O presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB), disse nesta terça-feira que o ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB), tem demonstrado convicção nos esclarecimentos que tem prestado desde que a revista Veja publicou acusações de que o ministro teria recebido dinheiro desviado do Programa Segundo Tempo.
"A ideia do governo é ouvir os esclarecimentos que ele tem a dar, e creio que ele dará esclarecimentos suficientes. Vamos ver quais são as alegações que ele vai apresentar. Pelas palavras que ouvi até hoje, ele está convicto do que disse, vamos esperar os acontecimentos", disse Temer antes de embarcar para Salvador, onde faz palestra na abertura do Congresso Brasileiro de Direito Administrativo.
Silva pediu audiência pública conjunta das comissões de Turismo e Desporto e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos sobre as acusações feitas pelo policial militar João Dias Ferreira à revista. Aos deputados, ele rebateu as denúncias. "Minha revolta é grande", disse o ministro. Segundo Orlando, afirmações de "bandidos" foram publicadas mesmo depois de ele apresentar provas em contrário, e estão sendo replicadas por diversos órgãos de imprensa.
De acordo com a Veja de sábado, diversos membros do PCdoB, inclusive o ministro, fariam parte de um esquema de irregularidades que envolveria convênios entre o ministério e ONGs que teria desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos.
O delator e policial militar João Dias Ferreira disse que o ministro teria recebido, dentro da garagem do Ministério, uma caixa de papelão cheia de cédulas de R$ 50 e R$ 100 provenientes dos desvios. Parte desse dinheiro, segundo a publicação, foi usada para pagar despesas da campanha presidencial de 2006. Orlando Silva negou as acusações.Ferreira foi um dos cinco presos no ano passado pela polícia de Brasília sob acusação de participar de desvios de recursos destinado a um programa da pasta. Investigações passadas apontavam diversos membros do PCdoB como protagonistas das irregularidades, na época da Operação Shaolin, mas é a primeira vez que o nome do ministro é mencionado por um dos suspeitos.
Ferreira, por meio da Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, firmou dois convênios, em 2005 e 2006, com o Ministério do Esporte. De acordo com ele, o esquema utilizava o programa Segundo Tempo para desviar recursos usando ONGs como fachada. Orlando Silva foi apontado como mentor e beneficiário desse esquema. As ONGs recebiam verbas mediante o pagamento de uma taxa que podia chegar a 20% do valor dos convênios.
Agência Brasil
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