Escrito por Gláucia Lima - 2º WebFor
"A música é o barulho que pensa." Víctor Hugo
Quando escrevi minha tese de doutorado, minha pesquisa teve como objetivo realizar uma análise crítica da utilização de canções como reforço e estratégia no ensino comunicativo de língua espanhola como língua estrangeira, trabalhadas num contexto sociocultural.
A motivação para trabalhar este tema surgiu de minha experiência laboral, como professora de língua espanhola no Centro de Línguas do IMPARH, na Prefeitura Municipal de Fortaleza. Elaborei minha argumentação a partir do resultado da análise de material didático e da minha prática profissional. Propuz que a utilização de canções como atividades criativas em aulas de espanhol como língua estrangeira, possibilitasse interpretá-las num contexto social e cultural. Proceder à escrita desta tese sem levar em conta minha atuação no ensino de espanhol (como L2), seria fugir da realidade e fabricar, naturalmente, uma falsa identidade.
Acredito que canções constitui base para a aprendizagem de línguas, pois atua diretamente na prática da compreenção auditiva, numa comunicação real. A necessidade de uma instrução argumentativa, que faça análise buscando identificar oportunidades gerais e específicas que podem ser levantadas na hora de definir metas e estratégias de utilização de canções nas aulas de línguas estrangeiras, no meu caso em específico, a do espanhol. Já que a cultura, fundamentalmente, tem um papel central de aproximar as sociedades, percebe-se que se pode ensinar a "cultura", porque a música e as canções são manifestações culturais da comunidade linguística, de promover e estimular o conhecimento social e cultural através de canções do mundo hispânico, durante o aprendizado de línguas.
Desenvolver a competência comunicativa com ênfase nos aspectos sócio-culturais do mundo/sociedade hispânica estimula no aluno o interesse pela cultura e língua hispânicas. Permite contextualizar autor e obra e identificar as características culturais, identificando na sociedade as influências do mundo hispânico através da canção.
Temos portanto nas canções, um mecanismo por demais prazeroso, que podemos utilizar para fazer funcionar a nossa comunicação. E, nesta época, onde tudo se faz rapidamente, elaborações mentais se fazem necessárias para acompanhar a velocidade do computador, de toda a evolução da tecnologia, por fim e principalmente, das “redes sociais”, que revolucionam a linguagem e por conseguinte, as sociedades no mundo.
Minha tese consigna à teoria de Paulo Freire ao defender que “linguagem e realidade prendem-se dinamicamente”, para ele, “a leitura do mundo precede à leitura da palavra”. Nada obstante, a língua (e sua linguagem), ainda exerce o protagonismo na comunicação. Ao falar de inteligência múltiplas e de inteligência emocional, se reforça a necessidade de leituras e audições de diversificadas linguagens. As canções têm este poder de acercar os povos e, sobretudo sua cultura e tradição, bases na sociedade.
Assim, compartilhar com a linha de pensamento de Noam Chomsky é demonstrar preocupação pela criatividade e a liberdade do falante, adicionando a “situação” como matiz que afeta à essência dessa mesma liberdade. As canções contribuem para familiarizar aos alunos com a realidade. Aproximá-los de outras realidades mais distantes, além de que nos traz mensagens diretas (ou não) que nos falam de nosso mundo, transpondo a barreira do mundo do mesmo idioma.
A psicolinguística confirma que a reprodução do modelo sonoro na música, implica sua percepção. A mensagem pode ter a capacidade de atuar sobre nossas emoções, conectando com nosso plano afetivo. Esta carga afetiva e próxima da realidade que traz as canções se convertem no material motivador e significativo para explorar na sala de aula.
Widdowson propõe que o aluno, através da manipulação da linguagem e da percepção de sua função social, desenvolva habilidades comunicativas que ajudam na aquisição da segunda língua.
A música e as canções, numa perspectiva psicopedagógica, contribuem positivamente na compreenção e desenvolvimento para a comunicação e aprendizagem de idiomas (ou 2ª língua), sem alijá-lo da realidade do mundo; sim, pondo professor/a e aluno/a, de forma prazerosa, no centro e partícipe da situação.
É nesta mesma perspectiva, ou seja, da educação construtiva, que defendemos e apoiamos a inclusão da música e/ou canções, também como disciplina curricular, em sala de aula. Ganha a estudantada, o magistério, a arte, a educação como um todo e, principalmente, a sociedade. Gláucia Lima* glaucialimavoz.blogspot.com/@glaucia_Lima_
“…debe el canto ser luz sobre los campos
iluminando siempre a los de abajo.” composición: Horacio Guarany-Si se calla el cantor)
*Gláucia Lima escreveu a Tese: LAS CANCIONES COMO REFUERZO Y ESTRATEGIA EN LA ENSEÑANZA COMUNICATIVA EN EL CONTEXTO SOCIOCULTURAL DE E/LE
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