Por Davis Sena Filho - Blog Palavra Livre
Luciano Huck: o Cruzado Encapuzado herói do PIG "derrotou os traficantes
Quando eu era menino, no fim da década de 1960 e início dos anos 1970, passava na televisão a série que fez muito sucesso praticamente em todo o mundo ocidental. Tratava-se do Batman, o Cruzado Encapuzado, e do seu inseparável companheiro na luta contra o crime, o Menino Prodígio — Robin. A série tinha uma linguagem pop, quase psicodélica, de fino humor, pois parte intrínseca dos tempos do flower power dos hippies.
Quando eu era menino, no fim da década de 1960 e início dos anos 1970, passava na televisão a série que fez muito sucesso praticamente em todo o mundo ocidental. Tratava-se do Batman, o Cruzado Encapuzado, e do seu inseparável companheiro na luta contra o crime, o Menino Prodígio — Robin. A série tinha uma linguagem pop, quase psicodélica, de fino humor, pois parte intrínseca dos tempos do flower power dos hippies.
Passados quase 40 anos eis que surge o Cruzado Encapuzado brasileiro, cujo esconderijo não é a batcaverna e sim a Venus Platinada, também conhecida como TV Globo. O Cruzado Huck não gosta do poder público e de governantes trabalhistas, tal qual os seus patrões, a família Marinho, mas o “forte” do seu programa, “Caldeirão do Huck”, é o assistencialismo de direita como o faz, há tempos, o apresentador Gugu e tantos outros que já fizeram parte da história da televisão.
Programas com esse perfil comovem, insofismavelmente, parte da classe média e os ricos burgueses que adoram carregar vassouras janistas golpistas durante os ridículos “Movimentos Cansei”, que no último fim de semana não reuniram mais do que 500 pessoas em todo o Brasil, o verdadeiro e retumbante fracasso, promovidos pela velha imprensa privada e disseminados nas redes sociais e replicados de forma manipulada no “Jornal Nacional”, que tenta, mas em vão, dar realidade e credibilidade a movimentos que no fundo querem atingir e desqualificar a presidenta Dilma Rousseff e seu governo trabalhista.
O sistema midiático tucano brasileiro (TV Globo, O Globo e os jornalões e revistonas paulistas) tem um novo herói e ele se chama Luciano Huck, uma espécie de Robin Wood às avessas, mas, contudo, o chamado “bom garoto”, que todo pai e mãe da classe média burguesa e que sonha através de gerações um dia ser rica o queriam como genro. Huck é o verdadeiro self-made man, e, não duvidem, pode ser o candidato da direita à Presidência da República se ela perceber que José Serra, Geraldo Alckimin e Aécio Neves tenham muita dificuldade para decolar politicamente a tempo para vencer a eleições de 2014.
O Rio de Janeiro, que está a ensinar como se enfrenta o tráfico e a milícia e que atualmente recebe observadores do Brasil e de todo o mundo para aprender estratégias e ações no que concernem à segurança pública, está, aos poucos, mas de forma constante, a ocupar os territórios anteriormente dominados por quadrilhas armadas. Entretanto, a TV Globo, O Globo e a imprensa privada paulista não acreditaram nos propósitos do governo fluminense, que teve e tem o apoio dos governos trabalhistas de Lula e Dilma, e o criticaram de forma açodada e derrotista, a fim de desmoralizar a nova política de segurança que estava a ser implementada, a ter a UPPs como caixas de ressonância, além de simbólicas, porque essas unidades se transformaram em símbolos da presença do estado em regiões deflagradas pela violência daqueles que não obedecem e observam as leis.
Após o controle do Complexo do Alemão (eu estive lá após uma semana da invasão das forças públicas estaduais e federais), a velha e corporativa e privada imprensa deu o braço a torcer e, por causa do imenso apoio da população, os jornalistas da mídia velha e os seus patrões, de forma oportunista, tiveram de mudar o enfoque de suas reportagens manipuladas e passaram a “apoiar” as ações dos governos federal e estadual, aliança política que nunca agradou à Globo e aos jornalões e às revistonas de São Paulo. A Globo, por exemplo, não gosta do governador Sérgio Cabral, que já foi tucano, por causa da aliança com Brasília e não por motivos ideológicos, até porque o Cabral não é trabalhista e muito menos socialista.
Depois de as forças de segurança invadir a Rocinha sem dar um único tiro, sem ferir qualquer cidadão e com o apoio irrestrito do povo, a TV Globo como empresa de negócios e a velha imprensa, que é cínica, mas não burra, não perderam a viagem e souberam, como sempre, tirar vantagem, por intermédio da espetacularização das ações militares e policiais, o que atrai, indubitavelmente, as classes média e rica, que não conhecem de perto essas realidades, mas que tem enorme curiosidade e por isso se transformam em importantes consumidores, no que concerne a ter acesso às notícias e informações por meio das diversas mídias, que, como a TV Globo, utilizam-se do Cruzado Luciano Huck, o “bom garoto”, o self-made man, o maior e mais requisitado garoto propaganda deste País, o que o tornou, aos 40 anos, um homem muito rico e esperança política da direita brasileira, se for necessário.
Luciano Huck foi à Rocinha em nome da TV Globo e do segmento publicitário e teve autorização para se locomover com a tropa em carros e caminhões e blindados da segurança pública. É vital para o sistema capitalista e empresarial que ele apareça porque se trata de uma pessoa ligada aos maiores grupos empresariais que atuam no Brasil e no exterior. É salutar que ele apareça ao lado dos vencedores, do lado do bem, da “limpeza” das quadrilhas armadas do tráfico, porque ele vende, e muito. E as empresas agradecem.
Sua imagem de “bom rapaz” vai ser ligada agora à derrota do lado mau da sociedade, e parte da classe média conservadora e a maioria dos ricos que desejaram a morte do presidente Lula nas redes sociais e nos espaços para os leitores na Folha de S. Paulo, no Estadão, no O Globo, na Veja e na IstoÉ, vão aplaudir, porque eles se enxergam no espelho do Cruzado Encapuzado brasileiro, que apesar de não usar uma máscara no rosto, tem atrás de si a máscara do símbolo da TV Globo, a fada-madrinha que faz plim-plim. É isso aí.
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