Jornal O Povo: O Partido dos Trabalhadores (PT) em Fortaleza começou oferecendo no ano passado um leque com 13 nomes para concorrer à disputa prefeitural de 2012, afunilou esse menu para quatro ou cinco nomes, e agora parece estar em encruzilhada digna de novela mexicana. Nesse momento, mesmo que os líderes petistas tentem esconder, o partido está com um problemão em mãos, graças à sua própria capacidade de autoflagelação. Prova disso, é que o prazo estabelecido pela direção da legenda, com vistas á escolha do nome, já foi para o espaço, não havendo por enquanto perspectiva de definição a curto prazo.
É interessante destacar que a situação posta deve-se ao que o partido sempre combateu em governos anteriores, que é a questão do personalismo. O que é a posição da prefeita, ao bater o pé na defesa de Catanho ou Elmano de Freitas, se não a manutenção de seu projeto pessoal? Alegam os defensores de Luizianne que os dois preferidos pela prefeita e presidente estadual da legenda, seriam próximos a ela e, portanto, estariam mais preparados para conduzir o projeto petista na Capital. Esquecem esses correligionários, todavia, que além dos dois serem apostas de risco, por não terem densidade eleitoral, nomes como Camilo Santana e Artur Bruno, bem mais expressivos em termos eleitorais dentro do PT, foram praticamente queimados pela direção estadual antes mesmo da disputa começar.
Ora, sabe-se hoje, que Camilo seria um dos possíveis nomes a garantir a permanência de Cid Gomes na aliança com os petistas, o que facilitaria as coisas em termos montagem do palanque de aliados. O atual secretário de Cidades, todavia, é ligado a José Guimarães, e, portanto, carta fora do baralho do jogo sucessório para Luizianne Lins. Já o deputado federal Artur Bruno, maior votação em Fortaleza para a Câmara Federal em 2010, também não é visto com bons olhos, e nem mesmo teria votos na direção do PT para tentar ir, pelo menos, às prévias partidárias.
Um aspecto importante nesse processo, é que o PT mantém o discurso de manutenção da base aliada formada com a participação do PSB, PMDB e PCdoB, mas não deixa margem de manobra para negociação. Como explicar, por exemplo, que Catanho e Elmano venham a ser candidatos por serem próximos à gestão da prefeita, se esses partidos têm feito sérias críticas à condução do executivo municipal? Por outro lado, se forem Camilo ou Bruno os sugeridos pelo partido, qual será o argumento para convencer os aliados, se durante a condução das discussões a prefeita os rejeitou abertamente?
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