Luiz Edgard Cartaxo de Arruda Júnior. Memorialista - Editor do Blog da Dilma em Fortaleza
- cartaxoarrudajr@gmail.com
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Na verdade esta na hora do Brasil elevar a secretária especial de direitos humanos para o status de Ministério, fazendo justiça a sua importância na estrutura governamental do país. E a atual secretaria é unanimidade em todas as organizações de defesa dos direitos humanos do Brasil. A combativa Maria do Rosário merece ser a Ministra dos Direitos Humanos, de fato e de direito. O problema não é de nomenclatura, mas de se priorizar a política dos direitos humanos como ação de Estado e não mera politica de governo.
Aqui na nossa Terra da Luz, propus a mais de duas décadas, como Secretario da Imaginação da Administração Popular de Fortaleza, na primeira experiência petista no poder, com a emblemática prefeita Maria Luiza Fontenele, transformar via decreto, a Praça 31 de Março, marco do golpe militar, em Praça dos Trabalhadores.
Talvez a primeira iniciativa política de reconstituir a dignidade de nossa história contemporânea. Não se fazia o jogo das alianças e coalizões partidárias, como hoje é banal. Existia bem demarcado o campo político de esquerda e a velha e tradicional casta das elites, sem misturar substâncias antagônicas e inconciliáveis como parecem comum nos dias atuais. Foi um tempo de resistência e luta, tempos difíceis até para produzir uma placa com o nome: Praça dos Trabalhadores; para afixar no coração da praia do futuro.
O boicote das elites ao governo municipal petista, não impediu a ousadia do secretario de cultura, Claudio Pereira, criar no porão da tortura, a Comissão de Anistia Vanda Sidou, na antiga casa onde atuavam os torturadores da Operação Bandeirantes (OBAN). Foram gestos simbólicos e pioneiros do resgate de nossa história, da busca concreta da Memória e da Verdade sobre o sombrio período da Ditadura Militar. O ex presidente Lula não foi convidado a ver as celas. Os brasileiros que prestigiaram a solenidade fúnebre com pompa de Estado do velório do guerrilheiro Bergson Gurjão, também lá não estiveram. Por duas vezes a Ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário veio a Fortaleza, na última almoçou no Palácio, sede da Prefeitura, a poucos metros das celas e lá não pisou! Quem ainda aparece em caravana, vez em quando, são alunos de escolas públicas, herança do tempo de Claudio Pereira. Mas não há mais monitores para falar sobre o histórico do lugar.
O antigo aparelho clandestino da extrema direita, onde foram presos, torturados, executados ou encaminhados para outros centros de tortura Brasil afora passou a ser a sede da Fundação Cultura de Fortaleza, onde persiste no íntimo dos seus funcionários desde Claudio Pereira. O desafio adiado de fazer funcionar o Memorial de Anistia Vanda Sidou, ainda se encontra petrificado na placa de bronze fincada como marco histórico e abandonada pela incúria reinante de gestores insensíveis ao resgate digno de nossa história. Um dos portões de ferro das celas desapareceu! E sequer fizeram um boletim de ocorrência.
Hoje servem é de deposito de material de limpeza e o que se encontra lá é: rodó, escovas, baldes, estopas, vassouras, detergente, água sanitária, cadeiras, pano de chão... Há muito tempo que esperamos ver lá: fotografias, desenhos, pichamentos, vídeos, documentários e depoimentos, estantes e álbuns retratando a vida dos que por lá sofreram horrores nas garras dos gorilas da ditadura. A réplica de um pau de arara e todo aquele instrumental que a gente assiste na novela Amor e Revolução na sala da cadeira do dragão, maquininhas de choques elétricos, algemas, cordas, capuzes, alicates, mordaças, pinças cirúrgicas e odontológicas, aparelhos de injeção,
ácidos, toneis de agua, e todas as demais ferramentas de que se alimentam as mentes desumanas dos torturadores,... Uma hemeroteca na parede. Com a fotografia dos algozes. A imagem do torturador tem que surgir no mínimo a fotografia. A imagem do torturador Laudelino Coelho deve ser fixada nas paredes das celas onde ele “trabalhou” onde hoje esta a Secretaria de Cultura de Fortaleza. E até a placa de rua com o nome dele junto.
Só temos a imagem e a história dos nossos sobreviventes, combatentes, mortos e desaparecidos. Portanto só temos a metade da história, que ainda falta muito pesquisar. Temos de saber também o que é feito dos algozes. Enfim, tirá-los do anonimato da história para colocá-los no seu devido lugar: o limbo. Esta casa da tortura da OBAN Operação Bandeirantes está localizado à beira do riacho Pajeú, sede da Secretaria de Cultura de Fortaleza e Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza. Quando falo isso para a responsável, escuto é riso e desdém, mas tenho a verde esperança de tocar no azul eterno dos olhos da ministra Maria do Rosário e com sua ternura consiga abrir os olhos dos que devem agir e realizar.
