Eduardo Guimarães: sse debate sobre a usina de Belo Monte é alvo de uma tática de quem é contra a obra de complicar a discussão para não ter que se explicar. Recebi links de matérias com opiniões de “especialistas” que comprovariam que a obra não deve ser feita, mas só o que encontrei foram afirmações sem provas de que FHC, Lula e Dilma querem que a nova usina seja construída porque se mancomunaram com José Sarney, com as empreiteiras e até com a China para dilapidarem o patrimônio nacional e torturarem alguns índios.
Opiniões políticas e ilações sobre o caráter e as intenções supostamente obscuras dos dois últimos ex-presidentes da República, da atual governante do país e – como não poderia deixar de ser – de José Sarney e de todo aquele abecedário de políticos que não há um dia em que não estejam sendo malhados pela mídia foram tudo o que me deram. Nada além de ataques a políticos e meras opiniões em lugar das respostas a questões objetivas que se fazem os cidadãos que querem o melhor para o país, e que são as seguintes:
1 – Pode faltar energia elétrica ao Brasil nos próximos anos se a oferta dessa energia não for ampliada?
2 – Se houver necessidade urgente de mais energia, há alternativa mais barata, limpa e viável do que a energia hidrelétrica?
3 – Se houver necessidade urgente de mais energia e se não houver alternativa à energia hidrelétrica, há como construir a usina em outro lugar sem causar danos ambientais e sociais?
Há cerca de uma década, o Brasil teve que racionar energia elétrica por quase um ano e ainda teve que pagar muito mais caro por ela. Os danos que aquele racionamento causou ao país não foram apenas desligar ar-condicionado ou tomar banhos curtos. Conheci indústria com cem funcionários que quebrou porque mudou de sede para crescer e não conseguiu energia nem para fazer funcionar as máquinas que já tinha. Resultado: desemprego.
Não estou inventando nada. Já aconteceu. Seria um desastre para 190 milhões de brasileiros, portanto, se tivéssemos que passar DE NOVO pelo que já passamos. Ainda mais em um momento de ouro para a economia brasileira, em um momento em que legiões de jovens cidadãos chegam ao mercado de trabalho, em um momento que é o passaporte desta nação para o futuro. Há quem ache que esse momento é uma invenção, mas essas pessoas perderam a eleição do ano passado, por mais que não queiram se conformar com isso.
Alguns dizem que é tudo ilusão, que colocaram em nossas cabeças essa coisa de falta de energia iminente. Bem, se foi ilusão o que vi acontecer há uma década no meu segmento de atividade, em minha vida privada e na de todos os que conheço por conta do apagão do fim do governo FHC, aquela foi uma ilusão para lá de real. Creio, portanto, que as respostas que o governo Lula e o governo Dilma JÁ DERAM às três questões objetivas que elenquei acima, esgotam a discussão.
Essas questões foram feitas em audiências públicas e depois foram terçadas na Justiça. O país, que tem instituições, decidiu sobre o assunto de forma democrática. Porque não estamos falando do parque de diversões ecológico de um bando de celebridades do Jet set internacional ou dos interesses que se escondem por trás do financiamento que governos estrangeiros, segundo a Abin, têm dado a ONGs para combaterem, aqui no Brasil, a construção de Belo Monte; trata-se do interesse maior de toda uma nação.
Apesar de entre os antagonistas da usina proliferarem os especialistas de ocasião que, sem credenciais para fazerem tais decretos, tratam questão dessa complexidade como se seus argumentos fossem incontestáveis, não é bem assim. O governo sustentou suas respostas às três questões acima em incontáveis audiências públicas e o que tem sido oposto a elas são nada mais do que meras suposições sobre intenções “perversas” desse governo quanto aos índios e ao meio ambiente.
Justiça, Congresso e Poder Executivo já responderam às queixas dos descontentes, mas há quem diga que as respostas não são satisfatórias. Contudo, quem diz o faz através de ilações. Repito, pois: dizer que Dilma (só para ficar no atual governo) quer vender a Amazônia a empreiteiras, à China, ao bigode do Sarney e, de quebra, quer judiar de alguns índios, é pouco – ou nada. E não é só para mim. A obra vai sair porque tem licenças, tem anuência dos poderes constituídos, tem estudos, tem respostas.
Não é porque ONGs e governos estrangeiros (que têm interesses não confessos na Amazônia) contestam que o Estado brasileiro tem que se curvar. Este país elegeu Dilma e o processo legal para construir a usina foi empreendido. Todos podem contestá-lo, até, mas indo ao Judiciário e/ou ao Legislativo. Podem acampar no meio da obra, mas terão que sair porque é assim que funciona na democracia. Dei um mandato a Dilma e só aceito que ela não possa executar o programa de governo aprovado nas urnas se a derrotarem legalmente.
Agora, sempre se pode construir o conhecimento. Quem tiver respostas objetivas a essas questões, que as apresente. Nada de links, nada de enrolar. São três perguntas que podem ser respondidas em poucas linhas. Se alguém tiver essas tais respostas tão óbvias, pode postar que tratarei de levá-las a quem pode respondê-las e me comprometo a colocar o resultado aqui. E garanto que, se surgirem respostas convincentes, apesar de isso não mudar nada importante, poderá mudar minha opinião. Basta me convencer.
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