quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Luis Nassif: Na grande imprensa, a manipulação virou regra

Victor Zacharias, via Cartão Laranja

Em evento promovido ontem [22/10] pelo site Vermelho e pela editora Perseu Abramo para o lançamento do livro Diálogos da perplexidade – Reflexões críticas sobre a mídia, de Venício Lima e Kucinski, o jornalista Luis Nassif falou de sua visão sobre o momento que vivemos na comunicação brasileira. Ele conceituou o que se chama de opinião pública e contou quando e por que a mídia começou a apresentar este comportamento “vale-tudo”, ou seja a compulsão de ter um escândalo por dia em suas manchetes apesar dos fatos.

Desde a retirada do Collor do poder até a tentativa de fazer o mesmo com o presidente Lula, a atitude da grande imprensa é veicular com extrema frequência as manchetes verídicas ou não, para conseguir seu intento, por isso incansável e diariamente é fabricado um novo escândalo para ser estampado nas bancas, na televisão e no rádio.


Ele disse também como a grande imprensa faz chantagem com o empresariado e com o governo, a intenção é de conseguir vantagens. Eles intimidam o setor público para achacar, por exemplo: “Quando ela [Editora Abril] chega no Corinthians, o cara da Placar para discutir o álbum de figurinhas está implícita a possibilidade de que se [o Corinthians] não fizer isso, a Veja vem e bate. Quando conseguem um contrato para venda de assinatura para a Secretaria da Educação, por trás está subentendido isso [se não concordar a gente bate]. É um jogo de negócios neste meio.”

Agora com a internet isso está mudando. “Nas últimas cinco décadas”, diz Nassif, “nenhum grande jornal entrou para o mercado, o investimento era muito alto, aliado aos hábitos de leitura arraigada. Com a internet, o investimento baixou muito e temos a entrada de novos atores como o pessoal de telefonia”.

A proliferação de sites e blogs gerou uma rede que é tão influente quanto um grande jornal. Hoje, o mercado de opinião deixou de ser hegemônico.

“Agora quando alguém emite uma opinião pode ser contestado a cada momento. Não existe mais opinião absoluta, você tem de se legitimar diariamente, não se pode falar mais. ‘Eu sou o dono da opinião, eu dei a opinião, ninguém discute. Isso acabou’”, completou Nassif.

Mais um vez ele revela os bastidores que viveu na Folha e no Grupo Abril e fala do pacto entre os jornais para derrubar o presidente Lula.

Coloca a questão de que é preciso construir uma oposição no País, que hoje não existe. Fala também sobre o Serra, o FHC, o Lula e suas políticas econômicas, e por que o Serra recebe ordens da mídia para a condução de sua política.

Assista o vídeo para entender como os donos da mídia pensam.

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