ENTREVISTA — JOÃO MENDES DE JESUS
Por Davis Sena Filho
O vereador João Mendes de Jesus, do Partido Republicano Brasileiro (PRB), está a cumprir seu primeiro mandato na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Desde que assumiu o cargo político, com mais de 20 mil votos, o parlamentar tem atuado em várias frentes e a realizar ações que beneficiam a população carioca, notadamente a parcela carente, que necessita muito da cooperação da sociedade e da presença do poder público. Presidente da Comissão Permanente do Idoso, João Mendes de Jesus tem efetivado ações que protejam as pessoas idosas, que as informem sobre seus direitos, bem como distribuído o Estatuto do Idoso, além de estar a fiscalizar entidades como os asilos e receber denúncias de maus tratos aos idosos. O vereador João Mendes de Jesus é o autor da lei que institui as Academias da Terceira Idade (ATI) nas praças e logradouros em toda a cidade.
Davis Sena Filho — Vereador, como está a situação dos idosos no Rio de Janeiro e o que falta para que eles tenham assistência do estado e uma vida de melhor qualidade?
João Mendes de Jesus — A cidade do Rio de Janeiro é o lugar do Brasil que tem mais idosos. Copacabana é o bairro que, nitidamente, percebe-se que os idosos são um grupo social numeroso e de muita importância, tanto social quanto econômica, pois geralmente eles pertencem às classes sociais de classe média, classe média alta e alguns são ricos e por isso são mais protegidos. Isto não significa que esses idosos não possam ser vítimas de maus tratos ou de negligência. A sociedade, às vezes, é mais cruel do que se imagina. Contudo, Copacabana tem uma Delegacia do Idoso. Mas considero que o estado e a prefeitura deveriam criar esse tipo de delegacia em outros bairros e regiões da cidade.
DSF — Por que o senhor é o presidente da Comissão do Idoso?
JMJ — Sempre fui um parlamentar voltado para as questões sociais desde quando fui deputado federal. Minha atuação no que é relativo aos idosos visa fazer com eles tenham uma vida de melhor qualidade e não sejam vítimas de violência, ameaças e exploração financeira e de trabalho. Por isso, o estado tem de estar presente, por meio de ações sociais, de programas que atendam aos idosos e também por meio da informação publicitária e jornalística. Tenho um pai de 90 anos e sei das dificuldades pelas quais ele passa, como ter a locomoção prejudicada, ouve mal, além da fragilidade física e biológica em geral. A verdade é que a sociedade trata mal seus idosos e por isso ela tem de ser, constantemente, conscientizada, a começar pelas crianças, na escola e no seio da família. A sociedade que trata bem seus idosos é uma sociedade civilizada. Não devemos esquecer que todos nós ficaremos mais velhos. Quando você respeita o idoso, você respeita a si mesmo, o seu futuro. O idoso quer respeito.
DSF — O que a Comissão do Idoso tem realizado?
JMJ — Temos, em primeiro lugar, atendido os idosos que precisam de ajuda. Recebemos telefonemas, e-mails, damos informações e atendemos pessoalmente, de forma discreta e respeitosa. Recebemos também denúncias e resguardamos o nome de quem as fez, se assim for o desejo da pessoa. Além de darmos informações sobre leis e os direitos dos idosos, visitamos os asilos para ver se está tudo a correr bem, conforme o estalecido pela Constituição e pelo o Estatuto do Idoso, que é uma lei avançada e que deixa claro que o idoso tem de ser tratado com respeito, de forma republicana pelo poder público e considerativa pela sociedade, pelos familiares e conhecidos. Já realizei audiência pública no plenário da Câmara e debatemos questões pertinentes à terceira idade.
DSF — Os idosos têm força de reivindicação e poder econômico?
JMJ — Muitos idosos são influentes. Muitos deles são ainda a força financeira da família, por meio de seu trabalho ou da aposentadoria. Por sua vez, existem idosos que são desrespeitados em seus direitos, como, por exemplo, ter autonomia para controlar sua conta bancária, se encontrar com os amigos e ter o direito constitucional mais importante, que é o direito de ir e vir. Há idosos que têm esses direitos fundamentais desrespeitados pelos familiares. É um absurdo. Alguns sofrem violência física dos próprios parentes, aqueles que eles geraram e sustentam. Há também profissionais que cuidam de idosos despreparados, negligentes e violentos. Quando a Comissão do Idoso recebe denúncias de maus tratos a gente repassa para o Ministério Público e outros órgãos que, inclusive, podem acionar a polícia.
DSF — E as Academias da Terceira Idade? Parece que deram certo…
JMJ — (riso) E como deram… A verdade é que as academias, poucas ainda, já existiam, como a de Copacabana. Percebi que os idosos ficavam muito felizes quando estavam na praça a se divertir, a se exercitar e a conviver, afinal são pessoas da mesma geração, o que facilita as relações entre elas. Além de uma diversidade de aparelhos de ginástica, as academias se tornaram tão essenciais para essas pessoas porque elas passaram a ter mais saúde, a ter menos dores e stress. Mexer com o corpo e com a mente é tudo. É muito importante. Elaborei um projeto, que foi apresentado e aprovado pelos meus pares na Câmara e sancionado pelo prefeito Eduardo Paes. A Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SESQV) também me apoiou. O projeto é amplo porque determina que as academias têm de ser disseminadas por toda a cidade, de preferência nas praças. O projeto também obriga que todo prefeito que assumir a prefeitura, independente de partido ou ideologia, têm de preservar e cuidar da manutenção das Academias da Terceira Idade, bem como implantar outras. O projeto define que as academias não são um programa de determinado governo e sim um programa de estado, o que, sobremaneira, faz com que a sociedade e os idosos não fiquem à mercê da vontade e dos interesses políticos dos mandatários.
DSF — Para encerrar a entrevista, quais são os próximos passos ou ações da Comissão do Idoso?
JMJ — Trabalhar em prol do idoso e protegê-lo, porque ao fazermos isso estamos também a proteger as futuras gerações, que, indelevelmente, tornar-se-ão idosas. Não existe mais espaço para os maus tratos aos idosos, que ainda não são bem tratados, por exemplo, na saúde pública, no trânsito, nas lojas comerciais e no decorrer de suas rotinas, inclusive em suas casas. É um acinte tratar os idosos mal. É inaceitável. Por isso, continuarei a fazer meu trabalho com a minha equipe. A Comissão do Idoso tem muitas necessidades de pessoal, de logística, de transporte. Gostaria que tivéssemos melhores condições para trabalhar. É uma reivindicação que faço ao presidente da Câmara Municipal, vereador Jorge Felippe. Enquanto isso, trabalhamos para que o idosos sejam respeitados como cidadãos, trabalhadores e consumidores, porque são nossos pais e avós.
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Um comentário:
Na verdade não é um comentário, mas sim, uma pergunta referente a declaração do Vereador João Mendes citada abaixo: A pergunta é: Quando a Comissão do Idoso recebe denúncias de maus tratos e repassa para o Ministério Público e outros órgãos que, inclusive, podem acionar a polícia, a comissão acompanha o caso para saber que providências foram tomadas e se o resultado foi o esperado e positivo para o idoso (a) em questão?
"Há também profissionais que cuidam de idosos despreparados, negligentes e violentos. Quando a Comissão do Idoso recebe denúncias de maus tratos a gente repassa para o Ministério Público e outros órgãos que, inclusive, podem acionar a polícia."
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