Enviado pelo editor Júlio Amorim - Blog da Dilma em São Paulo - E-mail: jotamorim@gmail.com
Nunca se falou tanto em champanhe, desnecessário explicar por quê. Ele é a vedete desta virada de década, aquele com quem todos a adentrarão o ano 2000, até mesmo aqueles que antes entravam com sidra ou com guaraná espumante; desta vez, vai ser na companhia dele, custe o que custar, literalmente.
Outro dia foi publicado no jornal Zero Hora, no caderno de gastronomia, um texto de uma tal madame Lilly Bollinger, rainha da região de Champagne, na França, em que ela revelava quais eram, na sua opinião, os momentos em que se tornava imprescindível abrir uma garrafa. Vale a pena reproduzir: “Eu só abro quando estou feliz e quando estou triste. Às vezes, bebo quando estou sozinha. Quando estou acompanhada, considero obrigatório. Eu me distraio com champanhe quando estou sem fome, e bebo quando estou com fome. Fora isso, nem toco no champanhe, a não ser que esteja com sede”.
Adore este texto. Antes de ser uma apologia ao alcoolismo, é uma lição de savoir-vivre, para ficarmos no idioma da senhora citada. É claro que não dá pra beber champanhe como se fosse água mineral, mas dá para a gente beber água mineral como se fosse champanhe. É só uma questão de estado de espírito.
Por que comemorar apenas as datas festivas? Certa vez, José Saramago escreveu que não existe dia festivo, nós é que o tornamos festivo por fazê-lo diferente. O gajo é sábio, reconheça.
Para mim, todas as segundas-feiras são festivas pelo simples fato de eu ter sobrevivido ao domingo: champa. Começar um livro novo, ver um filme diferente, ganhar um bom disco de jazz: champa. Seu projeto vingou, seu pagamento saiu, seu telefone tocou, sua espinha sumiu, seu amigo chegou: champa. E ninguém mais está para seu correio eletrônico aqueles arquivos que levam vinte minutos para serem abertos: garçom, desça duas dentro de um balde de gelo, s'il vous plait.
Se não puder ser champanhe, que seja água, cerveja, vinho, qualquer coisa que dê a você a sensação de estar comemorando o fato de estar vivo. Mesmo os dias de ressaca merecem um brinde silencioso, pois sofrer também é sintoma de que o coração está batendo. Data marcada para festejar é um rito, não pode bloquear nossa criatividade. Champanhe no reveillon, mas também nos outros dias do ano. Champa em Paris, mas também na beira da praia. Champa a dois ou pensando em alguém distante. Champa de verdade ou de brincadeirinha, não importa. O que não pode é faltar gás. Santé!
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