Por Christina Lemos
A indefinição de José Serra quanto a candidatar-se à prefeitura de São Paulo não só deixa o PSDB em compasso de espera como está levando o PSD ao racha. Menos de cinco meses após sua criação e a obtenção do registro pelo TSE, o partido de Kassab enfrenta a primeira crise existencial justamente por causa da opção de seu criador de apoiar a candidatura Serra, ainda que isso comprometa o projeto nacional da legenda.
“Muitos deputados deixaram seus partidos e migraram para o PSD justamente porque não viam mais saída na oposição” – diz um pessebista, que não esconde a vocação governista que acompanha o partido desde o berço. É o caso de muitos dos cerca de cinquenta deputados federais que o PSD conquistou em curto espaço de tempo e que hoje lhe garantem a nada desprezível posição de terceira maior bancada da Câmara.
Alguns correligionários de Kassab acham que o compromisso do prefeito com Serra é de caráter pessoal e que o partido não deve estar atrelado a ele. Chegam a taxar a potencial candidatura de Serra de “extemporânea” e “desesperada”. A irritação é grande e inversamente proporcional ao entusiasmo com que esses pessedistas estimularam a aproximação com o candidato petista Fernando Haddad – movimentos que pavimentavam a aproximação também com o Planalto, no plano federal.
A situação desgasta o próprio Kassab, principal líder do partido, cujas articulações foram congeladas pela indefinição de Serra. As próximas duas semanas, até a realização das prometidas prévias do PSDB, previstas para 4 de março, serão de forte pressão sobre Serra, mas também sobre Kassab, que arrisca virar alvo, durante a campanha, do candidato que pretendeu apoiar. Ficando ao lado do tucano, precisará partir para o ataque contra Haddad, ou, no mínimo, partilhar do discurso oposicionista dos tucanos. É o caminho contrário que o PSD pretendia trilhar.
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