quarta-feira, 3 de agosto de 2011

RS: um norte para a comunicação pública do país

Alberto Perdigão – jornalista, mestre em Políticas Públicas e Sociedade, escreve semanalmente sobre políticas de comunicação e comunicação pública. E-mail: aperdigao@terra.com.br
A primeira capital brasileira a adotar o orçamento participativo foi Porto Alegre. E olhe que se está lembrando uma experiência de fortalecimento da esfera pública, implementada há 23 anos. Que já foi copiada por cidades como Bruxelas (Bélgica), Barcelona (Espanha), Saint-Denis (França), Toronto (Canadá), Rosário (Argentina), Motevideu (Uruguai) e, com mais ou menos sucesso, em um sem número de cidades brasileiras, incluindo a Fortaleza pobre e populosa, excludente e injusta onde moro.

Conforme a ONU, afirma o site da prefeitura de Porto Alegre, a experiência é uma das 40 melhores práticas de gestão pública urbana no mundo. O Banco Mundial reconhece o processo de participação popular de Porto Alegre como um exemplo bem-sucedido de ação comum entre Governo e sociedade civil, completa o site. E por que a experiência da margem do Guaíba sempre deu certo? Porque ali está o governo municipal, guiando-se pela cidadania ativa, pela democracia participativa.
Onde não há participação, a democracia é cega. Onde a cidadania é muda, o Estado é solitário. Sozinho, o Estado não se fortalece perante os governos, nem sempre tão representativos, e deixa de exercer com eficácia sua missão essencial e finalística de promover a felicidade das pessoas.  Sem democracia, o que impera é a vontade de minorias hegemônicas, os desejos e opiniões da maioria não circulam. O poder não é compartilhado entre a corte e os súditos, entre os que estão no governo e os que lhes outorgam os mandatos.
Pois bem: as decisões da sociedade sobre o orçamento deste ano acabam de ser entregues (1/8) pelo prefeito de Porto Alegre aos vereadores da cidade, na solenidade de reabertura dos trabalhos do Legislativo. O ato é de grande agregação de valor simbólico à mobilização dos cidadãos e ao diálogo que estes estabelecem com o Executivo, além de facilitar e estimular os parlamentares a acompanharem o atendimento das demandas populares - como já o fazem em relação ao projeto orçamentário que votam anualmente.
Foi também na solenidade de abertura do semestre que os vereadores porto-alegrenses receberam a senha de acesso ao sistema de ouvidoria eletrônica Fala Porto Alegre 156. Agora, poderão acompanhar a quantidade e a natureza das manifestações do cidadão ao call center unificado da cidade, bem como aferir a agilidade e a qualidade do atendimento das reclamações e sugestões. Com média de 6 mil ligações diárias, o sistema recebe até 120 chamadas simultâneas, que são encaminhadas a todos os órgãos – mês que vem, o serviço será oferecido através também da internet.
Agora que estamos pelo meio do artigo, é bom lembrar que estes são exemplos que nos dá uma cidade brasileira, com todos os problemas sociais, econômicos e políticos das grandes metrópoles do país. Mas foi lá, na capital do Rio Grande do Sul, mais que em qualquer outra, que governos e sociedade traçaram um pacto inarredável de comunicação pública, que só cresce e se sedimenta em ferramentas e em resultados para os dois interlocutores. Esta sim é a grande e incomensurável construção, que nos serve a todos como modelo e como norte.
Numa olhada ao governo do Estado, temos a boa notícia da criação de um aplicativo web que disponibiliza ao cidadão, a partir de dispositivos móveis como telefones e tablets, o acesso aos serviços que já eram oferecidos online pelos mais diversos órgãos da administração gaúcha. É o RS Móvel (m.rs.gov.br), um canal que substitui o pioneiro site de serviços Tudo Fácil Eletrônico e que, segundo o governo, será permanentemente ampliado e evoluirá em breve para o nível app (embarcável no dispositivo móvel).
O RS Móvel começa com oito diferentes tipos de serviço. No aspecto da informação, destacam-se os links para as notícias, a agenda do governador e a pauta da Assembléia Legislativa. Entre os serviços, são atendidas as demandas de segurança, com recepção de denúncias, delegacias e postos virtualmente abertos; de trânsito, com o Detran literalmente na palma da mão; e empresarial, onde impressiona o link intitulado Como Faço e Obtenho, que oferece 46 tipos diferentes de informação com a possibilidade de encaminhar a tramitação de documentos. 
Na campanha de lançamento do aplicativo, a peça de vídeo (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=4iHmvj1Vpfw) começa perguntando: Cansado de ver contravenções e não sabia como denunciar? Mais na frente, uma atriz representa o que pode ser uma reação natural do cidadão: O RS Móvel facilitou uma barbaridade a minha vida. É como ter o governo na minha bolsa. No final, o locutor em off ressalta as vantagens do acesso: Sem filas, sem burocracia, sem sair de casa.
O dispositivo entrou no ar dois meses depois de instituído o Gabinete Digital, outro serviço online, este de interatividade com o governo e com o governador. Ao abrir o site (http://www.gabinetedigital.rs.gov.br), pode-se ver um link intitulado Agenda Colaborativa, o que se pode chamar de uma meta-inovação. E um texto estimula ao diálogo: Formule sua pergunta e divulgue nas redes sociais, a pergunta mais votada do mês será respondida diretamente pelo Governador através de um vídeo.
Este é o Estado com o segundo maior número de municípios entre os 25 melhor posicionados no ranking de cidades digitais (CPqD), cuja capital, Porto Alegre, é a terceira cidade na lista. Esta é uma exceção. O mais comum ainda é encontrar cidades desconectadas e governos desconexos com as oportunidades que oferecem as mídias digitais e a internet. É encontrar também governantes sem rumo para a construção de uma cibercidadania ativa e de uma ciberdemocracia participativa, centradas na autoria e na colaboração. Não percebem o norte que nos oferece o Rio Grande do Sul.  

