quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Eurolândia

Por Delfim Netto
(A criação da Eurolândia) “Tratava-se de resolver um problema político: criar as condições para eliminar as disputas arbitradas militarmente num continente com mil anos de guerra. Certamente, os custos seriam altos em termos de redução das soberanias nacionais e da centralização das decisões políticas e econômicas, além da uniformização das políticas sociais.
Os economistas foram, em geral, críticos da viabilidade dessa construção porque viam dificuldades (não apenas econômicas, mas no final, políticas) para levar à conclusão da projetada federação, como agora estamos assistindo.

Do ponto de vista civilizatório, entretanto, parece claro que, qualquer que seja aquele custo, ele será muito menor do que a destruição de vidas e de trabalho humano (acumulado em bens físicos), produzida na guerra de 1870 entre a França e a Alemanha e do que a devastação de 1914-1918 e da selvageria de 1939-1945.
Alguns países que aderiram à Eurolândia têm a experiência de três quartos de século de submissão a regimes autoritários. E, em alguns deles, a possibilidade de uma centralização tecnocrática causa muita apreensão. Como disse lady Thatcher, “a Inglaterra não tem disposição de entregar-se a 16 mil burocratas de Bruxelas…”
A situação na Eurolândia é muito complicada. Ela tem, na verdade, quatro problemas:
1º) Construir um mecanismo de controle fiscal que possibilite a transferência de renda entre os membros;
2º) Um desalinhamento das moedas dentro do Euro que causa resultados assimétricos nos balanços de pagamentos;
3º) Falta-lhe um Banco Central autônomo que possa ser, de fato, o emprestador de última instância; e
4º) Isso torna possível o início de uma crise que pode levar a uma recessão catastrófica.”

Um comentário:

O PROFETA GENTILEZA disse...

Sem falar no egocentrismo humano que não é capaz de mover uma palha rumo à coexistência pacífica. A URSS falhou porque tentou impor pela fôrça a coesão que a China adquiriu pela sabedoria. Ao ocidente mercantilista e utilitário é quase impossível o bom senso, diante da avalanche de sensações consumistas. Os chineses sabem que as varas juntas são inquebrantáveis e as suas sobrevivências dependem da capacidade interna de produção e exportação. Foram fiéis da balança durante a guerra fria e têm bastante juízo para remarem junto. Os chineses jamais chutarão o balde !!!