sábado, 10 de dezembro de 2011

A Privataria Tucana é uma espécie de "Novo muito além do Cidadão Kane"?

Todos achavam que era uma lenda urbana da blogosfera “progressista”. Que era invenção de Paulo Henrique Amorim. Que nunca ia sair. Mas, nesse final de semana um lançamento no mercado editorial abalou o mundo da blogosfera, e ao que tudo indica – ao ver o silêncio da grande mídia – o mundo tucano também.
O livro “A Privataria Tucana” do premiado jornalista Amaury Ribeiro Jr., conta, segundo sua própria descrição, como ocorreu um dos maiores assaltos aos cofres públicos brasileiros: a onda privatista do governo FHC. O livro relata muita coisa, desde como acontecia a lavagem de dinheiro em ilhas do Caribe, passando pelo enriquecimento de figuras importantes do tucanato, escândalo do Banestado – que segundo Amaury foi a maior roubalheira da história – até chegar a disputa eleitoral de 2010, com espionagem tucana para ferrar tucanos e até fogo amigo de petistas contra petistas. Tudo bem detalhado, com provas documentais, ou seja, não é boato de campanha eleitoral.

Tá, e aí, qual a relação de “A Privataria Tucana” com “Muito Além de Cidadão Kane?
Bom, primeiro vamos a um breve histórico para quem não conhece do documentário britânico “Muito Além do Cidadão Kane” (clique aqui para assistir)
Muito Além do Cidadão Kane, é um documentário produzido no início da década de 90 pelo Channel 4, uma emissora pública do Reino Unido. O documentário mostra as relações entre a mídia e o poder, influência das Organizações Globo na vida brasileira, suas relações políticas, e como em diversos momentos, para defender seus interesses e de seus aliados, a Rede Globo manipulou a opinião pública. Apresenta depoimentos de importantes personalidades como Chico Buarque, Leonel Brizola, ACM, Washington Olivetto, Dias Gomes, e Luís Inácio Lula da Silva
Barrado no país desde o ano de sua produção, por ordem judicial a pedido da rede Globo, o filme foi exibido “clandestinamente” por vários anos em algumas universidades e, por partidos políticos, em seções não divulgadas, e só a partir do ano 2000, com o crescimento da internet, é que o filme passou a ser difundido, furando a censura.
E é a censura, para defender certos interesses, que seriam afetados pelas informações contidas nas obras, que liga o livro ao documentário.
No caso do documentário houve -e ainda há, pois ele continua proibido no Brasil- censura para que ninguém soubesse das maracutais das Organizações Globo -mais sujas que pau de galinheiro.
Já no do livro, há uma censura por parte da grande mídia, para que o alto tucanato não seja afetado pelas denúncias contidas no livro. Me chamou a atenção foi uma postagem no Twitter do jornalista e blogueiro @claudiogonz em que ele diz se na pesquisa do Google, o termo “A Privataria Tucana” traz 40 mil citações em blogs, já em Notícias aparecem só 24. Mas não é só na pesquisa do Google que vemos isso. Nenhum grande jornal, ou grande rede televisiva, deu uma linha sobre o livro. Apenas a revista semanal Carta Capital, em que o assunto é a capa.
O livro que foi lançado nesta sexta-feira (09/12) é um sucesso de vendas. A primeira edição, com 15 mil livros, esgotou em menos de dois dias. Segundo a blogueira Maria Frô é um recorde no mercado livresco brasileiro. Na noite de sexta-feira, a editora Geração Editorial já não tinha mais cópias disponíveis, tamanha foi a procura das livrarias e dos leitores. Tudo isso apenas com a divulgação de blogueiros e internautas, pois a distribuição feita pela editora foi silenciosa, devido ao medo de apreensão judicial. O editor Luiz Fernando Emediato chegou inclusive a sentir-se intimidado ao ser chamado para “uma conversa” com o ex-governador José Serra, uma das “estrelas” envolvidas nas denúncias do livro.
Diante do exposto, este humilde blogueiro é obrigado a concordar com a “ombudswoman” da Folha de São Paulo, que já sentenciou que o destino da “grande mídia” é ser atropelada pela blogosfera. Fonte: Rodopiou.

Um comentário:

Unknown disse...

É um prazer ser testemunha da nova imprensa brasileira!