sábado, 20 de agosto de 2011

EU VI O BRASIL DE AMANHÃ

Delúbio Soares (*)
No interior de Goiás, diante de meus olhos e com grande emoção, assisti o encontro de quarenta e quatro crianças com o futuro. Faz poucos dias, foi em Buriti Alegre, onde estudantes da rede municipal de ensino, do ensino fundamental, receberam computadores novos (netbook) para serem utilizados em seus estudos.
Na Escola Municipal Juvercina Teixeira de Mendonça, colégio agrícola situado na zona rural de minha amada terra natal, vi os filhos de pais humildes, crianças pobres, mas cheias de alegria e de inquietações, sedentas de saber e com toda vida pela frente, receberem máquinas de última geração não como quem recebe um brinquedo ou um presente. Existia nas faces de cada um deles, nas expressões admiradas dos pais (majoritariamente analfabetos ou semi-alfabetizados) e no orgulho dos professores, a certeza de que nada será como antes. Que estranho
e poderoso simbolismo aquele, o do futuro representado na imagem impressionante do pai lavrador de mãos calosas ao lado do filho que segurava com naturalidade o seu computador! Do cabo da enxada que sulcou a terra e alimentou a família ao teclado que vai abrir mais horizontes e alargará os caminhos do futuro para uma geração que não será intimidada pela pobreza nem renegada por um país que está assumindo seus filhos com responsabilidade e justiça social. Melhor imagem do Brasil de hoje, impossível.
Aquele momento mágico, que jamais sairá da memória, do coração e das retinas dos que tiveram a sorte de presenciá-lo se deveu a um homem austero, trabalhador e visionário. O prefeito João Alfredo (PT), meu companheiro de tantas lutas e amigo fiel, com recursos da própria prefeitura de Buriti Alegre tem investido na educação como poucos administradores públicos o fizeram em todo o Brasil em qualquer tempo. Não economizou recursos e nem criatividade. O governo petista de minha terra construiu várias novas unidades educacionais com dezenas de salas de aulas, melhorou substancialmente a situação do magistério local, a qualidade do material didático e da merenda escolar, além do transporte dos estudantes na zona rural de Buriti Alegre.
Estamos fazendo a lição de casa na Educação. Agora, com recursos próprios, o computador é levado aos distritos mais distantes de um Município que tem crescido de forma impressionante em todos os setores.
Desde o início do governo do presidente Lula existe um programa de imenso alcance social e educativo, o UCA (“Um Computador por Aluno”). Ele adquire uma importância imensa a cada dia, pois é a ponte mais segura e viável na ligação entre nossos jovens e o amanhã. O lápis e a borracha foram substituídos pelas teclas, e a tela dos computadores faz com grande vantagem o papel antes destinado tanto ao quadro negro quanto aos livros dispostos cuidadosamente nas estantes de nossas bibliotecas públicas Brasil afora. Nessas máquinas fabulosas e a cada dia mais sofisticadas e, paradoxalmente, mais simples e baratas, está o universo do conhecimento a disposição dos que querem explorá-lo, dominá-lo, utilizá-lo. E o Estado brasileiro tem a obrigação de prover seu sistema público de ensino com o que de mais moderno e eficiente existir na tecnologia da informação, dotando tanto os professores quanto os estudantes das condições para contar com tão indispensável auxílio.
Se já alimentamos as legiões de irmãos que estavam aterrados pela miséria e submetidos pela fome, ao retirarmos de condições desumanas mais de 40 milhões de brasileiros, incluindo-os na nova e poderosa classe média que está girando a economia nacional e fortalecendo ainda mais nosso país, agora podemos e devemos investir em mais um programa de altíssimo alcance: o UCA.
Mesmo que os computadores de Buriti Alegre, por iniciativa de um prefeito trabalhador e competente, não façam parte de tal projeto, eles estão dentro do espírito que norteou o Ministério da Educação no governo Lula e, agora, no governo Dilma, a priorizar a informatização das escolas públicas em todo o nosso imenso território nacional, com banda larga de altíssima velocidade e computadores de última geração. Cuidemos dos problemas do presente, mas lancemos as sementes de um futuro extraordinário que está reservado ao nosso país.
Gostaria de repartir com todos a essência daquele momento, o sentimento que tomou-me por completo, a emoção que certamente dispensa palavras. Fiz uma viagem à infância, retornei aos anos já distantes em que, de pés descalços no solo generoso e fértil do meu Goiás, com meus irmãos andando léguas a pé até a escolinha distante da roça, carregando cadernos e livros reaproveitados, lápis apontados com esmero na ponta da gilete, a borracha pequena de tanto uso, a única régua... Depois a universidade, o magistério, a militância sindical, a fundação do PT, as lutas, minha vida política, tudo. E olhei aquelas crianças que seguravam seus computadores. Estavam felizes, mas não estavam deslumbradas. Incrivelmente, pareciam saber que não era um presente, mas o reconhecimento de um direito de cada uma delas. E num momento impressionante, num átimo de segundo, pude ter a certeza absoluta de que recebiam não como o fariam com um velocípede, uma bicicleta ou o pedido atendido por Papai Noel.
Nossos olhares se cruzavam e pude testemunhar, apesar de minha emoção, que aqueles pequenos e determinados filhos do povo, aquele gente miúda e extraordinária do Brasil profundo, segurava seus computadores com as duas mãos, com ar sereno e compenetrado, como quem segura o futuro melhor que os espera logo ali. Confesso, seguro e feliz, que todo e qualquer sofrimento é menor, infinitamente menor, que a suprema alegria de ter participado daquele momento. Eu vi o Brasil de amanhã

