sexta-feira, 27 de abril de 2012

Barões da imprensa se unem contra a CPI, mandam recado ao Governo e pensam que o Brasil é o quintal da casa deles



Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre

Marinho... Civita... Frias...  e Miro: porta-voz de coronéis
Eles gostam de bater, manipular, acusar, denunciar, distorcer, julgar e condenar. São os patrões mais atrasados de todos os segmentos de atividade econômica, política e social. Quando se associam ao crime e são descobertos ameaçam até o Governo Federal e os poderes constituídos. Eles são golpistas e detestam governantes trabalhistas. Cadê o projeto do jornalista Franklin Martins que regulamenta o setor econômico midiático e que está previsto na Constituição? Com a palavra, a presidenta Dilma e o ministro Paulo Bernardo.

Os barões da imprensa, proprietários e chefes dos oligopólios midiáticos, enviaram aviso ao Palácio do Planalto, ao Congresso e não duvidem se o STF também não o recebeu: vão retaliar os poderes republicanos se algum coronel de mídia ou quaisquer um de seus sabujos forem convocados para depor na CPI do Cachoeira-Demóstenes-Veja, que deveria ser chamada de CPI das Mídias, porque, na realidade, é disso que se trata, afinal está explícito que esses empresários se constituíram na verdadeira oposição aos governos trabalhistas de Lula e Dilma, pois perceberam, e há muito tempo, que os partidos de oposição (PSDB, DEM e PPS) estão fragilizados, sem propostas, sem alternativas e sem programa de governo, o que levou a jornalista Judith Britto, presidenta da ANJ, reconhecer que os barões da imprensa oligopolizada são, realmente, a oposição no Brasil.

Acontece que esses senhores, cujos pais apoiaram golpes e tentativas de golpes de estado no decorrer do século XX, com o objetivo de manter os privilégios das classes que representam e as quais pertencem — as ricas e as muito ricas — são, na realidade, cúmplices do crime organizado no que diz respeito ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, porque não há condições de uma quadrilha como a do Cachoeira ser tão ousada e chegar tão longe ao ponto de atingir tantos setores do poder público sem a conveniência, a conivência, a cumplicidade e até mesmo o financiamento, por intermédio de uma sucessão, durante anos, de "matérias jornalísticas" que visavam “sangrar” partidos, governos, personalidades públicas e até mesmo empresariais, de forma que suas reputações fossem moídas e jogadas à lama onde chafurdam, seguramente, inúmeros jornalistas que envergonham a classe em que a maioria trabalha honestamente e se recusa a fazer um jornalismo de esgoto, cuja finalidade é a ascensão profissional e social. Tem gente que realmente vende a alma ao diabo.

Enquanto isso, noticia-se que o senhor Fábio Barbosa, executivo ligado à Febraban e que atualmente preside a Editora Abril (Veja), tem agido como interlocutor dos empresários da mídia corporativa e hegemônica. A missão dele é impedir que tais coronéis midiáticos e seus sabujos de confiança sentem nos bancos da CPI do Cachoeira, que deveria se chamar CPI da Mídia, para depor e explicar o porquê, por exemplo, de o jornalista Policarpo Jr. ter sido gravado mais de 200 vezes pela Polícia Federal a “armar” matérias com o chefe de quadrilha, segundo a PF, Carlinhos Cachoeira, banqueiro do bicho poderoso que está a deixar em péssimos lençóis o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, que reconheceu, de viva-voz, uma "certa influência" do bicheiro preso em setores do seu governo.

Há muito tempo eu afirmava que não era normal e compatível com o processo jornalístico a atuação da imprensa comercial e privada (privada nos dois sentidos, tá?) nesses últimos dez anos. Desde 2001, quando o candidato do PT, Lula, era considerado favorito para vencer as eleições presidenciais de 2002 que eu passei a observar com mais atenção a atuação da imprensa e de seus principais comentaristas, colunistas e analistas convidados no que e relativo ao combate a políticos considerados por eles socialistas, nacionalistas, esquerdistas ou trabalhistas.

