Como diria o pernambucano: tem gente que é diferente. Não há psicologia nem antropologia que explique certas coisas. Fazendo uma leitura de alguns jornais e algumas revistas de publicação semanal, impressionam as matérias que exploram a vaidade humana. Os que aspiram na vida serem os melhores ou maiores, se possível, do mundo. O desejo excitante do Eike Batista de ser o mais rico, o do Neymar de ser o melhor no futebol e o do Pelé que não aceita deixar de ser o melhor jogador de todos os tempos.
O maior lutador que irá conquistar o cinturão de ouro e o aluno que é o primeiro lugar no vestibular e estuda no melhor colégio da cidade. O que ganhou o primeiro bilhão e os que mostram as fotografias do jantar oferecido em seu apoteótico e insosso apartamento para bajular o bobo do momento.
Os que compraram seu primeiro avião e os que trocaram pelo melhor do mundo. Os que querem a qualquer preço aumentar o poder e os que se acham os mais preparados para assumir.
O vereador que quer ser deputado, o deputado que quer ser o prefeito e o prefeito que quer ser governador e o governador que quer ser presidente.
Eis que surge uma esperança. Uma despretensiosa entrevista que nos faz ter fé na humanidade. O entrevistado afirma: “Não tenho nenhuma vontade de me candidatar a nada. Não tenho nenhum desejo de ser prefeito ou o que o valha. Tenho dificuldade com essa coisa de exposição e perda de privacidade. Não quero uma revolução na minha vida. Quero o sossego de ser mais um, de ser eu, de estar com os meus. Ir comprar o jornal na banca e comer um pão com mortadela na padaria.”
Há sete anos, o entrevistado exerce função de poder. Não se deslumbrou, não perdeu nem ganhou amigo íntimo novo. Não mudou seus hábitos, não alterou a voz e não perdeu sua elegante simplicidade. Teria o meu voto.
Paulo Porto Lima
pauloportolima@me.com
Geógrafo e empresário - Publicado originalmente no O Povo.
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