O ANALFABETO POLÍTICO
Berthold Brecht
O pior analfabeto
É o analfabeto político,
Ele nã
o ouve, não fala,
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo da vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha,
Do aluguel, do sapato e do remédio
Dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
É tão burro que se orgulha
E estufa o peito dizendo
Que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
Nasce a prostituta, o menor abandonado,
E o pior de todos os bandidos,
Que é o político vigarista,
Pilantra, corrupto e lacaio
Das empresas nacionais e multinacionais.
Sei lá, de repente me veio à idéia desses administradores exímios da atividade privada e que
prometem soluções miraculosas com a coisa pública...
Meu Deus! Não conseguem contratar uma pessoa para fazer os registros contábeis de uma campanha.
Será que essa inglória negligência se manifestará num eventual mandato?
Tão desapegado aos pequenos detalhes, prefere sempre os grandes, o que convenhamos é seu natural representante. PCH, licitação da SANECAP, privatização do Pronto-socorro e pretensão ao Alencastro. Realmente muito interesse na coisa pública. Esses exímios administradores agora pretendem deixar seus negócios e ir desapegadamente gerir os destinos do Município de Cuiabá. Tanta benevolência trocar a sua atividade por outra em prol do interesse público com vencimentos menores, ainda sob o risco de disputarem o pleito e não vencerem. De repente, mais que de repente, negociações estranhas ocorrem. Inexplicáveis até.
Compromissos são rasgados e no habitual exercício de arregimentação de apoio, praticam a ginástica holística de diariamente tentar engolir “gato de ré”. Alguns mais corajosos, para sair na frente, se dispõem a tentar a sorte com uns angorás.
Me dizem, aqui ao ouvido, que isso é coisa natural.
Cá, entre nós, essa tragicomédia surrealista tem sido ensaiada desde muito tempo. O enredo neste carnaval segue imutável e embora tenham dado um trato às velhas caricaturas tentam comandar o baile.
Uma coisa é certa, já não podem cobrir-se com o manto dizendo-se imaculados e nem que sabem ou possuem condições de gerir um município.
Imaginem, nem a sua conta de campanha conseguiram.
Desculpem-me, mas talvez tenha caído a antena, quer dizer, a ficha limpa, é claro e essas sumidades nem venham a disputar o pleito.
E, se for permitido, vão ter de explicar como foram incompetentes e porque esses seus interesses devem prevalecer sobre o interesse público.
Diria Chico Buarque que “Vai passar nessa avenida um samba popular...”.
Sei lá, mais ficha limpa não é mérito.
É obrigação.
Nesses arremedos de tentativa de fazer cortina de fumaça enquanto se justifica o injustificável, doutos e capachos se esmeram nessas encenações tragicômicas.
A platéia impávida assiste atônita, desconfortável pelo preço que esse pseudo espetáculo quer cobrar.
De novo estão me interrompendo.
Algum engraçadinho me ligou e disse que eu não entendo de teatro, que isso é uma leitura de Ionesco.
Absurdo.
Teatro do Absurdo, pena que é verdade o que o texto diz e como propõe Brecht, estamos a rir de nossa própria dor e assim estaremos até que se apercebamos que somos racionais e o discernimento pode nos libertar dessa caverna de horrores que a todos querem confinar.
Capachos não me digam que é carnaval e tudo é permitido.
Hilda Suzana Veiga Settineri
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