Por Luis Nassif:
O fato editorial do ano foi o livro "A Privataria Tucana", lider de vendas de livros em todo o país e, portanto, fato jornalístico dos mais expressivos. Quem é antijornalista: quem não fala sobre o livro ou quem fala? A Folha não apenas nada deu sobre o livro como proibiu seus colunistas de sequer mencioná-lo em suas colunas. Criou um índex e agora pretende estendê-lo a todas as publicações.
Por esquiber - Da Folha de S. Paulo
Revista ligada ao governo critica PSDB e diz que Serra 'está morto'
DE SÃO PAULO
Em resenha sobre o livro "A Privataria Tucana", o site da "Revista de História da Biblioteca Nacional" criticou o PSDB e afirmou que o ex-governador José Serra (PSDB) está "aparentemente morto".
A biblioteca é vinculada ao Ministério da Cultura. Além de ser patrocinada pelo governo e pela Petrobras, a revista tem o nome da presidente Dilma Rousseff e da ministra Ana de Hollanda no seu expediente.
p>O texto foi ao ar no dia 24 de janeiro. As críticas a Serra foram repercutidas nesta quarta pelo jornal "O Globo".
O livro, escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr., acusa Serra de receber propinas de empresários que participaram das privatizações conduzidas pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Assinada por um dos repórteres da revista, a resenha diz que o livro joga "uma pá de cal na aura de honestidade de certos tucanos". Afirma ainda que ele mostra que o "jornalismo está vivo".
Em nota, a direção do PSDB criticou o texto. "O PSDB, que é o verdadeiro alvo dessa vilania, presa sua história e seus valores. Por isso, continuará combatendo o aparelhamento político-partidário desenfreado do Estado brasileiro e seus efeitos secundários indesejáveis", diz o presidente da legenda, Sérgio Guerra.
A associação que edita a revista admitiu o erro e pediu desculpas. De acordo com ela, o texto não foi avaliado pelos editores antes de ser publicado.
"O artigo é um posicionamento pessoal do repórter e contraria a linha editorial da revista, que não defende posições político-partidárias", diz o presidente da Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional, Jean-Louis de Lacerda Soares.
De acordo com ele, a Biblioteca Nacional não tem responsabilidade sobre os textos da revista.
A Folha entrou em contato com o Ministério da Cultura, mas ainda não obteve resposta.
Por daSilvaEdison
Da Revista de História - O jornalismo não morreu
‘Privataria Tucana’ prova que a reportagem de investigação está viva e José Serra, aparentemente, morto - Celso de Castro Barbosa.
Engana-se quem imagina morta a reportagem de investigação no Brasil. Embora os jornalões, revistas semanais e emissoras de TV emitam precários sinais vitais do gênero, ele está vivíssimo, como prova A Privataria Tucana, livro do premiado repórter Amaury Ribeiro Jr.
Lançado em dezembro e recebido pela grande imprensa com estridente silêncio, seguido de críticas que tentaram desqualificar a reportagem e o autor, o sucesso do livro, já na terceira edição e no topo das listas dos mais vendidos, não se deve a suposto sentimento antitucano. Até porque os fatos objetivos relatados não poupam o PT. Não há santos na Privataria.
Com base em documentos oficiais, da CPI do Banestado e outros que o autor conseguiu em cartórios, Amaury torna pública a relação de dirigentes do PSDB e a abertura de contas no exterior de empresas de fachada, responsáveis pelo retorno ao Brasil do dinheiro sujo da corrupção. Dinheiro que voltou, naturalmente, limpo.
Muita gente deve explicações à Justiça que, nesse episódio como em outros envolvendo expressivos representantes da elite brasileira, move-se a passos de tartaruga. Ou simplesmente não se move. Pelo cargo que ocupou na época das tenebrosas transações, as privatizações da era FHC, José Serra, então ministro do Planejamento e depois duas vezes candidato à presidência, prefeito e governador de São Paulo, é quem tem a imagem mais chamuscada, para não dizer estorricada, ao fim da Privataria Tucana.
De origem humilde, o tucano paulista exibe patrimônio incompatível com os rendimentos de um político. Tudo em nome de sua filha, Verônica, que ao lado de Ricardo Sérgio, tesoureiro das campanhas de Serra e Fernando Henrique, emergem como principais parceiros do ex-governador no propinoduto que marcou a venda das empresas de telecomunicação.
Além de jogar uma pá de cal na aura de honestidade de certos tucanos, o livro de Amaury tem ainda o mérito de questionar, involuntariamente, a atuação da grande imprensa no país. Agindo como partido único, onde só é permitida uma única opinião, jornais, revistas e mídia eletrônica defenderam, com unhas e dentes, a privatização. O principal argumento era a vantagem que traria aos consumidores: eficiência e tarifas baixas por causa da concorrência. Passados mais de dez anos, o Brasil cobra tarifas de telefone das mais altas do planeta e as concessionárias são campeãs de reclamação nos Procons.
Não bastasse, ao ignorar o lançamento do livro, a imprensa hegemônica mostra sua face semelhante à dos piratas: um olho tapado, que nada vê, e outro atento à movimentação dos adversários.
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