De 2004 a 2009, eu trabalhei na Câmara dos Deputados. Em 2006, escrevi o artigo “O Partido da Imprensa” http://www.davissenafilho.blogspot.com.br/2012/03/o-partido-da-imprensa_13.html e o enviei para todos os parlamentares, além de repercuti-lo por incontáveis endereços da blogosfera. O texto é uma análise do que é a imprensa e como ela funciona, a ter sempre como objetivo manter o controle da informação ao tempo que influenciar e aliciar a população para sua causa e combater governos e governantes que não rezam por sua cartilha. Logo depois, o deputado Fernando Ferro (PT/PE) fez um discurso em que chamou a imprensa de “Partido da Imprensa”. Após trabalhar como redator de Política e de Economia no “Correio Braziliense” nos idos de 1988-1990, percebi, no decorrer do processo eleitoral de 1989 (Lula X Collor) que a imprensa não disfarçava suas opções políticas e partidárias. Até então, os burgueses da velha imprensa atuavam de forma dissimulada, não tão bem unificada como hoje, e seus “opinadores” de confiança analisavam a realidade política de uma maneira quase isenta, ou seja, mais técnica.

Como cidadão, leitor e jornalista percebia esse contexto, apesar de não ter espaço para opinar e escrever. Os chefes de redação, os editores e os seus patrões sabem a qual perfil de profissional dar espaço e a quem “confiar” a linha editorial do jornal, do seu negócio.  Por incrível que pareça, muitos jornalistas não compreendem a dimensão das coisas que estão em jogo. Podem acreditar. A maioria desses profissionais é oriunda da classe média, convicta em seus preconceitos, de valores ocidentais hegemônicos e voltada para o “deus consumo” e com o pensamento em Miami ou Paris, Londres ou Nova York, pois colonizada e com um gigantesco complexo de vira-lata, o que não lhe causa vergonha ou pequenez e, sim, um orgulho subserviente e pueril.

Não conhecem o Brasil e não tem a compreensão do seu povo e da sua luta para sobreviver, porque esses jornalistas que povoam as redações da velha imprensa golpista são urbanos despidos de urbanidade e de conhecimento do que é justo ou injusto. E é por isso que a imprensa empresarial se torna perigosa à democracia, ao direito, aos poderes constituídos e à rotina de vida da sociedade, pois seus interesses e os dos trustes empresariais os quais a mídia defende e representa estão acima dos interesses da coletividade, da Nação, do País. Não há, e isto é real, como pensar na “grande” imprensa sem pensar nos bancos. São setores ligados umbilicalmente. Um é a imagem do outro em um mesmo espelho. Depois, em um segundo plano, vem os outros ricos.

Não sei se foi por causa do artigo “O Partido da Imprensa” ou do deputado Fernando Ferro que as pessoas passaram a chamar a união das empresas midiáticas de “Partido da Imprensa Golpista”, o famigerado PIG, nome e sigla adequados e corretos para um segmento que não tem compromisso algum com o Brasil e os interesses da Nação. Contudo, sei que a blogosfera é democrática e não permite, por intermédio dos “Blogs Sujos”, que a imprensa hegemônica fale sozinha sem ser, entretanto, questionada e contestada em sua (má) conduta, apesar de o Brasil, absurdamente, não ter ainda estabelecido o marco regulatório das comunicações, como reza a nossa Constituição. Cadê o projeto do Franklin Martins, ministro Paulo Bernardo?

Volto ao assunto. Não tem cabimento a CPI do Cachoeira-Demóstenes-Veja, que deveria se chamar CPI das Mídias, não investigar todos os envolvidos. Evidentemente, no decorrer do processo de investigação, denúncias e acusações, muita coisa vai à tona, porque existem áudios com voz e som (e não áudios que derrubaram delegados da PF sem voz e sem som) e provas contundentes contra personagens que militam na imprensa comercial e privada. Otávio Frias Filho, da Folha de S. Paulo, João Roberto Marinho, das Organizações(?) Globo, e Roberto Civita, do Grupo Abril (Veja) formalizaram aliança e tentaram, em vão, dar notoriedade à Construtora Delta como protagonista do escândalo. Acontece que o Governo Federal publicou online os contratos da Delta e matou a cobra no ninho. A Delta certamente esta envolvida, mas o protagonismo do escândalo, mais do que o Demóstenes e o Cachoeira, pertence à velha, tradicional, empresarial e golpista mídia — à imprensa burguesa brasileira.

