FÁBIO GUIBU - DE OLINDA (PE) - O ano é de crise econômica internacional, mas na casa do pedreiro Gustavo Paulo da Penha, 28, em Olinda (região metropolitana do Recife, PE), as ofertas de trabalho não param de chegar. Penha, porém, é obrigado a recusar a maioria das propostas. Contratado em abril por uma firma que recupera fachadas de prédios, fica apenas com o serviço que pode fazer nas folgas.
As obras que descarta tenta repassar aos colegas. Mas encontra dificuldades para achar alguém disponível. "Não tem ninguém parado hoje em dia", diz. Crise econômica, para ele, só existe na televisão. "Vejo as notícias, mas não sinto nada do que falam", diz. "Não entendo nada de FMI, bolsa de valores. Para mim, crise é quando vem a carta do SPC e do Serasa."
Casado, sem filhos, Penha recebe, com as horas extras, cerca de R$ 1.000 por mês. Em três meses de trabalho na empresa, já se sentiu seguro para realizar alguns de seus sonhos de consumo. Comprou uma moto em 39 prestações de R$ 280 e um aparelho de TV LCD de 32 polegadas, em 12 parcelas de R$ 99. Antes de ser contratado, o pedreiro passou um ano desempregado, sobrevivendo de bicos e do seguro-desemprego. "Paramos de sair e de comprar. Fome não passamos, porque sempre tinha um servicinho avulso para fazer por aí", declara.
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