Reproduzido Rede Brasil Atual: No Rio de Janeiro, leitores do jornal O Globo, como o cineasta Eduardo Valente, se perguntam e indagam o jornal sobre os motivos por que o livro "A Privataria Tucana" foi desprezado há várias semanas pelo noticiário do veículo. Com exceção de artigos pontuais de colunistas que desqualificam a publicação do jornalista mineiro Amaury Ribeiro Junior, o veículo não deixou de tratar das denúncias apresentadas sobre o processo de privatização da década de 1990.
O trabalho de Ribeiro Júnior traz documentos e informações que sugerem que o ex-caixa de campanha do PSDB e ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira agiu como "artesão" da construção de consórcios de privatização em troca de propinas. Outro citado é o ex-governador paulista José Serra (PSDB), que tem familiares apontados como agentes de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos na venda de estatais.
Na tentativa (inglória) de obter respostas sobre o silêncio de O Globo, Valente encaminhou duas cartas em dias consecutivos ao jornal. Primeiro, ele declarou sua "preocupação" com a falta de atenção ao caso, sugerindo acreditar que se tratava de falta de conhecimento. Em carta de 15 de dezembro, divulgada nesta segunda-feira (26), pelo Observatório de Imprensa e pelo blogue de Luis Nassif, o leitor do jornal destaca: "Prezados editores de O Globo, agora estou oficialmente preocupado. Como vocês podem ver pela carta abaixo, que enviei nos dois últimos dias, eu achava que algum engano estava acontecendo sobre nenhuma menção ao livro Privataria tucana, às denúncias contidas nele, fartamente documentadas, nem à reação ao mesmo, que ontem levou um deputado federal a pedir abertura de CPI e outros dois a se pronunciarem no plenário".
A suposição generosa do cineasta é de que o jornal "encontra-se sob censura". "E, por isso mesmo, quero me irmanar ao jornal na sua luta para escapar das garras deste inimigo tão insidioso que, em um passado ainda próximo, nos afetou a todos de maneira tão tacanha", diz o leitor. Em suas argumentações, Valente afirma entender até que o jornal não pode publicar suas carta, "por forças maiores".
Em missiva anterior, o leitor lembra que "denúncias, idôneas ou não, que costumam ocupar a capa de uma outra revista semanal, são sempre muito bem repercutidas em O Globo logo na segunda-feira, quando são publicadas.
Outra lembrança das correspondências de Valente ao jornal são os princípios editoriais das Organizações Globo: “(...) Não pode haver assuntos tabus. Tudo aquilo que for de interesse público, tudo aquilo que for notícia, deve ser publicado, analisado, discutido; (...) gostar ou não de um assunto ou personagem não é critério para que algo seja ou não publicado. O critério é ser notícia; (...) as Organizações Globo são apartidárias (...) os jornalistas das Organizações Globo devem evitar situações que possam provocar dúvidas sobre o seu compromisso com a isenção.”
O texto amplamente divulgado pela empresa em 2011, inicialmente até serviu para tranquilizar o leitor preocupado. Mas ainda não foi dessa vez que teoria e prática caminharam juntas. Pelo menos não na "vênus platinada".
Nenhum comentário:
Postar um comentário