Ângela Lacerda, de O Estado de São Paulo
Em campanha pelo Brasil em prol da sua inocência no episódio que ficou conhecido como "Mensalão", suposto esquema de pagamento de propina a parlamentares para votarem de acordo com os interesses do governo federal, o ex-tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares reafirmou, na noite desta segunda-feira, para cerca de 100 militantes do PT pernambucano, no Recife, que apesar da opinião pública formada contra ele, ele não cometeu nenhum crime e quer "um julgamento justo, baseado nos autos e não em boatos".
Sem dar entrevista à imprensa, ele entregou a cada um dos presentes uma cópia da sua defesa no processo que está em fase das alegações finais no Supremo Tribunal Federal (STF). Depois de frisar que nada fez de errado e que os empréstimos no valor total de R$ 55 milhões feitos ao Banco Rural e BMG em 2003 e 2004 foram repassados ao PT para pagamento de débito de campanha, ele pediu para que cada um dos companheiros possa defendê-lo, possa enfrentar a opinião pública. "Leiam a defesa", pediu.
Delúbio segue o conselho do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, para quem "a única chance que ele tem no processo é divulgar o conteúdo do processo, escancarar os fatos, dar informações", visando a limpar a sua imagem, estigmatizada pela opinião pública. "As pessoas não conhecem o processo, conhecem o que foi noticiado na imprensa", afirmou o advogado que o acompanhou em "solidariedade". Fundador do PT, Greenhalgh defendeu que o julgamento do STF não deveria ocorrer em 2012, para que não haja risco de pressão da opinião pública que antecipadamente o condena. O "escândalo do mensalão" eclodiu em 2005 a partir de denúncia do então deputado federal pelo PTB, Roberto Jefferson.
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