Miro Teixeira, deputado do PDT do Rio e que neste momento deveria questionar sua postura e sair do partido trabalhista antes que o digno estadista gaúcho Leonel Brizola venha povoar seus sonhos ou pesadelos, já avisou à CPI: “o artigo 207 do Código de Processo Penal veda o depoimento de testemunha que por ofício tenha de manter sigilo, como jornalistas”. Não é inspiradora, caro leitor, a intenção de Miro Teixeira, cria do ex-governador Rio, o udenista e “ademarista” Chagas Freitas, proprietário do jornal “O Dia”, que depois ele vendeu para o empresário Ary de Carvalho?

Como é que pode? Jornalista no Brasil se tornou intocável. Não há categoria profissional com mais poder neste País do que a de jornalista. Nada a atinge. No Brasil, não existe a regulamentação das mídias, a Lei de Imprensa foi revogada, extinta e o direito de resposta não é garantido, porque simplesmente as empresas midiáticas não dão espaço igual em suas publicações e veículos aos caluniados, injuriados e difamados. A verdade é esta, e é por isto que a sociedade brasileira e os poderes constituídos estão à mercê da ditadura da imprensa, do pensamento único imposto por meia dúzia de famílias, que pensam que um País de 200 milhões de habitantes, além de ser a sexta mais importante economia do mundo é o seu quintal.

O PT, seus aliados e a sociedade civil organizada, como, por exemplo, a ABI e a OAB, além dos sindicatos dos jornalistas, a Fenaj, a UNE e os sindicatos de trabalhadores, deveriam exigir a investigação completa desse caso, que, tal qual um câncer, espalhou-se pelo corpo de setores do Estado. O deputado Miro Teixeira não está a ser republicano, pois se transformou em um rábula dos interesses de empresários golpistas e que há cerca de dez anos, no mínimo, não deixam a Nação viver em paz.

Miro Teixeira diz ainda que jornalistas não podem ser forçados a quebrar sigilos de suas fontes. O parlamentar é jornalista e advogado, e sabe muito bem que se basear em garantia constitucional para camuflar crimes e proteger criminosos acaba quando a sociedade se torna vítima de malfeitos. Além disso, o sigilo foi quebrado pela Policia Federal e por isso que o jornalista Policarpo Jr, da revista “Veja”, a revista porcaria, o verdadeiro jornalismo de esgoto, foi gravado mais de 200 vezes. Tais gravações são de conhecimento público, e o que é público se torna notório. Então, cara-pálida, por que os jornalistas e os patrões envolvidos com “supostos” crimes não podem ser convocados para depor na CPI das Mídias? Com a palavra, a sociedade brasileira. É isso aí.

Em tempo: Rupert Murdoch, poderoso empresário midiático, proprietário da Fox e do extinto jornal “News of the World”, foi obrigado a depor no parlamento inglês esta semana. Se um patrão desse fosse chamado a depor na Venezuela de Hugo Chavez, a imprensa ficaria histérica e falaria grosso durante quinhentos dias. Como é na Inglaterra, a imprensa nativa e colonizada se cala e não critica o parlamento inglês. Imprensa colonizada é outra coisa, não é? É o tal do complexo de vira-lata, que eles não tem vergonha, e, sim, orgulho submisso. A imprensa não pode controlar a CPI e jamais pautar o Brasil

3 comentários:

Anônimo disse...

Acontece que o Brasil não é Inglaterra e se não todos quase todos tem rabo preso uns com os outros. Por isso vocês querem calabresa ou mozzarella.

Fernanda disse...

Espero que a Dilma não se intimide, né?

Qual retaliação eles podem fazer?.
A Dilma não pode ceder a pressões.

Anônimo disse...

Infelizmente, acredito que não vai dar em nada. Eu estou desacreditado.
Os brasileiros levam tudo na brincadeira, inclusive elegendo Tiririca para deputado. Não me admiro que em um dia bem próximo passarei em um viaduto e lerei: Esta é mais uma realização de Carlinhos Cachoeira.