Por Leonardo Severo - CUT
Para secretária de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, é preciso aprofundar a parceria com ramos e estaduais para ampliar a democracia.
Em entrevista ao Portal do Mundo do Trabalho, a secretária Nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti, faz um balanço dos avanços na área da comunicação sindical cutista em 2011 e projeta um ano novo “para dar continuidade ao trabalho desenvolvido junto às CUTs estaduais e Ramos”, fortalecendo a articulação com os movimentos sociais para ampliar as mobilizações a fim de “efetivar a verdadeira liberdade de expressão”. Além de fazer parte da executiva da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), Rosane foi eleita no início de dezembro para a coordenação geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
Portal da CUT - Na sua avaliação, quais foram os momentos mais marcantes para a comunicação cutista em 2011?
Rosane Bertotti - O ponto marcante foi darmos continuidade e efetividade aos nossos programas de rádio e televisão, onde as pessoas se encontram e veem o resultado das suas ações, individuais e coletivas, que é sempre uma conta que soma, algo extremamente positivo. Também começamos a colher os frutos da construção dos sites das CUTs estaduais e dos Ramos, e avançamos na produção de materiais, conseguindo fazer da Secretaria de Comunicação uma estrutura que pulsa junto com as demais secretarias, que dialoga com as demandas das políticas da juventude, das mulheres, dos negros e dos indígenas. Realizamos dezenas de coberturas jornalísticas no Brasil e no exterior, em eventos como o da Marcha das Margaridas, reuniões da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (FSA) e do Fórum Social Mundial. Na Secom, todos e todas viram respeitado e valorizado o seu espaço, o que nos orgulha muito. A aprovação da campanha por Liberdade e Autonomia, bem como sua consolidação é um ponto que necessita ser ressaltado, pois temos a oportunidade de esclarecer por inteiro a nossa posição política e ideológica a respeito da estrutura sindical e de como o sindicalismo cutista faz a diferença ao apostar na organização no local de trabalho, na capacidade da classe trabalhadora de tomar em suas mãos o seu próprio destino. Outra conquista foi a produção do DVD de Comunicação em Rede, que é mais um instrumento que vem para melhor organizar e potencializar a ação cutista.
Quais os projetos para 2012?
Rosane - Acredito que 2012 será um ano de afirmação da comunicação como um direito, de amplo debate e enfrentamento para que seja reconhecida a sua relevância como política pública estratégica. Neste sentido, temos clareza da necessidade de ampliar o diálogo com o conjunto dos setores sociais a fim de impulsionar o governo para que ponha em prática as resoluções da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), com o estabelecimento de um novo marco regulatório. Para isso consolidamos 20 pontos, que devem ser o nosso norte para seguirmos em frente, oxigenando um setor que foi seqüestrado por meia dúzia de famílias que se colocam acima da democracia - e da própria sociedade, transformando a comunicação em mercadoria e calando as vozes contraditórias. É sintomático por exemplo que os setores derrotados nas últimas eleições queiram impor sua pauta, pressionando por retrocessos. Da mesma forma precisamos ampliar a campanha em defesa da Banda Larga, fortalecendo ações em defesa da Telebras para que o Estado retome seu protagonismo na busca da universalização da internet, que precisa ter qualidade e ser acessível à população. Para isso precisamos investir na relação junto à Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que incorpora as principais entidades nacionais do país, com os blogueiros progressistas e junto ao Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que ganhou peso no último período.
A luta pela liberdade de expressão ganhará um novo patamar?
Rosane - Acredito que este é um ponto essencial para o avanço da própria democracia em nosso país. Por isso precisamos nos apropriar do debate da liberdade de expressão, que a grande mídia tenta confundir e manipular, como se os grandes meios, que usam e abusam de concessões públicas para impor suas verdades e silenciar o contraditório, fossem seus grandes defensores, enquanto nós, que lutamos contra a ditadura, que enfrentamos a censura, que entregamos nossas vidas à causa da liberdade, fossemos agora virar censores. Somos muito maiores que os nossos detratores, não cabemos neste estreito e ridículo figurino. O eixo central da nossa atuação neste e em qualquer ramo é dar maior empoderamento à sociedade para ampliar a participação e fortalecer a democracia, que precisa evidentemente de regras, de normas, que não pode ficar à mercê da lei da selva, dos desmandos dos mais fortes. Defendemos que é preciso regular para ter mais. Mais liberdade de expressão, mais informação, mais pluralidade, para que todos possamos falar e nos ver, para dar espaço à cultura nacional, aos nossos valores, à nossa gente. Com este objetivo e compromisso vamos atuar para ampliar o FNDC, incorporar mais entidades nacionais, fomentar a criação de comitês regionais e estaduais, pisar no acelerador da sua organização e enraizamento, sem o que ficará difícil virar a página dos donos da mídia. Esses passos serão dados a partir de um estreitamento cada vez maior da relação com as Secretarias de Comunicação das CUTs estaduais que, pelo peso político, pela compreensão e acúmulo do que significa esta batalha, terão papel chave no acúmulo de força e consciência para a vitória. Estou muito otimista com o ano que se aproxima. Que seja bem-vindo.
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