(*) Delúbio Soares é professor


2 comentários:

A IRMANDADE PETISTA disse...

Delúbio - eu tenho 73 anos e os seus textos alegram a minha alma. Sou filiado ao PT - Zona Leste - BH e oriundo de Mariana - a primeira cidade de Minas Gerais. Como tantas famílias que buscam a cidade grande, pensando em dias melhores, eu vim para BH com 10 anos - portanto, em 1.948. Comecei a trabalhar muito cedo - trabalhei no Departamento dos Correios e Telégrados de 1.953 a 1.958 e trabalhei na Cemig e fui Caixa Executivo da Minas Caixa, onde trabalhei 18 anos. Após a extinção da Minas Caixa fui para o Palácio das Artes, onde me aposentei - como Técnico de Cultura. Perto dos 60 anos, fiz o concurso para a Prefeitura de Belo Horizonte - na administração do Patrus Ananias - e fui aprovado para o cargo de Auxiliar de Biblioteca Escolar na Escola Municipal Prefeito Luis Souza Lima , no longínquo Bairro Jardim Vitória. Todo este relato para entrar na minha experiência como trabalhador na educação. A sua narrativa é uma injeção de ânimo em todos aquêles que sabem que é por aí o caminho das pedras. Educação, merenda escolar, bibliotecas, computadores e, fundamentalmente, trabalhadores abnegados, na enorme tarefa em inverter a lógica perversa de que os filhos dos pobres estão destinados às rotas das drogas, ao crime organizado, ás prisões ou à morte prematura. Conte com êsse seu irmão das Gerais, no sonho e na luta por um Brasil verdadeiramente justo e fraterno que, hoje, sob a liderança da Presidenta Dilma. caminha na perspectiva de erradicar a pobreza extrema e pavimentar a estrada dos nossos jovens, rumo a um futuro promissor. QUE DEUS TE GUARDE E A TUA FAMÍLIA E QUE O FUTURO TE FAÇA JUSTIÇA - IRMÃO QUERIDO !!!

HUGO CEZAR PEREIRA BERNARDINO disse...

O LEÃO PASTARÁ COM AS OVELHAS E NÃO APRENDERÃO MAIS A GUERRA.