamos de uma economia que atenda as necessidades sociais como, por exemplo, a erradicação da pobreza, a diminuição da desigualdade e a ampliação do emprego. Uma economia com valores éticos, capaz de entender que na educação e na saúde a desigualdade é imoral. Enfim, uma economia vermelha.
A economia precisa definir o conceito de riqueza. Uma "economia branca" voltada para ampliar o bem-estar e não para destruir. A produção de armas não deve ser considerada como resultado positivo da economia, embora seja importante para a defesa. O valor do PIB deve descontar a produção dos bens de destruição e serviços de segurança e também o tempo perdido pelas pessoas na ida e vinda diária de um lugar para o outro.
A economia também precisa ser amarela e manter como símbolo os produtos da ciência e da alta tecnologia. A competitividade pela redução de custos, em geral pelo desemprego, não pode ser indicador da economia do futuro. A competitividade deve estar na capacidade de invenção de novos produtos capazes de elevar o bem-estar das pessoas. Para isso ela deve ter por base os cérebros, não mais mãos e braços.
Finalmente, a economia tem que ser azul e considerar o bem-estar como mais importante do que a produção. A abolição do analfabetismo não pode ser medida apenas pelo aumento de renda do alfabetizado. O PIB baseado em automóveis que engarrafam o trânsito, mesmo com carros elétricos, ou que fluem graças a viadutos construídos em vez de escolas, hospitais e sistemas de água e esgoto, não pode ser considerado como indicador da economia do futuro. Mais importante é uma economia que libere tempo dos trabalhadores e aumente os bens públicos e aqueles imateriais da cultura. A "economia azul" deve buscar eliminar os entraves que dificultam a busca da felicidade. Pode inclusive optar por um decrescimento do PIB como forma de aumentar o bem-estar.
A "economia verde" começou a ser aceita, mas ela não representa a metáfora certa. Pelo menos cinco cores são necessárias para definir a economia do futuro: o verde da sustentabilidade ambiental; o vermelho da justiça social; o branco de uma economia produtiva para a paz; o amarelo da criação de bens de alta tecnologia; e o azul da economia comprometida mais com o bem-estar do que com a produção e a renda.
cristovam BUARQUE é senador (PDT-DF).
6 comentários:
Honestamente, quem está de fora , não deve falar nem se está ou se não está em crise , deve apenas observar do lado de fora. E não é Rede Globo que me falou algo , foram parentes e amigos de familia , que vivem na Europa hoje, Grécia, Espanha, Portugal e França , que estão de frente com o problema , agora você que se acha o intelectual vem chamar os outros de garotinha, esses Pseudo-cults vou te falar viu.
E nenen aonde fica a Grécia ? na Ásia? e Portugal e Espanha , na África? porque pra falar que a Europa não está em crise, ou você tem um intelecto deficiente , ou não está a sabendo da situação que a Europa passa hoje.
E lista de 2010 do FMI? 2010? você está meio atrasado não? para subir , demoram-se anos e anos , para cair , basta um estopim que desencadeie uma queda.
Não da para esperar muita coisa de quem elogia o garotinho.
não estou elogiando , estou usando palavras minhas , só falo que você fala e fala , mas não diz nada , você tem 1 pequena idéia e faz um grande texto , vamos direto ao ponto , para de pegar trechos copiados e ir no google e vamos discutir cada um no seu ideal , agora ficar pegando trechos copiados , não rola , se você não sabe não discute.
Sou filiado ao PT e estou isento para elogiar o Senador Cristóvão Buarque. É uma inteligência rara e daquelas coragens que diz a verdade serena - pautada nas idéias - sem a necessidade de nomear culpados para transferir resíduos mal resolvidos.Aprecio pessoas assim! Que não precisam dar socos na mesa para valer seus argumentos. Política é a arte da palavra boa, apaziguadora mas que dá norte sereno, indicando caminhos na subjetividade de um intelecto bem desenvolvido. Nossa Presidenta também conduz os destinos do Brasil, com parcimônia nas palavras - sabedora que os oportunistas de plantão estão ávidos para distorcer suas palavras - criando contendas e dissenções. O ÓDIO EXCITA E O AMOR COBRE AS TRANSGRESSÕES !!!!
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