Direto de Brasílía
Na linha da criação de programas que incentivam a melhoria da gestão, mas a custo zero - como quer a presidente Dilma Rousseff em época de arrocho no orçamento -, o governo deve lançar no ano que vem um programa voltado a crianças de 0 a 4 anos, faixa-etária chamada de "primeira infância". O assunto ainda está em debate técnico, conduzido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), mas em breve segue para a Casa Civil, onde pode virar um programa a ser lançado pela Presidência."Não há a necessidade de se colocar dinheiro novo, é dar uma racionalidade, exatamente como foi feito no Bolsa Família. Você tinha uma quantidade enorme de bolsas e nós então conseguimos ter uma bolsa só. E aí você melhorou a qualidade de gestão. Ao melhorar a qualidade de gestão, você pôde colocar mais recursos financeiros no programa, porque você tinha a certeza de que o programa ia ao pobre", disse o ministro da SAE, Wellington Moreira Franco.A proposta em curso é a criação de um cadastro que vai unificar serviços oferecidos pelo governo a crianças dessa faixa, nas áreas de saúde, educação e assistência. Segundo o ministro, com a mudança socioeconômica brasileira, os programas tendem a deixar de serem focados na subsistência das pessoas e passa para uma melhoria de qualidade de vida."Quando você tem uma sociedade onde as pessoas não estão mais na sobrevivência, mas elas já estão começando a buscar novos ganhos na sua formação pessoal, ganhos intelectuais, ganhos culturais, você vai ter que tratar essa criança não mais de maneira universal, porque cada criança é uma pessoa e as pessoas são diferentes", explicou.A preocupação do governo com essa parcela da população tem embasamento científico. Foi alvo de estudo, por exemplo, do americano James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2000."Se você trabalha com essa faixa-etária com cuidado, com atenção, você está investindo no futuro. Porque essas crianças não vão ver o seu teto definido aos quatro anos, como é hoje. O limite dela já está definido, é uma perversidade muito grande você definir o limite de desempenho social de uma pessoa aos quatro anos de idade", diz Moreira Franco.Como mudanças de governo no Brasil tendem a significar mudanças de programas, uma política pública pensada a longo prazo, como a da primeira infância, pode ser deixada de lado daqui a algumas gestões. A expectativa do ministro, no entanto, é que essa ação voltada para crianças mais jovens signifique uma redução da desigualdade entre jovens e adultos no futuro. "O que nós queremos é garantir na sociedade brasileira são valores que me parecem fundamentais na sociedade democrática: a igualdade de oportunidades", espera o ministro.
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