Como eu sei que os nossos jornais não sabem acessar o Google, reproduzo abaixo um bom trecho de uma matéria do Correio Brasiliense, que relata as circunstâncias em que este policial militar José Dias Ferreira foi preso, ano passado, o que mal e mal tem sido informado aos leitores.
Ter sido preso não quer dizer que o que ele diz não seja investigado, mas deveria fazer pensar duas vezes antes de, sem provas – havendo, é outra coisa – se dê automaticamente foros de verdade ao que ele diz.
Leiam só (a íntegra está aqui):
Cinco pessoas estão presas na Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco) suspeitas de participar de desvio de dinheiro repassado pelo Ministério do Esporte. O policial militar João Dias Ferreira, Demis Demétrio Dias de Abreu, Flávio Lima Carmo, Miguel Santos Souza e Eduardo Pereira Tomaz foram detidos às 6h da manhã desta quinta-feira (1º/4) por agentes da Polícia Civil do Distrito Federal, numa operação chamada Shaolin, que tem a participação do Ministério Público do DF.
O grupo, que era liderado pelo PM, falsificou 49 notas frias para retirar o dinheiro repassado pelo Ministério dos Esportes a entidades sociais convenadas com o Programa Segundo Tempo do Governo Federal. A verba aproximada, ao longo de três anos (2006/07 e 08), foi de R$ 3 milhões. O dinheiro seria destinado a programas sociais, em atividades esportivas para 10 mil atletas carentes de núcleos situados em Sobradinho, mas pouco menos de R$ 1 milhão foi realmente destinado a eles.
O derrame de verba pública saia da Federação Brasiliense de Kung-Fu (Febrak) e da Associação João Dias de Kung-Fu, Esportes e Fitness. Esta última é uma organização não-governamental e leva o nome do soldado da 10ª Companhia de Polícia Militar Independente. Ele é dono de duas academias em Sobradinho: Thisway Fitness e Wellness Ltda., usada para lavar dinheiro desviado, situada no primeiro piso do Sobradinho Shopping.
Além das academias, os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão, autorizados pela 3ª Vara Criminial de Brasília, nas residências dos acusados, entre elas, na luxuosa casa onde reside o casal João Dias e Ana Paula Oliveira de Faria, 33, também apontada como integrante da quadrilha. O imóvel do PM fica num condomínio luxuoso de Sobradinho e foi arrestado pela Justiça.
Vamos com calma, portanto. O cidadão deve ser ouvido, mas com muito cuidado, face a estes antecedentes. E com o cuidado com que se deve ouvir quem levou três anos para “denunciar” um acordo que diz não ter aceito. Aliás, um dos presos já tinha feito acusações da mesma ordem contra o atual Governador de Brasilia, Agnelo Queiroz, inclusive com episódios idênticos de entrega de dinheiro em automóvel. E, na época (e na revista Época), o mesmo acusador de hoje negou tudo. Teria mudado de ideia?
A história é velha, só trocaram os personagens. Basta ir ao Google.
http://www.tijolaco.com/para-ajudar-os-jornalistas-sem-google/
2 comentários:
Lula defende mercado interno e poder aquisitivo fortalecidos
Não basta um terço da população ter acesso aos bens, é necessário que toda a população brasileira tenha, afirmou Lula durante palestra
O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu na quarta-feira (2) a ampliação do mercado interno e o aumento do poder de compra da população. “O mercado interno sustenta o vigor da economia, o que permitiu um resultado recorde do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010 com expansão prevista de 7 por cento. Um resultado extraordinário porque foi acompanhado pela redução das desigualdades sociais e regionais, com distribuição de renda”, disse Lula em palestra realizada na capital paulista para cerca de mil empresários, revendedores, clientes e fornecedores da LG.
Lula destacou a importância do crescimento econômico e a necessidade da população ter acesso aos produtos tecnológicos. “Não basta ter um terço da população tendo acesso a essas coisas”, disse, enfatizando que “é preciso que a gente tenha toda a população brasileira”.
Ele lembrou que durante seu governo “foram criados 15 milhões de vagas com carteira assinada” e ressaltou que é preciso trabalhar para que o país “continue sendo governado por gente que pensa em todos, e não apenas em uma parte”. “Em oito anos, demos um salto no enfrentamento da pobreza e da desigualdade, que foi uma das prioridades do nosso governo, 28 milhões de pessoas saíram da pobreza e outros 36 milhões entraram para a classe média. É mais gente trabalhando e consumindo, fazendo a roda da economia girar cada vez mais rápido”, comentou.
http://www.horadopovo.com.br/2011/marco/2940-04-03-2011/P3/pag3a.htm
Continuação:
Maria Rita quis “analisar o argumento que aparece muitas vezes de que os pobres votam na Dilma porque não querem trabalhar, só receber a Bolsa Família”. Um argumento ouvido pelo PÚBLICO até entre jovens patrões do interior de Minas. “Eu dizia que se alguém deixa um emprego pelos 200 reais, no máximo, da Bolsa Família, é porque os patrões estão pagando menos de metade de um salário mínimo. O meu outro ponto é que quando os ricos de São Paulo votam pelos seus interesses parece normal. Mas quando os pobres votam pelos seus interesses parece anormal, como se fosse voto comprado. Quando o que se passa é que os pobres, que nunca tiveram direitos, agora têm uma consciência maior e votam pelos seus direitos.”
A crónica era isso. “Saiu no sábado, 2 de Outubro, e recebi muitas mensagens no email agradecendo.” Os comentários no jornal eram menos simpáticos. “Na terça-feira, 5, a editora ligou dizendo que os leitores que mais têm pressão, o conselho do jornal e os accionistas estavam muito descontentes, que a coluna estava muito política e eles esperavam uma coisa mais de comportamento, que estavam a pensar acabar com a coluna, mas que a editora ainda ia conversar com o director [de conteúdos] Ricardo Gandour. Mas imediatamente depois isso chegou à Internet. Centenas de mensagens no Twitter a perguntar: “Você foi demitida?”". Durante umas horas, contou-lhe um amigo, Maria Rita Kehl “foi o nome mais citado no Twitter a nível nacional e internacional”. Maria Rita resolveu telefonar à editora, Laura Greenhalgh, a dizer: “Espero que saiba que eu não faria isso, “vazar” para a Internet.” A editora falou com o director de conteúdos, e ligou a Maria Rita a dar a resposta. “Disse que, como o assunto tinha vazado na Internet, a situação tinha ficado insustentável e aí a coluna terminava mesmo. Quando perguntei por que não me avisara antes [que não estavam satisfeitos com o rumo mais político da crónica], ela disse que não fazia isso, interferir, como se fosse censura.”
O que o “Estadão” fez “é expulsão por motivos políticos”, resume Maria Rita. “Li que ele [Gandour] disse que não era político, que os colunistas vão e vêm, mas isso não é verdade. Eu estava lá só desde Fevereiro. A posição dele é muito cínica, acho que devia assumir. Eu começava a crónica dizendo que o Estadão tinha feito bem em declarar o seu voto em José Serra, porque assim o debate se tornava mais claro. E então me posicionei como colunista. Pode chamar-se de censura, sim. E como saber se poderemos confiar na imprensa quando mesmo esse jornal que já foi censurado faz a mesma coisa?”
A contrapartida boa é que “apareceu esse outro Brasil, o que sente que a imprensa não é isenta”, diz Maria Rita. “A cada dia tem mais de 100 mensagens no meu email, e Twitter nem consigo acompanhar.”
http://www.cartacapital.com.br/politica/a-demissao-de-rita-kehl-vista-pelos-portugueses
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