Dilma inaugura nesta quinta-feira teleférico no Complexo do Alemão, no Rio

Fabíola Ortiz- Especial para o UOL Notícias - No Rio de Janeiro   

Inspirado no projeto de transporte por cabo de Medellín, na Colômbia, o teleférico que percorre todo o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, será inaugurado nesta quinta-feira (7) pela presidente Dilma Rousseff. Orçada em R$ 210 milhões, a obra do primeiro sistema de transporte de massa não convencional por cabos do Brasil começou em janeiro de 2009 e levou dois anos para serem concluídas.

Segundo o presidente da Emop (Empresa de Obras Públicas), Ícaro Moreno, a demora se deve à fase de testes do sistema eletromecânico dos 3,5 quilômetros de extensão. “Esse foi um período de ajustes do processo operacional e de comissionamento, ou seja, de certificação internacional”, disse.

O teleférico terá 152 gôndolas, com capacidade para transportar dez passageiros em cada cabine, que percorrerão as estações de Palmeiras, Itararé, Alemão, Baiana, Adeus e Bonsucesso, interligada à estação de trem da Supervia.

Cerca de 3.000 pessoas poderão ser transportadas por hora, e cada morador terá direito a duas passagens gratuitas diárias, sendo que o custo para qualquer visitante será de R$ 1. O teleférico está incluído nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal, que recebeu investimentos de R$ 725 milhões.

Para o pesquisador de políticas públicas da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Carlos Alberto de Oliveira, o teleférico representa a “retomada significativa do território” para a cidade. “Agora será possível sair de Ipanema, na zona sul, descer na Central do Brasil e seguir para o Alemão de trem pegando depois o teleférico”, disse Oliveira.

Segundo o especialista, o empreendimento seria impossível se a região não houvesse sido pacificada. “Aqui viraria tiro ao alvo”.

Imprensa internacional

Na terça-feira (5), um grupo de cerca de 20 jornalistas internacionais visitou as estações do teleférico antes da data de inauguração oficial. Para a presidente da Associação de Correspondentes de Imprensa Estrangeira (ACIE), Mary Galenternick, o Rio de Janeiro está no foco da imprensa internacional.

“Qualquer coisa que acontece no Rio é matéria. Esta é uma obra que deve beneficiar 80 mil moradores, é muito positivo ao meu ver. O Brasil deu um upgrade de visibilidade e saiu daquela imagem de República de Banana para um país sério e de desenvolvimento”, disse Mary.

A inglesa Diana Kinch, da agência de notícias Dow Jones, que está há 23 anos no Brasil, disse que quando chegou no país seria “impensável” fazer um projeto desse porte pela falta de segurança. “O clima antes era violento, as pessoas tinham medo de bala perdida. Agora estou bem impressionada, vai ajudar muito a mobilidade das pessoas.”

A mobilidade e o acesso sempre foram uma das maiores dificuldades para os 120 mil moradores do Alemão. O teleférico, segundo dados do governo do Estado, vai ajudar a resolver o problema de 70% da população.

De acordo com um censo realizado pelo Estado, apenas 30% dos moradores disseram que o acesso a sua casa é feito por ruas onde passam carros, mas quem mora no alto do morro pode levar mais de meia hora para chegar à parte baixa percorrendo a pé vias e ruelas por onde não passam veículos.

Nascida e criada no Morro do Adeus, a porta-bandeira da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, Ana Paula Gomes, 37, vive a cerca de 200 metros da estação que leva o nome do morro.

Para ela, apesar de ainda haver problemas esporádicos de falta de água e luz, as transformações que as comunidades do Alemão estão passando são positivas. “Agora o turista vem para cá. Eu tenho orgulho de dizer que a minha comunidade está recebendo tudo isso. A mudança é total”, disse.

Quando viu as obras começarem, Ana Paula tinha dúvidas se algum dia haveria segurança. “Hoje em dia eu entro a hora que quiser na comunidade sem a menor preocupação, antes a gente tinha que esperar dar a hora certa para poder entrar”, disse.