Outro centro de Tortura esta no Quartel do Penedo, no interior de Maranguape, lá na câmara de tortura tem uma placa com o seguinte escrito: “aqui não se fala em Deus”. E a expressão mais audível naquela sala era “Ai, meu Deus. O Secretario de governo dos Direitos Humanos do Ceará Marcelo Uchoa deve tomar as providencias cabíveis.
Quero reiterar e fazer um especial apelo a Ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário consiga da nossa prefeita Luizianne Lins fazer permanecer os antigos, verdadeiros e merecidos nomes de ruas, da Avenida Perimetral por exemplo. O povo da nossa consciência vermelha da Fortaleza bela e até os sem consciência, pois está no inconsciente coletivo, jamais vai chamá-la de Av. Presidente Costa e Silva; são centenas de placas novinhas em folha, reluzentes com o nome de Pres. Costa e Silva. Só não me falta é vontade de apelar para o direito do consumidor: Estão me passando um ditador por Presidente. E eu não quero consumir essa farsa como verdade histórica.
E o povo de Fortaleza jamais vai deixar de chamar a Avenida Leste Oeste de Avenida Leste Oeste e não atenderá ao apelo inadmissível de placas a denomina-la de av. Presidente Castelo Branco. Já acabaram com a linha de Ônibus, mas a verdade na boca do povo persiste. Lembra-me a poesia do Manuel Bandeira: Rua do Sol / Rua da Aurora/ Tenho medo que hoje / Se chame Dr. Fulano de tal. Quando vejo o nome destes ditadores espalhados pela minha cidade me veem ânsias de vomitar. O que mais agride a decência da consciência politica desta Fortaleza vermelha é a promoção feita recentemente, acredite Ministra se quiser, mas em Fortaleza o antigo Centro Social Urbano Presidente Medici na Avenida Borges de Melo. E diga-se que a prefeita Maria Luiza Fontenele determinou ao cerimonial da prefeitura chamá-lo de Centro Social Urbano da Av. Borges de Melo. Maria Luiza Fontenele não permitiu na sua gestão denominar o nome do ditador em documentos oficiais. É agora promovido a Centro de Cidadania Presidente Medici. É uma afronta e até tira dignidade da cidadania. E o general Medici deve estar se estrebuchando na tumba a provocar tsunamis, erupções vulcânicas e terremotos pelo mundo afora, ao ver seu nome colado a essa palavra.
Quero ressaltar a minha proposta para a Fortaleza Bela simplesmente era por nas paredes das casas antigas os nomes primeiros das ruas do centro de Fortaleza; Rua da Palma, Formosa, Bela, das Aguas, do Fogo, do Sol, da Trincheira, das Flores... Simplesmente um azulejo pintado por Sergio Marques a mão em letras continentais com os velhos nomes de rua, sem interferir no código de endereçamento postal ou no catálogo telefônico, etecetera ... Simplesmente, sem complicação nenhuma é bom para a história para o turismo e para a autoestima do fortalezense. E não essa ode a ditadura que assisto e me deixa perplexo de revolta. O que é que vou dizer pras minhas netas?
Uma boa estória: o ex-vereador de Crateús Marcos Melo me procurou há alguns anos com uma proposta que se viabiliza vitoriosa queria implantar um memorial da Coluna Prestes na cidade de Crateús, que fizesse contato com a família e com Oscar Niemayer, que o fiz, Juntando-me a força de Papito de Oliveira e a sensibilidade do governador Lucio Alcântara e com toda a batalha que travamos com o PIG. Viabilizamos o projeto com apoio de Barros Pinho, Silvio Mota, Maria Luiza Fontenele, João de Paula Monteiro, Renê Barreira, Messias Pontes, Rosa da Fonseca, Fabiani Cunha, Inocêncio Uchoa, prestistas, a 64/68 de Mario Albuquerque e muitos outros.
Mas a ideia do meu amigo Marcos Melo é maior cara Ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosário. Marcus Melo sugere é que façamos um Rally da Coluna Prestes!
A nossa cara ministra também pode emprestar um pouco da sua força para ajudar a luta de ecologistas, ambientalistas e paisagistas urbanos de Fortaleza para lutar pela anistia do riacho Pajeú. Acontece Maria do Rosário que Fortaleza esta construída numa mesopotâmia e sobre um estuário subterrâneo cujo principal rio é o Pajeú, que quando aparece a flor da terra é cercado, murado, gradeado, emparedado, empedrado e aterrado com lixo. Fazendo uma comparação descabida e esdrúxula se o cachorro do Magri é um ser humano; o rio Pajeú tem alma. E ela se manifesta no desejo de liberdade no Mercado Central obnubilado pelo paredão cerceando um dos cartões postais mais significativos de Fortaleza: as curvas em S do sinuoso e sensual rio Pajeú. Para vê-lo temos que se atrepar no terceiro andar do mercado central. Quando bastava demolir o paredão que o cerca na rua Rufino de Alencar para admirar o seu leito a serpentear da calçada da catedral ou do Palácio do Bispo, digo, João Brígido.
Combate maior ministra será anistiar Capistrano de Abreu!
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