2 comentários:

Salomão disse...

FMI adverte para riscos financeiros e superaquecimento no Brasil

Fundo pede combate à inflação e aos excessos de crédito

Atualizado em 3 de agosto, 2011 - 13:30 (Brasília) 16:30 GMT

O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a advertir, em relatório publicado nesta quarta-feira, que há sinais de superaquecimento na economia brasileira e pediu que o governo continue a adotar medidas para enfrentar pressões como a ameaça de inflação e o excesso de crédito.

O relatório observa que o forte crescimento do PIB brasileiro em 2010, aliado a uma pressão de demanda e nível baixo de desemprego, levaram ao aumento da inflação, que em maio atingiu o teto da banda de flutuação da meta (4,5%), entre 2,5% e 6,5%.

O relatório prevê que o PIB cresça 4,1% neste ano e que a inflação chegue ao final do ano em 6,6%, ligeiramente acima do limite superior da banda.

O FMI avalia que os indicadores financeiros do Brasil são favoráveis, mas pede “uma maior atenção aos riscos financeiros devido ao ritmo de expansão do crédito e à continuada dependência das captações externas”.

Desde 2010 o órgão vem citando preocupações com o que considera sinais de superaquecimento da economia brasileira.

Crédito

A entidade observa que a proporção do crédito no Brasil saltou de 20% do PIB em 2004 para 46% e comenta que o crédito bancário ao setor privado continua em rápida ascensão, com um aumento de 20% em abril de 2011.

O relatório aponta que as medidas já adotadas pelas autoridades brasileiras podem ter ajudado a conter o crédito em alguns setores, mas diz que alguns diretores do Fundo avaliam que elas precisam ser mais amplas para que consigam um efeito maior.

O organismo também recomenda que o governo brasileiro "continue a aplicar medidas de ajuste da política macroeconômica como parte da resposta ao grande fluxo de entrada de capitais", considerando que "o Brasil continua a ser um dos destinos prediletos dos investidores internacionais, um reflexo de suas perspectivas econômicas e rendimentos elevados".

O FMI finaliza seu relatório sugerindo reformas fiscais e medidas para melhorar o ambiente de negócios e aumentar a competitividade, o que "reduziria as taxas de juros, que são estruturalmente elevadas, e favoreceria as perspectivas de crescimento no longo prazo".

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/08/110803_fmi_relatorio_rw_pai.shtml

hugo disse...

TODO MUNDO SABE QUE OS EMPRESÁRIOS FINANCIAM CAMPANHAS POLÍTICAS E COBRAM RETORNO DOS POLÍTICOS, EM OBRAS PÚBLICAS. CONCESSÕES RENTÁVEIS SÃO CONCEDIDAS A PARTICULARES ENQUANTO AS ATIVIDADES DEFICITÁRIAS SÃO GERIDAS COM O DINHEIRO SUADO DO CONTRIBUINTE. O BRASL VIVIA UMA FARRA COM O DINHEIRO DO TESOURO. GOVERNADORES GASTAVAM O DINHEIRO DOS BANCOS ESTADUAIS E DEPOIS ROLAVAM A DÍVIDA - NO FIM DO ANO - GERANDO UMA INFLAÇÃO DESASTROSA. OS PREFEITOS CONTRATAVAM PARENTES, LOTAVAM OS GABINETES DE CORRELIGIONÁRIOS - TUDO APROVADO PELO TRIBUNAL DE FAZ DE CONTAS. AS OBRAS FARAÔNICAS ERAM UM MANÁ DOS DEUSES - PRIVILEGIAVAM AMIGOS, SUPERFATURAVAM PREÇOS E RATEAVAM AS PROPINAS ESCANCARADAMENTE. VEIO O TEMPO DA MAIORIDADE - A RESPONSABILIDADE FISCAL! ACABOU A FESTA E A INFLAÇÃO! E OS GOVERNADORES E PREFEITOS - TODOS COM SUAS BARBAS DE MOLHO. E O QUE QUE O ORÇAMENTO PARTICIPATIVO TEM A VER COM TUDO ISTO? TEM, PORQUE EM VEZ DE OBRAS FARAÕNICAS OS MUNICÍPIOS PULVERIZAM AS APLICAÇÕES EM PEQUENAS OBRAS QUE ATENDEM REALMENTE OS INTERESSES COMUNITÁRIOS. ASFALTAR UMA RUA ONDE NÃO IA O LIXEIRO E NEM O CAMINHÃO DE GÁS. UMA PONTE CONSISTENTE EM LUGAR DE UMA PINGUELA.
TUDO COM A PARTICIPAÇÃO DO POVO - QUE VOTAVA E GANHAVA DEMOCRATICAMENTE A SOLUÇÃO DO SEU PLEITO. MUITA COISA TEM MUDADO PARA MELHOR. ONDE A COMUNIDADE É ORGANIZADA E IMPÕE RESPEITO, NÃO PROLIFERA A VIOLÊNCIA E BANDIDO NÃO CANTA DE GALO !!!